Apesar de negar
acusações de ter recebido irregularmente dinheiro de empresários, chefe de
governo espanhol enfrenta pior crise em pouco mais de um ano de gestão.
Pesquisa revela que 77% dos espanhóis o desaprovam.
O apoio da
população ao chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, voltou a cair e atingiu
um novo patamar mínimo, de acordo com pesquisa de opinião, publicada neste
domingo (3/02) pelo jornal espanhol El País. De acordo com o levantamento,
77% dos entrevistados afirmaram desaprovar Rajoy como primeiro-ministro,
enquanto 85% têm pouca ou nenhuma confiança nele.
A pesquisa foi
realizada logo após o estouro de um escândalo de corrupção envolvendo o nome de
Rajoy. Ele é citado pela imprensa espanhola como um dos vários líderes do
Partido Popular (PP) que teriam recebido pagamentos irregulares em
contabilidade paralela operada por um ex-tesoureiro, investigado por corrupção.
Rajoy nega todas as acusações.
Também neste
domingo, o líder da oposição, o socialista Alfredo Pérez Rubalcaba, do Partido
Socialista Operário Espanhol (PSOE), exigiu a demissão de chefe de governo
espanhol, alegando que ele perdeu a credibilidade e que por isso não tem
condições de governar a Espanha diante dos sérios problemas econômicos que o
país enfrenta atualmente. O escândalo aumentou o descontentamento da população
com o governo e motivou protestos em Madri neste sábado.
Rajoy nega
Após dias em
silêncio, Rajoy afirmou no sábado que não deixará o cargo e classificou as
informações veiculadas pela imprensa espanhola como "perseguição".
"Não preciso mais do que duas palavras: é falsa (a acusação). Nunca,
repito, nunca recebi e nunca dividi dinheiro irregular nem neste partido, nem
em qualquer outro lugar", afirmou Rajoy.. "Não estou na política por
dinheiro", garantiu.
O primeiro-ministro
disse ainda que não se pode "permitir que os espanhois, a quem estamos
demandando sacrifícios, pensem que não estamos respeitando o mais severo rigor
ético". Rajoy prometeu publicar detalhes de sua conta pessoal no site do Palácio
la Moncloa. "Na próxima semana, minhas declarações de renda e de bens
estarão acessíveis a todos os cidadãos", prometeu o chefe de governo.
Desilusão
O conservador
Partido Popular chegou ao poder no final de 2011 com uma ampla maioria, após
derrota histórica do PSOE, que estava no governo. No entanto, de acordo com a
pesquisa de opinião publicada neste domingo, se houvesse hoje novas eleições,
as duas legendas seguiriam praticamente empatadas: apenas 23,9% da população
votaria novamente no PP, enquanto o PSOE obteria 23,5% dos votos.
A pesquisa revelou
ainda que para 96% da população espanhola a corrupção no país é generalizada e
não está sendo punida adequadamente. Em apenas dois dias, uma petição online,
que pede a saída do primeiro-ministro, conseguiu reunir mais de 650 mil
assinaturas.
Propinas por 11
anos
Segundo documentos
manuscritos publicados na última quinta-feira (31/01) pelo El País e
atribuídos ao ex-tesoureiro do PP, Luis Bárcenas, o partido teria mantido uma
contabilidade paralela entre 1990 e 2009, tendo repassado recursos, sem prestar
contas, a ocupantes do alto escalão – entre eles, ao próprio Rajoy.
De acordo com as
acusações, o primeiro-ministro recebeu, durante 11 anos, cerca de 25,2 mil
euros anuais, que não foram declarados. Os supostos cadernos de Bárcenas
registram doações de empresas, sobretudo do setor da construção civil.
A divulgação do
escândalo de corrupção envolvendo o primeiro-ministro abalou o governo espanhol
no momento em que a gestão Rajoy já se encontrava fragilizada, em função da
política de cortes milionários e medidas de austeridade, adotadas para tentar
superar a grave crise que afeta a economia espanhola.
MSB/rtr/ap/afp/dpa
- Revisão: Soraia Vilela
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