quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Portugal: O CASO DO HOMEM QUE QUERIA AGREDIR MIGUEL RELVAS

 


Daniel Oliveira – Expresso, opinião, em Blogues
 
Afinal o homem que foi à Horta para agredir o Miguel Relvas é o jornalista Nuno Ferreira, que trabalhou para o "Expresso e para o "Público" e que muitos camaradas seus conhecem e apreciam (a insuspeita Ana Sousa Dias, no seu facebook, classifica como "um grande repórter e ótimo companheiro de trabalho"). Afinal, segundo a versão de Nuno Ferreira, a sua ida à Horta não se terá devido a Relvas mas corresponde a um projeto que está a desenvolver: "Açores a Pé Pelas Nove Ilhas". Afinal não se terá instalado propositadamente num quarto próximo de Relvas, até porque deu entrada naquele hotel antes do ministro. Afinal não terá tentado agredir ninguém. Apenas terá dito, no hall de entrado do hotel onde estavam os dois instalados, "você não tem vergonha na cara de andar por ai depois de tudo o que tem feito?" O seu crime terá sido protestar, pacificamente, com um cartaz, em frente à Assembleia Legislativa. "Bem-vindo excelentíssimo sr. dr. Miguel Relvas, Angola gosta do senhor doutor". E, depois de o fazer, terá sido detido quando se dirigia para o seu quarto, no hotel.
 
Já nem choca a mentira que as forças de segurança fizeram circular sobre o jornalista para justificar a sua própria arbitrariedade ou incompetência. O que nos deve preocupar é a repetição de episódios deste género - lembram-se da identificação de um estudante que protestou, dentro das instalações da sua faculdade, contra Passos Coelho, e a agressão a um jornalista da TVI? Acossado e sem se poder deslocar a lado nenhum sem ter de ouvir os protestos dos portugueses, com ministros que, só pela sua presença no Executivo, insultam a dignidade da República, o governo parece apostado em criminalizar a contestação.
 
Mas, acima de tudo, choca como a comunicação social terá sido tão lesta a comprar a versão dos seguranças do Miguel Relvas, quando ela ainda nem podia ser confirmada pelo principal envolvido. Não posso garantir com toda a certeza que o jornalista Nuno Ferreira esteja a contar a verdade. Mas entre ele e os capangas de Relvas não me é difícil escolher quem tenha mais credibilidade. A ver se nos entendemos: este governo, como outros que o antecederam, tem uma relação complicada com a verdade. Seria melhor a comunicação social não comprar as suas versões sem tratar de garantir antecipadamente o contraditório. Até porque, diz-se, é essa a sua obrigação.
 
Relacionado em Página Global
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana