quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Partido da oposição são-tomense queixa-se do atraso no recenseamento eleitoral




MYB – APN - Lusa

São Tomé, 23 Jan (Lusa) - O grupo parlamentar do partido Acção Democrática Independente (ADI) na oposição lamentou hoje que a Comissão Eleitoral Nacional (CEN) não tenha condições para iniciar o recenseamento eleitoral, pondo em causa a realização de eleições este ano.

"Estamos num ano eleitoral, neste momento deveriam estar a decorrer os trabalhos do recenseamento eleitoral, o que não é possível tendo em conta que estamos com algumas deficiências nas máquinas", disse hoje aos jornalistas o líder da bancada parlamentar do ADI, Idalécio Neves, à saída de um encontro com responsáveis da Comissão eleitoral são-tomense.

O parlamentar reconheceu que "nestes últimos dias tem havido muitas preocupações, quer das populações, quer dos partidos políticos" e afirmou que o seu partido quer "saber o que vai mal na Comissão Eleitoral Nacional" e o que pode fazer "para ajudar a preparar as próximas eleições".

O ADI tem reivindicado a realização das legislativas antecipadas. Os 26 deputados do partido abandonaram o parlamento depois da queda do governo do primeiro-ministro Patrice Trovoada, devido a uma moção de censura, em finais de dezembro.

Em julho deste ano deveriam ter lugar as eleições autárquicas. Em entrevista recente a revista francesa Jeune Afrique, o ex-primeiro-ministro e líder do ADI, Patrice Trovoada, propôs que o actual governo realizasse em simultâneo as legislativas.

Na semana passada, Elsa Pinto, presidente da primeira comissão especializada da Assembleia Nacional confirmou aos jornalistas que existem "constrangimentos com a base de dados" da Comissão Eleitoral, nomeadamente a falta de um "técnico estrangeiro" recrutado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNDU) e sem o qual não se pode terminar o "cadastramento dos dados".

O líder da bancada parlamentar do ADI lamentou a "muita dependência da comissão eleitoral nacional" do PNUD, considerando que se trata de "uma eterna situação" do arquipélago que é necessário ultrapassar.

Em declaração à Lusa, João Ramos, porta-voz da Comissão Eleitoral garantiu que a instituição "tem de facto problemas com a base de dados e nos 'kits' para a realização do recenseamento eleitoral".

"Para que haja eleições é necessário que haja atualização dos cadernos e isso implica que as brigadas têm que ir para o terreno fazer o recenseamento. Os 'kits' foram adquiridos em 2010, altura em que o país passou a ter o sistema biométrico de eleições", explicou João Ramos.

O porta-voz admitiu que "o sistema adquirido pelo PNUD não corresponde ao padrão internacional".

"O técnico esteve no país, procedeu a algumas melhorias e ficou de concluir os defeitos na África do sul, mas até agora não regressou", acrescentou o porta-voz da CEN, sublinhando não haver ainda garantia de realização das autárquicas este ano.

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