António Veríssimo
O colunista do Diário
de Notícias, Pedro Tadeu, aborda a nova repressão que está a recair sobre os
portugueses e limita a liberdade de expressão (publicado em baixo). Parece
querer rejeitar que está a ser instalada uma mentalidade nas polícias, usos e
costumes de uma nova PIDE (adaptada a este século). Espera ele, o colunista,
não estar a ser totó ao acreditar que tal não será possível e que aquilo que
agora está a acontecer - a dita repressão à liberdade de expressão e “procedimentos
legais pidescos” – sejam meros incidentes que não adquiram raízes. Diz ele na
sua opinião que se recusa a “tirar consequências, pois não quero acreditar no
que aqui fica indiciado. Afinal, tenho esperança em nós próprios... Espero não
estar a ser mais um totó.”
Pois se nada fizer
para reverter a situação está mesmo a ser totó. Não está só. Infelizmente somos
milhões os que estamos a ser totós. É que parece que as verdades já não se
podem dizer. Verdade é que Cavaco Silva tem tido atitudes e tomado decisões que politicamente não são menos que grandes palhaçadas. Tem comentários que são
verdadeiras palhaçadas. Desde referência a santidades, vacas que riem,
calinadas na língua portuguesa, choramiguisses pelo corte das suas reformas
douradas, etc, etc. E estes exemplos são os menores. Mais grave é ele falar de
equidade quando é a cara da iniquidade, da desigualdade. Mais grave é não se
vislumbrar que seja o defensor dos preceitos constitucionais como devia. Mais
grave é ser um autêntico mordomo do governo em vez de corporizar de facto o
moderador e árbitro. Mais grave é manter a paranóia dos “tabus” e não falar aos
portugueses como o PR de todos e não só de uns quantos. E há mais, que vêm
sendo referenciados na comunicação social. Este PR, no mínimo é ridículo quando em Portugal nada diz e vai à UE dizer “fora o FMI”.
Decerto que por
isso lhe chamamos palhaço e outros epítetos bem mais “pesados”. Decerto que foi
tudo isso o que moveu Miguel Sousa Tavares ao – como ele disse – ir “atrás da
pergunta” na entrevista ao Jornal i e o apontou como palhaço. E é. É porque
este seu último mandato como PR tem sido uma verdadeira palhaçada. Cavaco não
tem trabalhado em prol dos reais interesses de Portugal e dos portugueses, de
todos os portugueses. É assim que muitos de nós interpretamos e constatamos.
Decerto que foi o que moveu também o português pacato que foi preso em Elvas porque
disse “Vai trabalhar, mas é”. Presume-se facilmente que mandou Cavaco trabalhar
em prol de Portugal e dos portugueses e não como ele está a fazer – que é
interpretado exatamente ao contrário e redunda em prejuízo, em miséria, para a
maioria.
Para agravar a
situação o governo e Cavaco demonstram estar em uníssono na descabelada repressão
à liberdade de expressão, quando afinal os pronunciamentos que poderiam ser
considerados ofensivos são devidos a análises e opiniões de índole política e não
de índole da vida privada. Costuma-se dizer que quem anda à chuva molha-se. Pois
também quem anda na política está habilitado e ouvir umas quantas “bocas” dos
que estão em desacordo e reprovam determinadas decisões e comportamentos. Cavaco
não é mais nem menos que qualquer outro político, contrariamente ao que ele
indicia considerar. Está provado que Cavaco não é super. Ele é – grosso modo – um funcionário eleito de
todos os portugueses que lhe pagam para desempenhar (bem) a sua função. Se existe
quem não concorde com o que ele faz e/ou não faz mas consideram que devia
fazer, é naturalíssimo que se expressem politicamente a reprová-lo e até a dar “bocas”
que popularmente são comuns. O mal é o sujeito julgar-se super. Sintomatologia
narcisista vem denunciando-o há décadas. Ele é mais honesto que todos os
outros. Será? Ele sabe mais que todos os outros. Saberá? Ele acha-se o maior e
incha como o sapo da fábula de La Fontaine. Se continuar assim, como o
sapo, um dia ainda o vimos estourar de tanta presunção e água-benta.
São exatamente
aquelas personalidades doentias – e não digam que não notam isso em Cavaco –
que são perigosas para a democracia e até se revelam ditadores, se os
deixarmos. Passos Coelho não é melhor. Presunção e água-benta também não lhe
falta. A sua arrogância e autoritarismo mal disfarçados têm sido evidentes. Olha
que dois em uníssono – antes secretamente como sempre o afirmei, agora já
evidente. Daí à tentativa da instalação de uma nova PIDE (condicente com as
exigências da atualidade) vai um curto passo. Para se consolidar a valer basta
sermos totós e consentirmos. E é agora, já, que temos de provar que não
consentimos. É agora, já, que temos de deixar de ser totós.
Para a nova PIDE alguns
da PSP servem? Tudo evidencia que sim. Querem ver que ainda se vai repetir nova
caça aos PIDES como em 1974/75? Nunca se diga que “desta água não beberei”.
Nunca se diga que Cavaco não tem demonstrado sentir-se muito mal na democracia. Porque
o elegeram… Que não para este tão mau desempenho... Coisas do povo que adora escutar loas apesar de pressentir que está
a ser enganado. Somos totós, pois. Até quando?
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