quarta-feira, 7 de agosto de 2013

SNOWDEN VAI TRABALHAR COM PARLAMENTO RUSSO. RECOLHA DE FUNDOS PARA SNOWDEN

 


Snowden é convidado para trabalhar em parceria com o parlamento russo
 
Sandro Fernandes, correspondente da RFI em Moscou
 
A câmara alta do Parlamento russo anunciou na terça-feira (6) que pretende convidar Snowden para participar de uma equipe que vai investigar como a privacidade dos cidadãos russos está sendo violada por grandes empresas. Segundo Snowden, que recebeu asilo por um ano na Rússia na semana passada, os dados pessoas dos usuários do Facebook, Yahoo e Google podem ser acessados por terceiros.
 
O senador Ruslan Gattarov, chefe da comissão parlamentar sobre os direitos de privacidade, disse que quer que Snowden ajude a descobrir como acontecem estes vazamentos de dados e assim conseguir proteger informações privadas a nível nacional e internacional. O político russo deixou claro que a comissão não tem nenhum interessse nas relações entre os governos nem na questão das agências de segurança, reforçando que o foco destas consultas com Snowden seria exclusivamente a respeito da segurança das informações pessoais.
 
Um dos requisitos de Putin para que fosse concedido o asilo ao jovem americano era que ele não revelasse mais informações sigilosas que pudessem prejudicar os Estados Unidos.
 
“Eu não acho que ele vai ter que romper nenhum compromisso para nos dizer o que sabe. O tema é sobre a segurança das informações pessoais e diz respeito a dezenas de milhões de pessoas na Rússia e bilhões em todo o mundo”, explicou Gattarov.
 
A comissão faz parte de uma iniciativa do Governo russo para proteger o espaço virtual do país, considerado uma questão de segurança nacional.
 
A oposição critica a ideia do parlamento russo e acusa o Kremlin de querer usar a desculpa da segurança dos dados pessoais para ter ainda mais controle sobre a internet e sobre a informação que circula na rede.
 
Em junho, o vice-presidente da Duma, Sergei Zheleznyak, pediu “medidas urgentes” para restabelecer o que ele chamou de "soberania digital" da Rússia, logo após as primeiras revelações de Snowden. A ideia é que empresas como Facebook, Apple, Microsoft, Yahoo e Twitter tenham seus servidores com dados pessoais baseados na Rússia como condição para que tenham a autorização para continuar a operar no mercado russo. O governo brasileiro discute a aprovação da mesma medida depois que foi descoberto que os Estados Unidos mantiveram em Brasília uma estação de espionagem com dados coletados de outros países.
 
Senador russo promove angariação de fundos para apoiar Snowden
 
Notícias ao Minuto
 
Um senador russo anunciou hoje que pretende promover uma angariação de fundos na Internet para ajudar o ex-analista informático da NSA Edward Snowden, que obteve no início de agosto asilo temporário na Rússia.
 
Em declarações à agência russa Interfax, o senador Rousslan Gattarov, líder do grupo de trabalho do Conselho da Federação (câmara alta do parlamento russo), responsável por garantir o respeito da privacidade dos cidadãos, referiu que o informático norte-americano precisa de ajuda financeira.
 
A ideia da angariação de fundos foi lançada por ‘bloggers’ e representantes do mercado russo de Internet, explicou o senador.
 
“Afirmaram que Snowden poderá precisar de dinheiro e estão disponíveis para ajudar”, afirmou Gattarov, avançando ter já contactado representantes do setor informático norte-americano que “aprovaram” a ideia.
 
“Snowden não tem dinheiro e uma coleta será oportuna”, sublinhou o senador.
 
De acordo com Gattarov, esta ação poderá passar pela criação de um site que receberá as contribuições provenientes da Rússia, mas também do estrangeiro.
 
“Não tenho qualquer dúvida que os representantes da comunidade internacional querem também apoiar Snowden (…). Muitas pessoas manifestaram a sua simpatia sincera”, concluiu o senador, que pretende convidar o norte-americano para trabalhar no seu grupo de trabalho no Conselho da Federação.
 
Edward Snowden, que trabalhou como analista informático para a Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA), revelou em junho último a existência de programas de vigilância em massa de comunicações telefónicas e via internet de milhões de norte-americanos e estrangeiros.
 
Os Estados Unidos, que acusam Snowden de espionagem, reclamam a sua extradição. No mesmo dia da concessão de asilo, as autoridades norte-americanas afirmaram estar “extremamente desiludidas” com a Rússia.
 
Uma ideia que foi reforçada na terça-feira à noite pelo Presidente norte-americano, Barack Obama, durante um programa na televisão norte-americana.
 
“Fiquei desapontado, porque ainda que não tenhamos um tratado de extradição com eles, tradicionalmente tentamos respeitar [os seus pedidos] se existir um infrator, ou alegado infrator”, afirmou Obama, no programa “The Tonight Show”, com Jay Leno, na estação norte-americana NBC.
 
Na mesma entrevista, o chefe de Estado norte-americano admitiu que o caso de Snowden ilustra “de certa forma” algumas dificuldades que Washington tem sentido na relação com Moscovo.
 
“Há momento em que voltam ao pensamento e à mentalidade da Guerra Fria”, referiu Obama, salientando, no entanto, que tem existido, em vários assuntos, uma cooperação entre os dois países, como foi o caso do atentado bombista durante a maratona de Boston, ocorrido em abril passado.
 
Ainda no programa, o chefe de Estado norte-americano confirmou que irá participar na cimeira do G20 (países mais ricos do mundo e as potências emergentes), prevista para setembro em São Petersburgo (Rússia), mas sem adiantar se terá na altura um encontro bilateral com o Presidente russo, Vladimir Putin.
 

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