terça-feira, 16 de abril de 2013

FMI CONFIRMA RECESSÃO DE 2,3% E DESEMPREGO DE 18,2% EM PORTUGAL




Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo

A recessão deste ano vai ser de 2,3% e o desemprego vai subir até 18,2% da população ativa, refere o Fundo Monetário Internacional (FMI) no seu estudo semestral sobre as perspetivas de crescimento global (World Economic Outlook). O fardo da dívida, que já está nuns insustentáveis 123% do PIB, deve subir ainda mais, avisa a instituição.

Os números hoje divulgados não se desviam um milímetro do cenário avançado por Vítor Gaspar, a 15 de março, na apresentação de resultados da sétima avaliação da troika, isto apesar de o FMI antecipar agora uma recessão ainda pior da economia da zona euro, que deve contrair-se 0,3%, valor que fica assim em linha com a projeção da Comissão Europeia, de fevereiro.

A degradação da economia do euro tem sido o principal argumento das autoridades nacionais (Governo, Banco de Portugal) para justificar as recentes revisões em baixa das perspetivas para a atividade económica.

Sem nunca se debruçar sobre a situação concreta de Portugal, o FMI, que é um dos elementos da troika, diz que "no curto prazo, as condições na periferia [Portugal, Grécia, Irlanda, Espanha] vão permanecer apertadas: os fardos da dívida deverão aumentar mais; os bancos vão continuar a enfrentar pressões de desalavancagem, custos de financiamento elevados, deterioração da qualidade dos ativos e lucros fracos".

Assim, "em virtude dos impostos elevados, condições apertadas de crédito e procura doméstica fraca, o investimento deverá falhar a sua retoma e o crescimento desapontar". Assim, a estratégia seguida, que toda a troika defende, pode levar a uma nova derrota nas economias periféricas, embora o FMI não proponha qualquer alternativa: Se o crescimento desiludir, "as receitas orçamentais podem ficar aquém do esperado e poderá não ser possível aliviar a consolidação orçamental como se projeta".

Por outro lado, o FMI refere que os riscos descendentes para o crescimento da zona euro são "predominantes" e que podem piorar "por causa da fadiga do ajustamento ou de uma perda mais geral de energia nas reformas".

Relativamente à balança corrente (balança comercial e de transferências correntes), em relação à qual o Governo tem elogiado repetidas vezes o facto de esta estar a caminho de um excedente pela primeira vez em muitas décadas, o FMI põe água na fervura.

Este ano pode registar um saldo positivo de 0,1% do PIB, mas em 2014 voltará a ser negativa (-0,1%), o que significa que a mudança de perfil de que se vangloria o Governo pode nem ser sustentável. O Ministério das Finanças está à espera de um défice de 0,3% este ano e um excedente de 0,4% no próximo.

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