segunda-feira, 1 de abril de 2013

Angola: GOVERNO LEVANTA SUSPENSÃO DE ATIVIDADES À IURD




Jornal de Angola

O Executivo angolano decidiu levantar a suspensão imposta à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), devido aos incidentes ocorridos durante um culto religioso no dia 31 de Dezembro de 2012, na Cidadela Desportiva, de que resultaram na morte de 13 pessoas.

Os Órgãos Auxiliares do Presidente da República anunciaram o levantamento da suspensão de toda actividade religiosa da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) decidida após um acidente num culto, na Cidadela Desportiva, em que morreram 13 pessoas.

Um comunicado dos Órgãos Auxiliares do Presidente da República salienta que, “não obstante o levantamento da interdição, a IURD continua sujeita a fiscalização permanente da Procuradoria-Geral da República (PGR) e dos Ministérios do Interior, da Justiça e Direitos Humanos e da Cultura”.


A fiscalização da Procuradoria-Geral da República, dos Ministérios do Interior, da Justiça e Direitos Humanos e da Cultura destina-se a fazer que a IURD cumpra, “nos prazos determinados, as recomendações” da Comissão Interministerial de Peritos – criada após o acidente em 31 de Dezembro, na Cidadela Desportiva –, que visitou “os grandes templos” daquela instituição religiosa para verificar se reuniam “as condições técnicas e de segurança” para acolher “um número considerável de crentes”.

As autoridades, após aquele acidente na Cidadela Desportiva, suspenderam não apenas as actividades da IURD, como de seis Igrejas não legalizadas.

A decisão surgiu após a investigação da Comissão Interministerial de Inquérito criada pelo Presidente da República sobre as mortes por asfixia e esmagamento durante o culto de 31 de Dezembro, na Cidadela.

O culto reuniu milhares de pessoas que ultrapassaram a lotação autorizada, situação que pode ter sido causada pela propaganda espalhada dias antes por Luanda pela IURD. Os panfletos, que tinham o título “Dia do Fim”, convidavam as pessoas a comparecerem na Cidadela para “darem um fim” a todos os problemas de doenças, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, familiares, de separação e de dívidas.

A Comissão de Inquérito entendeu que esta publicidade criou em muitas pessoas a enorme expectativa de verem resolvidos os problemas que tinham. A Comissão de Inquérito também concluiu que, face à legislação em vigor, a forma de publicitar a iniciativa da IURD foi “criminosa e enganosa”.

Encerramento definitivo

A IURD se não respeitar as recomendações técnicas da comissão de peritos, alerta o comunicado, pode, nos termos da lei, ser encerrada em Angola.

O documento também avisa que Executivo decidiu manter a interdição de qualquer actividade religiosa em Angola das denominações que não gozam de personalidade jurídica por falta do reconhecimento oficial do Estado.

Interdição a Igreja Mundial

No conjunto das igrejas interditadas estão as Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém, que têm de “aguardar pelo fim dos trabalhos da Comissão Interministerial de Peritos para o tratamento e estudo do fenómeno religioso na sua generalidade”.

Sobre a tragédia de 31 de Dezembro de 2012, na Cidadela Desportiva, os Órgãos Auxiliares do Presidente da República anunciam, no documento, que a PGR prossegue a instrução do processo-crime para apurar “responsabilidades em conformidade com o Direito Penal”.

“A instrução do processo-crime obedece aos prazos previstos no Código de Processo Penal e que podem correr para além dos 60 dias da suspensão, não só pela complexidade da matéria a investigar, como pelo grande número de intervenientes a serem ouvidos no processo a fim de se obter uma adequada instrução preparatória”, sublinha o comunicado.

O documento refere também que o Executivo decidiu que “a PGR continue com os trabalhos de instrução e investigação para se apurarem, com a máxima celeridade processual possível, as responsabilidades nos termos da legislação em vigor”. 

Recentemente no Namibe, o secretário do Presidente da República para os Assuntos Sociais e Religiosos, Simão Helena, manifestou-se ontem preocupado com a multiplicação de seitas que exercem actividade religiosa ilegal no país.

Ao intervir na conferência religiosa sob o lema “Reflexão sobre a situação actual da Igreja em Angola”, que a Comissão das Igrejas para Eventos não Ecuménicos realiza desde ontem na cidade do Lubango, Simão Helena revelou que das 900 igrejas instaladas no país, apenas 83 estão legalizadas e reconhecidas.

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