terça-feira, 25 de junho de 2013

Portugal: O PRESIDENTE E O SEU GOVERNO




Luís Menezes Leitão – Jornal i, opinião

O dia 6 de Abril de 2013 ficará na história do actual regime português. Nesse dia, depois da decisão do Tribunal Constitucional sobre o corte dos subsídios, Passos Coelho e Vítor Gaspar foram a Belém, com a corda ao pescoço, e colocaram o governo nas mãos do Presidente. Desde então, Cavaco mantém um alinhamento total com o governo, executando tudo o que lhe é solicitado por este. Se o governo manda não pagar o subsídio de férias, contra a lei em vigor, o Presidente promulga em tempo recorde um diploma a legitimar essa decisão. Chegámos ao ponto de o governo ir pedir ao Presidente que solicite ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva dos diplomas que vai elaborar. Os poderes presidenciais passaram assim a ser exercidos a pedido do governo.

Este alinhamento total do Presidente com o governo não é saudável para o regime democrático. Desta forma o Presidente perde qualquer ponte que pudesse estabelecer com a oposição e deixa de ter condições para arranjar qualquer outra solução de governo. Quando decidiu alinhar totalmente com o actual governo, o Presidente ligou o seu destino a este. No dia em que este governo cair, mais vale que o Presidente também se vá embora, já que será sempre visto como um opositor pelo novo governo. Cavaco Silva comete assim um erro colossal com este seu alinhamento. O país precisa de um Presidente que seja moderador e árbitro, não um executor das medidas do governo.

Professor da Faculdade de Direito de Lisboa - Escreve à terça-feira

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