domingo, 3 de fevereiro de 2013

ALEMANHA BUSCA NOVOS CRITÉRIOS PARA MEDIR BEM-ESTAR SOCIAL




Deutsche Welle

Após dois anos de estudos, comissão mista de parlamentares e especialistas estabeleceu dez ítens para avaliação do bem-estar, ao lado do PIB. Primeiro relatório poderá sair em 2014. Verdes criticam "caos de indicadores".

O Produto Interno Bruto (PIB) não será mais o único critério para medir a prosperidade na Alemanha. Um estudo realizado pela comissão "Crescimento, Bem-Estar, Qualidade de Vida", do Parlamento alemão, estabeleceu nove outros critérios a serem adotados, além do PIB.

Há dois anos parlamentares de todas as agremiações políticas vêm discutindo com especialistas as possibilidades de novos indicadores. Entre os dez quesitos definidos estão a distribuição de renda, o nível de educação, a estabilidade do sistema de saúde, assim como o impacto ambiental, por exemplo através da emissão de gases-estufa. O governo deverá informar regularmente a respeito da evolução de cada um dos indicadores.

Critérios de prosperidade

Para a líder da comissão mista, Daniela Kolbe, do Partido Social Democrata (SPD), três aspectos são de particular importância. “Fico contente que haja relatórios regulares sobre a distribuição da prosperidade. Um segundo ponto é o acesso a bons empregos. E, em geral, acho bom darmos um maior destaque aos indicadores ambientais”. Entre estes se encontrariam: o engajamento por um meio ambiente intacto, o impacto dos gases causadores do aquecimento global e a biodiversidade na Alemanha, disse Kolbe em entrevista à DW.

Kolbe também considera importantes as oportunidades de acesso à educação e os níveis educacionais, a saúde e a expectativa de vida, assim como a qualidade da seguridade social e a participação política. Além disso, processos dignos de nota nos diferentes subsetores serão regularmente monitorados. O plano prevê também consultas regulares aos cidadãos, para que eles próprios avaliem sua qualidade de vida e grau de satisfação pessoal

"Oportunidade desperdiçada"

O relatório recebeu tanto elogios quanto críticas. Os partidos A Esquerda e Verde votaram contra o esboço apresentado pela comissão. Ambos concordam que há a necessidade de mudar os métodos de avaliação. Porém segundo o árbitro da comissão, o deputado verde Hermann Ott, em vez do "caos de indicadores" proposto, bastariam quatro critérios para avaliar o verdadeiro bem-estar na Alemanha: ao lado do PIB per capita e da distribuição de renda, seriam considerados o consumo de recursos e uma pesquisa de opinião entre os cidadãos, relativa a seu nível de satisfação com a vida.

Para o economista ambiental Hans Diefenbacher, o relatório da comissão foi, acima de tudo, uma oportunidade desperdiçada: além de não ser novo, estaria competindo com outros sistemas, como aquele em que se baseia o relatório bienal de sustentabilidade do governo alemão.

Para o também vice-diretor do centro de pesquisas do Instituto Luterano para o Meio Ambiente, nenhum índice é tão revelador quanto o PIB. E ele lembra a existência de outros mecanismos, como o Índice Nacional de Prosperidade (NWI, na sigla em alemão), que ele ajudou a desenvolver por encomenda do Ministério do Meio Ambiente. O NWI leva em consideração atividades como trabalho voluntário e doméstico, cujo valor não é passível de se avaliar em dinheiro, e que foram ignoradas no presente relatório, aponta Diefenbacher.

Apesar das críticas, a comissão "Crescimento, Bem-Estar, Qualidade de Vida" almeja estabelecer um Relatório Anual de Prosperidade, baseado nos critérios propostos e análogo ao Relatório Anual Econômico. Um requerimento nesse sentido será apresentado ainda antes do recesso de meio do ano. Caso aprovado, o primeiro relatório poderá ser publicado já em 2014.

Autor: Martin Koch (rc) - Revisão: Augusto Valente

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