sábado, 8 de outubro de 2011

Ensino do Português "é a questão bilateral mais preocupante com França" -- embaixador




PRM - LUSA

Paris, 08 out (Lusa) - O ensino da Língua Portuguesa "é a questão bilateral mais preocupante de Portugal em França", afirmou hoje o embaixador Francisco Seixas da Costa no encontro anual de associações portuguesas no país.

O diplomata referia-se a uma das maiores preocupações abordadas no Encontro Anual das Associações Portuguesas de França, que se realizou hoje no edifício da "mairie" (município) de Paris.

Francisco Seixas da Costa referiu, a título de exemplo, que uma pergunta ao Governo francês, sobre o ensino do Português, por deputados da Assembleia Nacional, "ficou até agora sem resposta".

Em 2012, como referiram diferentes dirigentes associativos, "fará cinco anos sem recrutamento de novos professores de Português pelo Ministério da Educação francês".

O encontro anual das associações portuguesas de França ficou também marcado pela insistência na importância da participação cívica e política da comunidade.

"Há um défice de participação política dos portuguesas da emigração, tanto em França como no mundo", constatou o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário.

"Temos que triplicar o número de recenseados nos cadernos eleitorais nos próximos anos", defendeu José Cesário, frisando que isso "é um objetivo, não é uma promessa política".

A nível institucional, José Cesário anunciou "para breve" o início de um projeto-piloto de permanências consulares em diversos locais com associações portuguesas, usando novos recursos tecnológicos para providenciar os mesmos serviços acessíveis, por exemplo, no Consulado Geral de Portugal em Paris.

Os dois deputados eleitos pelo círculo da Europa, Carlos Gonçalves (PSD) e Paulo Pisco (PS), apontaram um outro problema, que o social democrata resumiu como sendo um "défice de imagem" não apenas em França como em Portugal.

"Portugal tem dificuldade em conviver com a sua emigração", sublinhou Carlos Gonçalves, uma ideia reforçada por Paulo Pisco, que defendeu "um trabalho de transformação da perceção da emigração".

O deputado socialista apontou até "o preconceito e a distância" das instituições portuguesas em relação às realidades da emigração, um termo que, de resto, Paulo Pisco não gosta "porque soa mal pela carga negativa que adquiriu".

"Existe uma distância muito pronunciada entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros e as comunidades", acusou mesmo o deputado socialista, ressalvando que os diplomatas portugueses em Paris são a exceção que confirma a regra.

Francisco Seixas da Costa sublinhou, por seu lado, que a existência de quase meio século de forte emigração para a Europa "é a prova de que Portugal não conseguiu oferecer, em vários momentos, de forma cíclica, as condições para que parte da sua população se realizasse na sua terra de origem".

O encontro anual foi organizado pela Coordenação das Coletividades Portuguesas de França (CCPF), cujo secretário-geral, Daniel Rodrigues, alertou para "a fragilidade, mas também as potencialidades, de uma rede associativa que necessita de apoio neste momento".

O encontro das associações portuguesas termina hoje à noite com a comemoração na "mairie" de Paris do 5 de Outubro português, com uma gala na sede do município.

*Foto em Lusa

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