terça-feira, 16 de abril de 2013

À MARGEM DAS DÚVIDAS





A troika está de novo em Lisboa. Portugal tem de passar por teste adicional. Em Dublim ficou claro que os verdadeiros bons alunos são os irlandeses; quanto aos portugueses, logo se verá... depois desta prova extra. Do que se trata é de convencer os nossos amigos credores - dos quais todos afirmam querer ver-se livres quanto antes! - do acerto das medidas alternativas para os 1326 milhões de euros, em salários e pensões, que o Governo deixou de estar autorizado para meter ao bolso.

Quanto à orientação global da política orçamental - em Portugal, como na totalidade dos países do euro com défices públicos e dívidas do Estado excessivos -, nada mexe. A prioridade é reduzir desequilíbrios; a via é a da austeridade. Logo, do que se trata aqui é de aquilatar a consistência das medidas permanentes, que deverão constar do Orçamento Retificativo, que há de marcar o ano fiscal de 2013.

Curiosamente, o resto do mundo, em vésperas da reunião primaveril do FMI, vê, com crescente inquietude, a política de ajustamento da Europa. Por duas razões: nem a limpeza dos balanços na banca parece progredir o suficiente para libertar as verbas necessárias à economia europeia, que lhe permitam voltar ao crescimento; nem a receita de mais e mais austeridade está a permitir às contas públicas dos mais endividados atingir as metas estabelecidas - mesmo à custa de recessões que se prolongam por vários anos.

Tudo isto parece ficar à margem das conversas de pé de orelha entre o Governo de Portugal e a troika de credores. Pelo menos em Lisboa mantém-se inabalável a crença de que a viragem da economia se encontra ao virar da esquina no calendário. Vá-se lá compreender por quê...

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