domingo, 3 de fevereiro de 2013

Autoridades angolanas suspendem atividades da IURD por 60 dias e interditam cultos




EL – MAG - Lusa

Luanda, 02 fev (Lusa) - As autoridades angolanas suspenderam as atividades da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e interditaram os cultos e demais atividades de outras seis igrejas evangélicas, não legalizadas, segundo um comunicado enviado hoje à agência Lusa.

A suspensão das atividades da IURD é uma das conclusões da Comissão de Inquérito nomeada pelo Presidente José Eduardo dos Santos, na sequência da morte de 16 pessoas, por asfixia e esmagamento, no passado dia 31 de dezembro, na capital angolana.

O culto, denominado "Vigília do Dia do Fim", concentrou dezenas de milhares de pessoas que ultrapassaram, em muito, a lotação autorizada do Estádio da Cidadela.

No comunicado enviado à Lusa, anuncia-se ainda que a Procuradoria Geral da República vai "aprofundar as investigações e a consequente responsabilização civil e criminal".

A Comissão de Inquérito (CI) concluiu ainda que as mortes se deveram à superlotação no interior e exterior do Estádio da Cidadela, causada por "publicidade enganosa".

Dias antes da cerimónia, a IURD espalhou profusamente, por Luanda, publicidade ao evento, que designou de "Dia do Fim", na qual convidava todos a "dar um fim a todos os problemas", designadamente "doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas".

Para a CI esta publicidade criou, no seio dos fiéis, "uma enorme expectativa de verem resolvidos os seus problemas" e, socorrendo-se da legislação em vigor, classifica a difusão do evento como "criminosa e enganosa".

Outra acusação que a CI dirige à IURD é a de esta igreja não ter suspendido a cerimónia, mesmo depois de ter tido conhecimento da existência de vítimas mortais.

Quanto à interdição de cultos e a outras atividades de seis igrejas evangélicas, a CI decidiu esta medida por aquelas confissões não estarem legalizadas e, mesmo assim, lê-se no documento, "realizam cultos religiosos e publicidade, recorrendo às mesmas práticas que as da IURD".

As seis confissões proibidas de levarem a cabo qualquer tipo de atividade são as Igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém.

O comunicado termina com as autoridades a apelarem aos fiéis das igrejas visadas e a toda a população em geral, para que se mantenham "serenos", e a cumprirem "cabalmente as decisões tomadas".

A Comissão de Inquérito, criada a 02 de janeiro pelo Presidente José Eduardo dos Santos, foi coordenada pelo ministro do Interior, Ângelo Tavares, coadjuvado pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, e integrou os ministros da Administração do Território, Bornito de Sousa, da Justiça, Rui Mangueira, da Saúde, José Van-Dúnem, e da Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, e o governador da província de Luanda, Bento Bento.

O prazo de 15 dias então fixado por José Eduardo dos Santos venceu há duas semanas.


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