sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Cabo Verde: JOSÉ MARIA NEVES ATACA DE NOVO O PRESIDENTE DA REPÚBLICA




Liberal (cv)

Chefe do governo nunca perde uma oportunidade 

O Primeiro-ministro anda incomodado com o prestígio de Jorge Carlos Fonseca e, mais uma vez, desta feita a propósito do CAN’2013, fugiu-lhe a boca para o acinte, meteu os pés pelas mãos e expôs uma triste realidade: o governo de Cabo Verde demite-se das suas responsabilidades

Praia, 18 janeiro 2013 – No que respeita à participação de Cabo Verde no CAN’2013, José Maria Neves parece não ter percebido que não se trata de uma mera questão de futebol, “nem a Federação pode ser equiparada a uma associação comunitária ou a um clube de bairro. Com a participação na copa africana é a imagem de um país que está em questão”, disse ao Liberal uma fonte da Federação Caboverdiana de Futebol, que pediu o anonimato.

A questão suscitada pela nossa fonte reside nas declarações proferidas ontem pelo Primeiro-ministro, que não se inibiu de endereçar “bicadas” aos dirigentes federativos e ao Presidente da República, acusando os primeiros de “amadorismo” e o segundo de se intrometer em coisas que não devia.

“É evidente que o Primeiro-ministro perdeu o pé e procura descartar responsabilidades do governo na gestão do dossiê CAN’2013”, disse a nossa fonte, comentando as declarações de JMN de que “as coisas deveriam ter sido feitas a tempo”. “Como assim?! – interroga-se o nosso interlocutor – O que sabemos é que todas as seleções envolvidas no CAN receberam, desde a primeira hora, o apoio dos seus governos, com os ministros do Desporto a supervisionarem a agenda de participação”, e vai buscar o caso, por exemplo, da próxima copa do mundo, em que o ministro brasileiro do Desporto dirige pessoalmente todos os aspetos relacionados com o evento. “Os brasileiros percebem que, para além do futebol, o que está em jogo é o prestígio do país, e isso manifesta-se não só na organização do mundial como na participação do Brasil em provas internacionais, o que infelizmente não acontece com o nosso governo e com esta ministra do Desporto”, diz a fonte por nós contactada.

PELA BOCA MORRE O PEIXE

“Deveríamos ter tido todos os esclarecimentos”, alegou José Maria Neves, o que provocou a incredulidade do nosso interlocutor. “O governo teve todos os esclarecimentos e a ministra conhece por dentro todo o dossiê”, refere, achando “extraordinário” que o Primeiro-ministro fale em amadorismo. “Fizemos tudo o que está ao nosso alcance e gostaríamos que o governo, como fez o Presidente da República, usasse da sua influência para abrir algumas portas”.

O governo, segundo o Primeiro-ministro (uma informação confirmada pela nossa fonte), disponibilizou 12 mil contos para a deslocação à África do Sul e, anteriormente, avançou com uma verba de 23 mil contos para a preparação do jogo com os Camarões, em Outubro de 2012, que apurou a nossa seleção para a final do Campeonato Africano das Nações.

Parece que pela boca morre o peixe… Por um lado, José Maria Neves diz que foi o “amadorismo” da FCF que não conseguiu apoios e diz que o governo não tem nada com isso; mas, por outro, confessa ter entregado à federação 35 mil contos. Para quem diz não ter nada a ver com isso é uma verba bem elevada.

ATAQUE AO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

E, como vem sendo hábito, José Maria Neves aproveitou o encontro com jornalistas para atacar o Presidente da República, já que nos seus encontros semanais com o Chefe de Estado lhe parece faltar inspiração para o acinte. Em causa está a compra dos direitos de transmissão do CAN’2013 e a disponibilidade de Jorge Carlos Fonseca para mediar as negociações entre a TCV e a empresa de media concessionária dos direitos de transmissão.

De novo, o Primeiro-ministro criticou o “amadorismo com que algumas questões são tratadas no país”, o que foi entendido como uma “bicada” à participação do Presidente da República no processo (a convite da TCV) e na sensibilização do meio empresarial cabo-verdiano para o apoio aos Tubarões Azuis, que, neste último caso, parece estar a surtir efeito. Mais uma vez, é a nossa fonte que afirma: “deveria ter sido Fernanda Marques a tomar a iniciativa, mas preferiu demitir-se das suas responsabilidades, ao contrário do Presidente que usou da sua influência para convencer os empresários”, referiu.

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