EL – PJA - Lusa
Luanda, 02 fev
(Lusa) - Numa das saídas de Luanda, para sul, fica Morro Bento, onde muitos se
juntam no "Tchiga Me", restaurante em que por estes dias se vibra com
a seleção de Cabo Verde na Taça das Nações de África em futebol.
No restaurante,
aberto há cerca de 10 anos, o dono da bola é Fernanda Lima, cabo-verdiana
natural da Cidade da Praia e a residir há 31 anos em Angola.
Como ela são cerca de
50 mil os cabo-verdianos que escolheram Angola para residir, mas apenas 17 mil
estão inscritos no Consulado, disse à Lusa o embaixador de Cabo Verde em
Luanda, Domingos Mascarenhas.
"Constatamos
agora o número cada vez maior, sobretudo de jovens, que pedem a nacionalidade
cabo-verdiana. É indicador do interesse acrescido que esses descendentes têm
pelo país", ajuíza.
Os cabo-verdianos
radicados em Angola estão distribuídos pelas províncias de Luanda, Benguela,
Huíla, Cuanza Sul, Cabinda e Bengo.
"Os cabo-verdianos
que vivem em Angola estão em todas as áreas de atividade. Historicamente há um
grupo ligado à agricultura, porque a maior parte dos cabo-verdianos que veio
para aqui, nas décadas de 1940, 1950 e 1960, estava muito ligada à
agricultura", explicou o diplomata.
Boa parte dos
cabo-verdianos continua ainda ligada à agricultura em Angola, mas Domingos
Mascarenhas também os encontra no comércio, gestão de empresas.
"É
gratificante para nós encontrar os cabo-verdianos em todos os setores de
atividade, porque é sinal que se encontram perfeitamente integrados na
sociedade angolana", elogiou.
Domingos
Mascarenhas vai acompanhar o jogo de sábado contra o Gana, a contar para os
quartos-de-final em casa e à semelhança de Fernanda Lima "fé e
esperança" é que não faltam.
Fernanda Lima, mais
expansiva, não tem dúvidas: "vamos ganhar e fazer depois uma grande
festa".
As unhas, pintadas
a preceito em tons de azul e branco, reproduzem as cores da bandeira de Cabo
Verde, e se a emoção ganhasse jogos, Cabo Verde já estava na final e para
ganhar.
Domingos
Mascarenhas, mais comedido, naturalmente pelas funções diplomáticas que ocupa,
diz que se trata de uma "grande oportunidade".
"Penso que se
trata sobretudo de uma grande oportunidade de nos descobrirmos a nós mesmos. É
uma grande experiência. Ate onde podemos ir? Penso que a seleção está
determinada a fazer tudo para garantir um grande espetáculo de futebol. Não
farei nenhum prognóstico, mas creio poder afirmar que a seleção vai fazer tudo
para que o jogo contra o Gana seja um jogo que contribua para o grande
espetáculo que se deseja continue a ser o CAN", afirmou.
Nos outros jogos de
Cabo Verde, os 150 lugares do "Tchiga Me" foram largamente
ultrapassados pelos 500 que assistiram à vitória sobre Angola, quando a cachupa
venceu o funge.
A festa saiu do
espaço de restauração e abraçou Morro Bento, o enredo que todos esperam ver
repetido sábado contra o Gana.
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