quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Cameron vai anunciar referendo sobre manutenção do Reino Unido na UE




Jornal i - Lusa

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, vai anunciar hoje a organização de um referendo sobre a manutenção do Reino Unido na União Europeia (UE), entre 2015 e 2017, noticia a agência AFP.

Este discurso esteve previsto para a última sexta-feira em Amesterdão, mas foi reprogramado para as 08:00 de hoje em Londres (mesma hora em Lisboa), devido à crise na Argélia.

Durante a sua intervenção, o chefe dos conservadores britânicos vai assegurar que prefere que o país permaneça na UE, mas com duas condições, a saber, a reforma da União e a renegociação dos seus laços com o Reino Unido.

Cameron quer inscrever a necessidade de “um novo acordo” com Bruxelas no manifesto eleitoral dos conservadores para as legislativas de 2015, conforme os extratos do discurso divulgados hoje.

Em caso de vitória, que lhe permita um segundo mandato, organiza um referendo durante a primeira metade da próxima legislatura (2015-2019).

“O interesse nacional britânico é melhor servido dentro de uma União Europeia flexível, adaptável e aberta. E uma tal Europa portar-se-á melhor com o Reino Unido no seu seio”, vai afirmar Cameron, adianta a agência noticiosa.

“Se não respondermos aos desafios, o perigo é que a Europa fracasse e o Reino Unido se dirija para a saída”, vai dizer o chefe do Governo britânico, garantindo: “Não quero que isso aconteça, quero que a Europa seja um sucesso”.

Há muito que os eurocéticos, particularmente influentes no partido conservador, reclamavam um referendo face ao que designam por “défice democrático bruxelense””.

Cameron vai responder-lhes, argumentando que “compreende a sua impaciência”, mas insistindo na necessidade de dar uma hipótese a uma Europa remodelada.

Os extratos do discurso, divulgados esta noite, não esclarecem os termos do novo contrato que Cameron pretende.

Mas no passado, o primeiro-ministro britânico tem realçado as vantagens económicas do mercado comum, apesar da crise na Zona Euro, e criticado as evoluções políticas em matéria de supranacionalidade.

Já reclamou, neste sentido, a devolução ao Reino Unido das prerrogativas de Bruxelas, em matéria de emprego, regulamentação social, polícia e justiça.

Também já reivindicou mais isenções para Londres, a acrescentar às que já conseguiu, como é o caso da não pertença à Zona Euro.

Ao optar pelo referendo, Cameron faz orelhas moucas a todos os que, no seu país e no estrangeiro, o têm alertado para uma deriva centrifuga, casos dos seus parceiros na UE, reticentes ou hostis a uma Europa ‘a la carte’, do Presidente Barack Obama, que é favorável à manutenção do Reino Unido na UE, e dos seus aliados liberais-democratas no Governo de coligação, que são claramente pró-europeus.

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