sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Seguro quer saber que fará o governo com 4 mil milhões adicionais, PM acusa-o de demagogia




Jornal i - Lusa

O secretário-geral do PS protestou hoje por o primeiro-ministro nada ter esclarecido como Portugal utilizará quatro mil milhões adicionais por via do memorando e Passos acusou Seguro de "demagogia barata".

"Ficámos a saber que Portugal vai beneficiar de mais dinheiro, cerca de quatro mil milhões de euros, e eu quero saber como vai esses quatro mil milhões de euros", referiu António José Seguro no seu debate com o primeiro-ministro na Assembleia da República.

Seguro confrontou também o primeiro-ministro com o facto de o Banco de Portugal ter previsto para 2013 uma contração da economia de quase o dobro superior às estimativas do Governo.

No entanto, Pedro Passos Coelho não se referiu nas suas respostas a estes dois pontos, suplemento de quatro mil milhões de euros e previsões do Banco de Portugal, o que motivou um protesto do secretário-geral do PS: "Ficou claro que o senhor não tem resposta para as suas perguntas que lhe dirigi".

Na sua intervenção, além de ter apresentado gráficos sobre a trajetória descendente das exportações nacionais, o secretário-geral do PS também atacou politicamente as opções do Governo, dizendo que o primeiro-ministro tinha como objetivo cimeiro o regresso aos mercados, em vez de colocar como prioridade o combate "à chaga do desemprego".

Neste ponto, Pedro Passos Coelho deu uma resposta dura a António José Seguro.

"Não faço a demagogia que faz e digo que o objetivo para vencer a crise é fechar o memorando e não ter mais nenhum resgate. Para não ter mais nenhum resgate, temos de possuir financiamento em mercado, porque se não tiver financiamento em mercado também não tenho condições para crescer e criar emprego em Portugal", contrapôs, antes de dirigir palavras violentas contra o líder socialista.

"Se o senhor deputado [Seguro] percebe que é assim, porque faz essa demagogia barata de chorar aqui por causa do desemprego, quando não dá um único positivo para explicar como pode Portugal vencer a crise e resolver o problema do desemprego. 

António José Seguro respondeu depois no mesmo tom: "Demagogia, impreparação, irresponsabilidade e incompetência pertencem ao senhor [primeiro-ministro], porque prometeu não cortar salários, nem despedir pessoas, mas falou à verdade, o que significa que está romper o contrato de confiança com os portugueses", contrapôs.

Seguro observou ainda que Passos não foi colocado nas funções de primeiro-ministro "por decreto real, mas pelos portugueses".

"O senhor não tem mandato nem legitimidade política para aplicar as propostas que constam do relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI)", insistiu o líder socialista.

O secretário-geral manifestou-se depois disponível para debater a reforma do Estado - "convido-o já para amanhã" -, mas não o corte de quatro mil milhões de euros" e acusou o primeiro-ministro de ter "destruído o consenso social", inclusivamente "atacando o Presidente da República".

Numa nota de consenso, António José Seguro sustentou que o PS nunca fará disputa política em torno do regresso aos mercados, "porque esse é um objetivo nacional".

Pedro Passos Coelho referiu-se depois a esta ideia, dando uma sugestão a Seguro: "Se está genuinamente tão preocupado com esse objetivo nacional de regresso ao mercado, então precisamos de mostrar que em Portugal se cumpre o memorando que os senhores também assinaram".

"Mas sobre isso o PS não podia ser mais equívoco. Portanto, se quer ajudar a um bem-sucedido regresso aos mercados, comece por favor por dizer que o PS, em vez de fazer o que faz, está disponível para se rever em tudo o quer representa o cumprimento do memorando", acentuou o primeiro-ministro.

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