FPA – VM - Lusa
Lisboa, 23 jan
(Lusa) - O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
(CPLP) assumiu hoje a facilitação de vistos como a sua prioridade para promover
as relações empresariais entre os oito Estados-membros da comunidade lusófona.
"Para que a
parte empresarial possa funcionar, é preciso que a questão [dos vistos] esteja
resolvida (...) Que as pessoas possam circular livremente na CPLP", disse
Isaac Murade Murargy à margem da conferência "Fazer negócios na
CPLP", que decorreu em Lisboa.
Em funções desde
setembro, o secretário executivo da comunidade lusófona prometeu "dar
grande prioridade" à vertente empresarial, que considerou "o quarto
pilar da cooperação na CPLP".
Confrontado com
queixas de que os negócios entre os países da CPLP continua incipiente - as
trocas comerciais entre os oito representa apenas 3% do total das exportações
dos Estados-membros - Murargy lembrou que a organização só tem 16 anos.
"Roma e Pavia
não se fizeram num dia, é preciso ir devagarinho e vamos chegar lá", disse.
Admitindo que a
vertente empresarial da CPLP "tem de ser reestruturada", o secretário
executivo considerou que a prioridade até agora foi consolidar a concertação
político-diplomática, "que é um eixo extremamente importante para toda a
cooperação".
"Primeiro era
preciso que tivéssemos uma cooperação político-diplomática extremamente forte,
sólida. (...) Isso está praticamente assente, agora vamos atacar outras
questões", disse o responsável, considerando que é preciso "criar um
ambiente de negócios global", que tem como condição a mobilidade dos
cidadãos.
Assumindo a questão
da mobilidade como a prioridade, lembrou os protocolos bilaterais já assinados
entre alguns Estados-membros, que identificam vistos seletivos, mas afirmou que
assa solução é difícil em países com muitas empresas, como o Brasil.
"Temos de
encontrar outra via. Mas ainda não encontrei", admitiu.
Além da mobilidade,
Murargy considerou necessário harmonizar as leis do investimento, pelo menos
nos aspetos essenciais.
Promovida pela
consultora PriceWaterhouseCoopers, a conferência de hoje contou com a
participação de José Eduardo Carvalho, presidente da Associação Industrial
Portuguesa, e Francisco Mantero, da Associação Portuguesa para o
Desenvolvimento Económico e Cooperação (ELO), que apontaram obstáculos ao
desenvolvimento das relações empresariais entre os países da CPLP.
Ainda assim, José
Eduardo Carvalho sublinhou que o aumento das exportações - considerado o fator
mais positivo da economia portuguesa nos últimos meses - se deveu
significativamente às exportações para a CPLP (que aumentaram 25% em 2012),
nomeadamente para Angola.
Da CPLP fazem parte
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e
Príncipe e Timor-Leste.
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