terça-feira, 16 de abril de 2013

JÁ SALAZAR DIZIA QUE EM POLÍTICA O QUE PARECE É




Eduardo Oliveira Silva – Jornal i, opinião

A coligação parece estar a cair aos pedaços e o CDS perdeu peso com as substituições

São tantos os sinais de tensão e desacordo à volta da coligação governativa que não é possível disfarçar o mal-estar entre PSD e CDS e até dentro do próprio PSD, com posições críticas assumidas por figuras do partido. Se no PSD nenhum dos protagonistas tem vontade de gerar uma crise política, ou condições para o fazer, já no CDS a situação é diferente.

No fim-de-semana agravaram-se os sinais de crispação, com mais declarações de Pires de Lima, que insistiu no pedido de uma remodelação profunda, sugerindo agora que a Economia passe a ter a mesma dignidade que as Finanças, ou seja, que fique na alçada de um ministro de Estado. Evidentemente que Vítor Gaspar seria o primeiro a perder poder se a ideia fosse acolhida.

Há uma evidência que a mexida governamental trouxe: o CDS perdeu peso e quer reequilíbrios. Ascenderam a ministros dois militantes do PSD, Marques Guedes e Poiares Maduro, quando só saiu um social-democrata, Miguel Relvas. É consabido que as paridades nas coligações são acordadas ao milímetro. É portanto natural o desconforto do CDS, que se viu ultrapassado por um movimento da iniciativa exclusiva de Passos Coelho, que aparentemente pôs os centristas perante o facto consumado.

Seja por estas seja por outras razões atendíveis do ponto de vista pessoal, o facto é que a isto se soma a circunstância de Paulo Portas ter primado pela ausência na tomada de posse dos ministros e dos secretários de Estado. Os esclarecimentos foram pífios e não convenceram e a cara de Passos Coelho quando foi confrontado com o facto pelos jornalistas diz mais que mil palavras. A degradação da relação pessoal e política entre os líderes da coligação não pode deixar de ser considerada uma realidade geradora de tensões.

A saída de Miguel Relvas gerou, entretanto, a necessidade de os barrosistas passarem a ter um protagonismo maior no quotidiano. No fim--de-semana houve recados na imprensa e ontem pela fresquinha José Luís Arnaut demoliu a conferência de imprensa em que Aguiar-Branco anunciou desajeitadamente e sem diálogo com a oposição e o parlamento uma reestruturação das Forças Armadas que só será concluída depois das próximas legislativas. E assim o ministro rompeu uma praxe da nossa democracia, que Arnaut não deixou passar em claro.

Mais óbvio que isto para sinalizar o mal-estar político só mesmo uma ruptura, que não aconteceu apenas porque ainda há mínimos que os parceiros querem assegurar.

Silva Peneda: um coração do tamanho do país

Silva Peneda foi nomeado por Cavaco Silva para presidir às comemorações do 10 de Junho. Percebe-se. O presidente do CES tem mostrado equilíbrio e bom senso, devendo-se em grande parte a ele que o país ainda não tenha conhecido episódios verbais e sociais mais extremos. Deste homem discreto disse um dia o bispo emérito de Setúbal: “Tem um coração do tamanho de Portugal.” Na altura Peneda era ministro do Emprego e Segurança Social e, em vez de cortar, deu a mão aos desfavorecidos. Não admira por isso que seja apontado como o mais capaz de liderar um governo de salvação nacional se a situação o exigir.

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