quinta-feira, 8 de novembro de 2012

JORNALISTA QUE INVADIU QUARTO DE RELVAS INTERROMPEU-LHE O ESTUDO?

 


Tiago Mesquita – Expresso, opinião, em Blogues
 
Já não bastava os impropérios com que o senhor ministro é brindado a cada passo que dá (até "estudante" já lhe chamaram, veja-se bem), os 'mimos' a que se sujeita em cada deslocação que faz e os olhares de desdém e desprezo de alguns colegas em plena AR (inveja por não terem a carreira académica brilhante e a categoria que o ministro tem, certamente), tem agora o senhor ministro ainda que levar com jornalistas a interromperem-lhe a sesta ou pior - o estudo (provavelmente a preparar a licenciatura em Refundações). A confirmar-se a interrupção abrupta do momento de profunda sapiência do senhor ministro, acho muito bem que se puna severamente o jornalista Nuno Ferreira, pois prejudicou desde logo a aprendizagem do senhor ministro e a longo prazo todos nós, que dependemos da sua profunda mestria, e muito provavelmente o futuro da nação como a conhecemos.
 
Podia ser maldoso e dizer que era bem feito. Justiça divina. Afinal de contas se o senhor ministro é useiro e vezeiro em interromper o trabalho dos jornalistas e chefes de redação de jornais quando estes estão tranquilamente a exercer a sua função, tudo sem se mostrar muito preocupado, não me parece de todo descabido que estes também possam agora também entrar-lhe pelo quarto do hotel sem pedir licença. Nem que seja para lhe dizer que o pequeno almoço é servido no piso 0, na sala "Al Capone", das 8:00 às 10:00, ou que ao serão vai haver uma atuação da Tuna e Grupo Folclórico Juvenil dos Flamengos, seguido de chouriça assada, caldo verde e broa.
 
Ao que parece, horas antes de ter ido bater à porta do quarto do ministro para pedir explicações de não se sabe bem o quê (são tantas as valências e capacidades do ministro que é quase como acertar no euromilhões adivinhar) o jornalista Nuno Ferreira terá abordado o ministro num restaurante da cidade da Horta saindo-se com um: "você não tem vergonha na cara de andar por ai depois de tudo o que tem feito?". Uma pergunta à qual Miguel Relvas respondeu: "Não te conheço de lado nenhum".
 
Ou seja, mesmo não fazendo a menor ideia de qual possa vir a ser o desenlace desta história, pelo menos uma certeza ficamos a ter: desde que o senhor ministro não conheça a pessoa ou pessoas que o abordam, como parece ter sido o caso, pois afirmou peremptoriamente que não conhecia o jornalista Nuno Ferreira de "lado nenhum", não se sente na obrigação de ter vergonha na cara. E isso ajuda a explicar muita coisa, como esta afirmação que ontem teve o desplante de proferir à saída da conferência "Os Media e o Futuro", promovida pelo Expresso e Sic Notícias: "uma comunicação social enfraquecida é uma ameaça à cidadania". Mais palavras para quê? É isto que nos governa.
 

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