terça-feira, 25 de junho de 2013

CAVACO E GOVERNO ESTÃO A INSTALAR A REPRESSÃO E NOVA PIDE – A PSP SERVE?



António Veríssimo

O colunista do Diário de Notícias, Pedro Tadeu, aborda a nova repressão que está a recair sobre os portugueses e limita a liberdade de expressão (publicado em baixo). Parece querer rejeitar que está a ser instalada uma mentalidade nas polícias, usos e costumes de uma nova PIDE (adaptada a este século). Espera ele, o colunista, não estar a ser totó ao acreditar que tal não será possível e que aquilo que agora está a acontecer - a dita repressão à liberdade de expressão e “procedimentos legais pidescos” – sejam meros incidentes que não adquiram raízes. Diz ele na sua opinião que se recusa a “tirar consequências, pois não quero acreditar no que aqui fica indiciado. Afinal, tenho esperança em nós próprios... Espero não estar a ser mais um totó.”

Pois se nada fizer para reverter a situação está mesmo a ser totó. Não está só. Infelizmente somos milhões os que estamos a ser totós. É que parece que as verdades já não se podem dizer. Verdade é que Cavaco Silva tem tido atitudes e tomado decisões que politicamente não são menos que grandes palhaçadas. Tem comentários que são verdadeiras palhaçadas. Desde referência a santidades, vacas que riem, calinadas na língua portuguesa, choramiguisses pelo corte das suas reformas douradas, etc, etc. E estes exemplos são os menores. Mais grave é ele falar de equidade quando é a cara da iniquidade, da desigualdade. Mais grave é não se vislumbrar que seja o defensor dos preceitos constitucionais como devia. Mais grave é ser um autêntico mordomo do governo em vez de corporizar de facto o moderador e árbitro. Mais grave é manter a paranóia dos “tabus” e não falar aos portugueses como o PR de todos e não só de uns quantos. E há mais, que vêm sendo referenciados na comunicação social. Este PR, no mínimo  é ridículo quando em Portugal nada diz e vai à UE dizer “fora o FMI”.

Decerto que por isso lhe chamamos palhaço e outros epítetos bem mais “pesados”. Decerto que foi tudo isso o que moveu Miguel Sousa Tavares ao – como ele disse – ir “atrás da pergunta” na entrevista ao Jornal i e o apontou como palhaço. E é. É porque este seu último mandato como PR tem sido uma verdadeira palhaçada. Cavaco não tem trabalhado em prol dos reais interesses de Portugal e dos portugueses, de todos os portugueses. É assim que muitos de nós interpretamos e constatamos. Decerto que foi o que moveu também o português pacato que foi preso em Elvas porque disse “Vai trabalhar, mas é”. Presume-se facilmente que mandou Cavaco trabalhar em prol de Portugal e dos portugueses e não como ele está a fazer – que é interpretado exatamente ao contrário e redunda em prejuízo, em miséria, para a maioria.

Para agravar a situação o governo e Cavaco demonstram estar em uníssono na descabelada repressão à liberdade de expressão, quando afinal os pronunciamentos que poderiam ser considerados ofensivos são devidos a análises e opiniões de índole política e não de índole da vida privada. Costuma-se dizer que quem anda à chuva molha-se. Pois também quem anda na política está habilitado e ouvir umas quantas “bocas” dos que estão em desacordo e reprovam determinadas decisões e comportamentos. Cavaco não é mais nem menos que qualquer outro político, contrariamente ao que ele indicia considerar. Está provado que Cavaco não é super. Ele é – grosso modo – um funcionário eleito de todos os portugueses que lhe pagam para desempenhar (bem) a sua função. Se existe quem não concorde com o que ele faz e/ou não faz mas consideram que devia fazer, é naturalíssimo que se expressem politicamente a reprová-lo e até a dar “bocas” que popularmente são comuns. O mal é o sujeito julgar-se super. Sintomatologia narcisista vem denunciando-o há décadas. Ele é mais honesto que todos os outros. Será? Ele sabe mais que todos os outros. Saberá? Ele acha-se o maior e incha como o sapo da fábula de La Fontaine. Se continuar assim, como o sapo, um dia ainda o vimos estourar de tanta presunção e água-benta.

São exatamente aquelas personalidades doentias – e não digam que não notam isso em Cavaco – que são perigosas para a democracia e até se revelam ditadores, se os deixarmos. Passos Coelho não é melhor. Presunção e água-benta também não lhe falta. A sua arrogância e autoritarismo mal disfarçados têm sido evidentes. Olha que dois em uníssono – antes secretamente como sempre o afirmei, agora já evidente. Daí à tentativa da instalação de uma nova PIDE (condicente com as exigências da atualidade) vai um curto passo. Para se consolidar a valer basta sermos totós e consentirmos. E é agora, já, que temos de provar que não consentimos. É agora, já, que temos de deixar de ser totós. 

Para a nova PIDE alguns da PSP servem? Tudo evidencia que sim. Querem ver que ainda se vai repetir nova caça aos PIDES como em 1974/75? Nunca se diga que “desta água não beberei”. Nunca se diga que Cavaco não tem demonstrado sentir-se muito mal na democracia. Porque o elegeram… Que não para este tão mau desempenho... Coisas do povo que adora escutar loas apesar de pressentir que está a ser enganado. Somos totós, pois. Até quando?

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