Deutsche Welle
Após dois anos de
estudos, comissão mista de parlamentares e especialistas estabeleceu dez ítens
para avaliação do bem-estar, ao lado do PIB. Primeiro relatório poderá sair em
2014. Verdes criticam "caos de indicadores".
O Produto Interno
Bruto (PIB) não será mais o único critério para medir a prosperidade na
Alemanha. Um estudo realizado pela comissão "Crescimento, Bem-Estar,
Qualidade de Vida", do Parlamento alemão, estabeleceu nove outros
critérios a serem adotados, além do PIB.
Há dois anos
parlamentares de todas as agremiações políticas vêm discutindo com
especialistas as possibilidades de novos indicadores. Entre os dez quesitos
definidos estão a distribuição de renda, o nível de educação, a estabilidade do
sistema de saúde, assim como o impacto ambiental, por exemplo através da
emissão de gases-estufa. O governo deverá informar regularmente a respeito da
evolução de cada um dos indicadores.
Critérios de
prosperidade
Para a líder da
comissão mista, Daniela Kolbe, do Partido Social Democrata (SPD), três aspectos
são de particular importância. “Fico contente que haja relatórios regulares
sobre a distribuição da prosperidade. Um segundo ponto é o acesso a bons
empregos. E, em geral, acho bom darmos um maior destaque aos indicadores
ambientais”. Entre estes se encontrariam: o engajamento por um meio ambiente
intacto, o impacto dos gases causadores do aquecimento global e a
biodiversidade na Alemanha, disse Kolbe em entrevista à DW.
Kolbe também
considera importantes as oportunidades de acesso à educação e os níveis
educacionais, a saúde e a expectativa de vida, assim como a qualidade da
seguridade social e a participação política. Além disso, processos dignos de
nota nos diferentes subsetores serão regularmente monitorados. O plano prevê
também consultas regulares aos cidadãos, para que eles próprios avaliem sua
qualidade de vida e grau de satisfação pessoal
"Oportunidade
desperdiçada"
O relatório recebeu
tanto elogios quanto críticas. Os partidos A Esquerda e Verde votaram contra o
esboço apresentado pela comissão. Ambos concordam que há a necessidade de mudar
os métodos de avaliação. Porém segundo o árbitro da comissão, o deputado verde
Hermann Ott, em vez do "caos de indicadores" proposto, bastariam
quatro critérios para avaliar o verdadeiro bem-estar na Alemanha: ao lado do
PIB per capita e da distribuição de renda, seriam considerados o consumo de
recursos e uma pesquisa de opinião entre os cidadãos, relativa a seu nível de
satisfação com a vida.
Para o economista
ambiental Hans Diefenbacher, o relatório da comissão foi, acima de tudo, uma
oportunidade desperdiçada: além de não ser novo, estaria competindo com outros
sistemas, como aquele em que se baseia o relatório bienal de sustentabilidade
do governo alemão.
Para o também
vice-diretor do centro de pesquisas do Instituto Luterano para o Meio Ambiente,
nenhum índice é tão revelador quanto o PIB. E ele lembra a existência de outros
mecanismos, como o Índice Nacional de Prosperidade (NWI, na sigla em alemão),
que ele ajudou a desenvolver por encomenda do Ministério do Meio Ambiente. O
NWI leva em consideração atividades como trabalho voluntário e doméstico, cujo
valor não é passível de se avaliar em dinheiro, e que foram ignoradas no
presente relatório, aponta Diefenbacher.
Apesar das
críticas, a comissão "Crescimento, Bem-Estar, Qualidade de Vida"
almeja estabelecer um Relatório Anual de Prosperidade, baseado nos critérios
propostos e análogo ao Relatório Anual Econômico. Um requerimento nesse sentido
será apresentado ainda antes do recesso de meio do ano. Caso aprovado, o
primeiro relatório poderá ser publicado já em 2014.
Autor: Martin Koch
(rc) - Revisão: Augusto Valente
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