Luís Reis Ribeiro –
Dinheiro Vivo, com foto
Primeiro foi o BCE
a avisar, o que levou o Banco de Portugal a agravar recessão para 1,9% este
ano. FMI confirma este cenário: vai ser pior
O Fundo Monetário
Internacional (FMI) acaba da lançar um alerta laranja relativamente à economia
da zona euro e, indiretamente, um aviso sério a Portugal este ano, quando já se
perfila um agravamento da recessão. O Banco de Portugal diz que vai ter o dobro
da violência prevista até agora pelo Governo.
A atualização do
World Economic Outlook (relatório das perspetivas económicas mundiais), que
acaba de ser divulgada, indica que a região da moeda única vai ter uma recessão
de 0,2% este ano, o que coloca uma pressão negativa enorme sobre a recessão
desde já prevista para Portugal este ano.
Espanha, o
principal parceiro comercial e de investimento de Portugal, também sai pior no
retrato: o FMI projeta uma recessão de 1,5%, menos uma décima face a outubro. A
Alemanha, a maior economia do euro, está à beira da estagnação: deve crescer
apenas 0,6% quando antes se apontava para 0,9%. França, o segundo maior
mercado, deverá crescer só 0,3%.
O crescimento
mundial continua a perder gás (cerca de 3,5%, menos uma décima do que há três
meses). A zona euro é a economia avançada mais penalizada nesta revisão; os
Estados Unidos também foram beliscados: crescerão 2%, menos uma décima face à
previsão anterior.
A nota do FMI traz
vários avisos específicos à Europa. "Na área do euro, o regresso da
recuperação depois de uma contração prolongada está adiada". "Os
riscos negativos continuam a ser significativos, incluindo retrocessos
renovados na zona euro e riscos de uma consolidação orçamental de curto prazo
excessiva nos Estados Unidos".
E insiste: "A
zona euro continua a colocar riscos negativos grandes para as perspetivas
globais. Em particular, os riscos de estagnação prolongada na zona euro irão
aumentar no conjunto da zona euro se o ritmo das reformas não for
mantido".
E avisa que os mais
ricos devem ajudar os mais pobres, apesar de pugnar por um aprofundamento do
ajustamento. "Os esforços de ajustamento dos países da periferia
[Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha] precisam de ser sustentados e têm de ser
suportados pelos países do centro, incluindo através do desenvolvimento
completo dos mecanismos de proteção europeus, a utilização da flexibilidade
oferecida pelo Compacto Orçamental [Fiscal Compact] e novos passos na direção
de uma união bancária completa e de uma
maior integração orçamental".
No passado dia 15,
o Banco de Portugal apresentou uma previsão de recessão de 1,9% para Portugal
este ano (Governo, Bruxelas e FMI esperam -1%), que justificou com o facto de a
procura interna dever evoluir pior do que esperado por causa do processo de
ajustamento e com a forte revisão em baixa do ritmo de atividade da zona euro
feita pelo BCE em dezembro.
O BCE previu uma
contração em redor dos 0,3% na zona euro quando antes acreditava num ligeiro
aumento da atividade. O BdP fez a ligação que faltava, integrando nas
suas contas o novo cenário externo.
No boletim de
inverno, reparou que "as atuais hipóteses traduzem uma revisão em baixa
muito significativa do crescimento da procura externa em 2013 (cerca de 2
pontos percentuais) face ao considerado no boletim económico do outono". E
que "a desaceleração em 2013 traduz um forte abrandamento da atividade nas
economias da área do euro, que representam cerca de 2/3 dos mercados de destino
das exportações portuguesas, não obstante a manutenção de um crescimento
robusto nas economias de mercado emergentes", observou o banco governado
por Carlos Costa.
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