Jornal i - Lusa
O primeiro-ministro
britânico, David Cameron, vai anunciar hoje a organização de um referendo sobre
a manutenção do Reino Unido na União Europeia (UE), entre 2015 e 2017, noticia
a agência AFP.
Este discurso
esteve previsto para a última sexta-feira em Amesterdão, mas foi reprogramado
para as 08:00 de hoje em Londres (mesma hora em Lisboa), devido à crise na
Argélia.
Durante a sua
intervenção, o chefe dos conservadores britânicos vai assegurar que prefere que
o país permaneça na UE, mas com duas condições, a saber, a reforma da União e a
renegociação dos seus laços com o Reino Unido.
Cameron quer
inscrever a necessidade de “um novo acordo” com Bruxelas no manifesto eleitoral
dos conservadores para as legislativas de 2015, conforme os extratos do
discurso divulgados hoje.
Em caso de vitória,
que lhe permita um segundo mandato, organiza um referendo durante a primeira
metade da próxima legislatura (2015-2019).
“O interesse
nacional britânico é melhor servido dentro de uma União Europeia flexível,
adaptável e aberta. E uma tal Europa portar-se-á melhor com o Reino Unido no
seu seio”, vai afirmar Cameron, adianta a agência noticiosa.
“Se não
respondermos aos desafios, o perigo é que a Europa fracasse e o Reino Unido se
dirija para a saída”, vai dizer o chefe do Governo britânico, garantindo: “Não
quero que isso aconteça, quero que a Europa seja um sucesso”.
Há muito que os
eurocéticos, particularmente influentes no partido conservador, reclamavam um
referendo face ao que designam por “défice democrático bruxelense””.
Cameron vai
responder-lhes, argumentando que “compreende a sua impaciência”, mas insistindo
na necessidade de dar uma hipótese a uma Europa remodelada.
Os extratos do
discurso, divulgados esta noite, não esclarecem os termos do novo contrato que
Cameron pretende.
Mas no passado, o
primeiro-ministro britânico tem realçado as vantagens económicas do mercado
comum, apesar da crise na Zona Euro, e criticado as evoluções políticas em
matéria de supranacionalidade.
Já reclamou, neste
sentido, a devolução ao Reino Unido das prerrogativas de Bruxelas, em matéria
de emprego, regulamentação social, polícia e justiça.
Também já reivindicou
mais isenções para Londres, a acrescentar às que já conseguiu, como é o caso da
não pertença à Zona Euro.
Ao optar pelo
referendo, Cameron faz orelhas moucas a todos os que, no seu país e no
estrangeiro, o têm alertado para uma deriva centrifuga, casos dos seus
parceiros na UE, reticentes ou hostis a uma Europa ‘a la carte’, do Presidente
Barack Obama, que é favorável à manutenção do Reino Unido na UE, e dos seus
aliados liberais-democratas no Governo de coligação, que são claramente
pró-europeus.
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