Snowden é convidado
para trabalhar em parceria com o parlamento russo
Sandro Fernandes,
correspondente da RFI em Moscou
A câmara alta do
Parlamento russo anunciou na terça-feira (6) que pretende convidar Snowden para
participar de uma equipe que vai investigar como a privacidade dos cidadãos
russos está sendo violada por grandes empresas. Segundo Snowden, que recebeu
asilo por um ano na Rússia na semana passada, os dados pessoas dos usuários do
Facebook, Yahoo e Google podem ser acessados por terceiros.
O senador Ruslan
Gattarov, chefe da comissão parlamentar sobre os direitos de privacidade, disse
que quer que Snowden ajude a descobrir como acontecem estes vazamentos de dados
e assim conseguir proteger informações privadas a nível nacional e
internacional. O político russo deixou claro que a comissão não tem nenhum
interessse nas relações entre os governos nem na questão das agências de
segurança, reforçando que o foco destas consultas com Snowden seria
exclusivamente a respeito da segurança das informações pessoais.
Um dos requisitos
de Putin para que fosse concedido o asilo ao jovem americano era que ele não
revelasse mais informações sigilosas que pudessem prejudicar os Estados Unidos.
“Eu não acho que
ele vai ter que romper nenhum compromisso para nos dizer o que sabe. O tema é
sobre a segurança das informações pessoais e diz respeito a dezenas de milhões
de pessoas na Rússia e bilhões em todo o mundo”, explicou Gattarov.
A comissão faz
parte de uma iniciativa do Governo russo para proteger o espaço virtual do
país, considerado uma questão de segurança nacional.
A oposição critica
a ideia do parlamento russo e acusa o Kremlin de querer usar a desculpa da
segurança dos dados pessoais para ter ainda mais controle sobre a internet e
sobre a informação que circula na rede.
Em junho, o
vice-presidente da Duma, Sergei Zheleznyak, pediu “medidas urgentes” para
restabelecer o que ele chamou de "soberania digital" da Rússia, logo
após as primeiras revelações de Snowden. A ideia é que empresas como Facebook,
Apple, Microsoft, Yahoo e Twitter tenham seus servidores com dados pessoais baseados
na Rússia como condição para que tenham a autorização para continuar a operar
no mercado russo. O governo brasileiro discute a aprovação da mesma medida
depois que foi descoberto que os Estados Unidos mantiveram em Brasília uma
estação de espionagem com dados coletados de outros países.
Senador russo
promove angariação de fundos para apoiar Snowden
Notícias ao Minuto
Um senador russo
anunciou hoje que pretende promover uma angariação de fundos na Internet para
ajudar o ex-analista informático da NSA Edward Snowden, que obteve no início de
agosto asilo temporário na Rússia.
Em declarações à
agência russa Interfax, o senador Rousslan Gattarov, líder do grupo de trabalho
do Conselho da Federação (câmara alta do parlamento russo), responsável por garantir
o respeito da privacidade dos cidadãos, referiu que o informático
norte-americano precisa de ajuda financeira.
A ideia da
angariação de fundos foi lançada por ‘bloggers’ e representantes do mercado
russo de Internet, explicou o senador.
“Afirmaram que
Snowden poderá precisar de dinheiro e estão disponíveis para ajudar”, afirmou
Gattarov, avançando ter já contactado representantes do setor informático
norte-americano que “aprovaram” a ideia.
“Snowden não tem
dinheiro e uma coleta será oportuna”, sublinhou o senador.
De acordo com
Gattarov, esta ação poderá passar pela criação de um site que receberá as
contribuições provenientes da Rússia, mas também do estrangeiro.
“Não tenho qualquer
dúvida que os representantes da comunidade internacional querem também apoiar
Snowden (…). Muitas pessoas manifestaram a sua simpatia sincera”, concluiu o
senador, que pretende convidar o norte-americano para trabalhar no seu grupo de
trabalho no Conselho da Federação.
Edward Snowden, que
trabalhou como analista informático para a Agência Nacional de Segurança
norte-americana (NSA), revelou em junho último a existência de programas de
vigilância em massa de comunicações telefónicas e via internet de milhões de
norte-americanos e estrangeiros.
Os Estados Unidos,
que acusam Snowden de espionagem, reclamam a sua extradição. No mesmo dia da
concessão de asilo, as autoridades norte-americanas afirmaram estar
“extremamente desiludidas” com a Rússia.
Uma ideia que foi
reforçada na terça-feira à noite pelo Presidente norte-americano, Barack Obama,
durante um programa na televisão norte-americana.
“Fiquei
desapontado, porque ainda que não tenhamos um tratado de extradição com eles,
tradicionalmente tentamos respeitar [os seus pedidos] se existir um infrator,
ou alegado infrator”, afirmou Obama, no programa “The Tonight Show”, com Jay
Leno, na estação norte-americana NBC.
Na mesma
entrevista, o chefe de Estado norte-americano admitiu que o caso de Snowden ilustra
“de certa forma” algumas dificuldades que Washington tem sentido na relação com
Moscovo.
“Há momento em que
voltam ao pensamento e à mentalidade da Guerra Fria”, referiu Obama,
salientando, no entanto, que tem existido, em vários assuntos, uma cooperação
entre os dois países, como foi o caso do atentado bombista durante a maratona
de Boston, ocorrido em abril passado.
Ainda no programa,
o chefe de Estado norte-americano confirmou que irá participar na cimeira do
G20 (países mais ricos do mundo e as potências emergentes), prevista para
setembro em São Petersburgo (Rússia), mas sem adiantar se terá na altura um
encontro bilateral com o Presidente russo, Vladimir Putin.
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