quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Secretário da CPLP assume vistos como prioridade para melhorar relações empresariais




FPA – VM - Lusa

Lisboa, 23 jan (Lusa) - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) assumiu hoje a facilitação de vistos como a sua prioridade para promover as relações empresariais entre os oito Estados-membros da comunidade lusófona.

"Para que a parte empresarial possa funcionar, é preciso que a questão [dos vistos] esteja resolvida (...) Que as pessoas possam circular livremente na CPLP", disse Isaac Murade Murargy à margem da conferência "Fazer negócios na CPLP", que decorreu em Lisboa.

Em funções desde setembro, o secretário executivo da comunidade lusófona prometeu "dar grande prioridade" à vertente empresarial, que considerou "o quarto pilar da cooperação na CPLP".

Confrontado com queixas de que os negócios entre os países da CPLP continua incipiente - as trocas comerciais entre os oito representa apenas 3% do total das exportações dos Estados-membros - Murargy lembrou que a organização só tem 16 anos.

"Roma e Pavia não se fizeram num dia, é preciso ir devagarinho e vamos chegar lá", disse.
Admitindo que a vertente empresarial da CPLP "tem de ser reestruturada", o secretário executivo considerou que a prioridade até agora foi consolidar a concertação político-diplomática, "que é um eixo extremamente importante para toda a cooperação".

"Primeiro era preciso que tivéssemos uma cooperação político-diplomática extremamente forte, sólida. (...) Isso está praticamente assente, agora vamos atacar outras questões", disse o responsável, considerando que é preciso "criar um ambiente de negócios global", que tem como condição a mobilidade dos cidadãos.

Assumindo a questão da mobilidade como a prioridade, lembrou os protocolos bilaterais já assinados entre alguns Estados-membros, que identificam vistos seletivos, mas afirmou que assa solução é difícil em países com muitas empresas, como o Brasil.

"Temos de encontrar outra via. Mas ainda não encontrei", admitiu.

Além da mobilidade, Murargy considerou necessário harmonizar as leis do investimento, pelo menos nos aspetos essenciais.

Promovida pela consultora PriceWaterhouseCoopers, a conferência de hoje contou com a participação de José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial Portuguesa, e Francisco Mantero, da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Económico e Cooperação (ELO), que apontaram obstáculos ao desenvolvimento das relações empresariais entre os países da CPLP.

Ainda assim, José Eduardo Carvalho sublinhou que o aumento das exportações - considerado o fator mais positivo da economia portuguesa nos últimos meses - se deveu significativamente às exportações para a CPLP (que aumentaram 25% em 2012), nomeadamente para Angola.

Da CPLP fazem parte Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

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