O
presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, acusou hoje o atual Governo e os
anteriores de canalizarem todo o financiamento disponível para a região de
Lisboa, deixando "côdeas" para o Norte e restantes zonas do país.
"Todos
os recursos disponíveis do país vão sendo canalizados para uma única região.
Depois sobram côdeas. A região está confrontada com isto. Mas vamos ter
eleições. Os fundos comunitários vão ser usados para coisas mais ou menos
isotéricas. Está na altura de a população perceber o que está em causa e
questionar os partidos sobre o resto do país", frisou o autarca
independente.
Rui
Moreira abordou a questão a propósito da falta de financiamento do Estado para
suportar os custos da segunda fase do metro do Porto, suspensa desde 2011, mas
admitiu ter dificuldades em restringir o assunto ao transporte público porque
"o projeto de desenvolvimento do país tem tido como foco uma única
região".
"As
pessoas deviam questionar os partidos sobre se, algum dia, vão ter de desligar
a luz e ir viver para a única região que recebe investimento", ironizou.
Para
Rui Moreira, é por este motivo que "o país não consegue sair da cepa
torta".
O
presidente da Câmara do Porto criticou o Governo por incluir nas grandes opções
de investimento o terminal de contentores do Barreiro, considerando que se
trata de uma obra "absolutamente desnecessária" e a "repetição
do aeroporto da Ota [projeto de localização de um novo aeroporto em Lisboa que
não chegou a avançar]".
"Este
porto no Barreiro [terminal de contentores] é uma forma de justificar uma
terceira travessia [em Lisboa], a reabilitação da zona ribeirinha de Lisboa, ou
seja, uma segunda Expo, e um novo aeroporto na margem sul [do rio Tejo]",
afirmou Rui Moreira.
Lamentando
que as ligações ferroviárias, o metro do Porto e no Porto de Leixões não tenham
sido contemplados nas opções do Governo, o autarca classificou como
"argumento inaceitável" o argumento do secretário de Estado dos
Transportes, Sérgio Monteiro, relativamente ao financiamento estatal para o
metro.
"Dizer
que não há dinheiro para o metro de Lisboa enquanto não houver dinheiro para o
metro do Porto é um argumento inaceitável. Em Lisboa o metro está
consolidado", esclareceu o autarca.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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