Correio do Brasil, de
Brasília, Jequié (BA) e São Paulo
Coube à Secretaria
de Comunicação Social da Presidência da República anunciar, na noite passada, o
nome do ex-governador da Bahia e ex-senador César Augusto Rabello Borges,
filiado ao PR, cuja família é dona das rádios FM Aimoré de Piritiba, no
interior baiano, e da rádio FM Rio Novo, na distante Ipiaú (BA), como o
próximo ministro dos Transportes, em substituição ao interino da pasta, Paulo
Sérgio Passos. Esteio das mais arraigadas práticas do coronelismo no
sertão baiano, durante a existência do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (ACM
– Salvador, 4 de setembro de 1927 — São Paulo, 20 de julho de 2007), o político
de 64 anos deixa a vice-presidência de Governo do Banco do Brasil, cargo que
ocupa desde maio do ano passado dentro do arranjo político que compõe a base
aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff, e assumirá a pasta dos
Transportes, de acordo com nota à imprensa divulgada pelo Palácio do Planalto. Borges passa
a gerir um dos maiores orçamentos da República que, no ano passado, assegurou o
total de R$ 21,9 bilhões.
Na nota, lida por
um assessor, a presidenta Dilma “agradeceu a dedicação, o empenho e o espírito
público” do ministro dispensado “em todas as missões que lhe foram confiadas”.
Sobre Borges, disse acreditar que ele “dará continuidade aos projetos
essenciais ao desenvolvimento do país com a mesma eficiência que demonstrou no
Banco do Brasil”. A declaração encerrou as negociações com a bancada do PR e
garantiu à base aliada nomes como o ex-governador do Estado do Rio de Janeiro
Anthony Garotinho, na Câmara, e do senador Blairo Maggi (MT), uma das maiores
fortunas do país; além do deputado Francisco Everardo Oliveira Silva, o palhaço
paulista Tiririca, e o presidente da legenda, o senador amazonense Alfredo
Nascimento.
Dilma, ao empossar
no seu ministério um dos integrantes do governo militar e aliado de primeira
hora de ACM, que consolidou seu poder no Estado baiano após a indicação ao
governo pelo ditador à época, o general Emílio Garrastazu Médici, eleva a cota
dos conservadores em sua administração. O próximo integrante das forças da
direita a ocupar o 39º ministério no primeiro escalão do governo, segundo fonte
confidenciou ao Correio do Brasil, na manhã desta terça-feira, é o
vice-governador do Estado de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD). Apesar
da negativa da legenda em participar, oficialmente, da base aliada, Dilma
manterá o empresário e aliado das forças da direita paulista na recém-criada
secretaria da Micro e Pequena Empresa. Ainda segundo a fonte, que prefere o
anonimato, a presença de Domingos no governo “facilita o entendimento com a
bancada pesedista, principalmente na Câmara, onde a composição do governo ainda
é extremamente frágil”.
Festa discreta
Alheia ao desgaste
que a nomeação causa ao seu governo, no arco das esquerdas, a presidenta Dilma
recebeu logo pela manhã os cumprimentos do prefeito de Salvador, ACM Neto, um
dos principais líderes do Democratas (DEM). O neto de ACM considerou “muito bom
para a Bahia e para Salvador” o nome do ex-governador Borges, no Ministério dos
Transportes.
“É um político com
serviços prestados à Bahia e ao Brasil. Como ex-governador, conhece as
necessidades do nosso Estado e pode nos trazer contribuições significativas”
disse o herdeiro do carlismo. Ele também sublinhou que é sempre importante ter
um baiano à frente de uma das pastas mais importantes no ministério da
presidenta petista. Em nota, distribuída nas primeiras horas desta terça-feira,
ACM Neto também desejou sucesso ao novo ministro.
Segundo revelou a
jornalistas o presidente do PR, ministro dos Transportes no início do atual
governo, a escolha do nome para a nova gestão à frente da pasta dos Transportes
“foi exclusiva da presidenta Dilma”. Ele a mandatária reuniram-se, na véspera,
para acertar os últimos detalhes políticos da nomeação, como o fechamento dos
compromissos com vistas à campanha eleitoral, no ano que vem, e à manutenção do
apoio nas duas Casas legislativas.
Nascimento pediu
para deixar a equipe da presidenta Dilma após o contraventor Carlos Augusto Ramos,
o Carlinhos Cachoeira, com o apoio da revista semanal de ultradireita Veja,
envolvê-lo em uma denúncia sobre a existência de esquemas de corrupção e
fraudes no Ministério dos Transportes, sob seu comando. Até agora, as
investigações não foram concluídas. A explicação é do próprio senador
Nascimento, em entrevista concedida à emissora amazonense de TV A Crítica.
Durante a conversa, Alfredo contou como as mais de 200 ligações de Carlinhos
Cachoeira para a revista Veja ajudaram a “montar” a denúncia
contra a gestão dele. Alfredo ainda negou ter sido demitido pela presidenta e
relatou que “pediu para sair”, durante as investigações que também motivaram o
afastamento de outros servidores do ministério.
Em Jequié, no
interior baiano, reduto da família de Borges, a comemoração foi discreta. Os
jornais eletrônicos da região não repercutiram, ainda, a ascensão do
conterrâneo. Apenas os líderes políticos locais e as famílias ligadas aos
Borges, “tradicionais adversários políticos da família Lomanto”, como lembrou o
diretor do Jornal de Jequié Wilson Novaes, aplaudiram a nomeação.
– Mas o Cesar
(Borges) é bem relacionado. No declínio do carlismo ele pulou para o lado do
PMDB de Geddel Vieira, mas continua amigo do prefeito de Salvador e neto
de ACM – destaca Novaes.
Cargo controverso
Se os aliados
comemoram a nomeação de Borges, ainda que à boca pequena, na bancada do PR na
Câmara o ato da presidenta está longe de ser uma unanimidade. Para o deputado
Luciano Castro (PR-PR), o partido não foi ouvido pela presidente Dilma
Rousseff.
– Foi uma escolha
da presidenta. Pelo que eu ouvi do deputado Anthony Garotinho, ele não foi
consultado sobre isso. Acho que a bancada federal devia ter sido ouvida.
Poderia até ser o César Borges, mas deveria ser consultada – reclamou a
jornalistas. Castro era um dos nomes cogitados para ocupar o cargo.
Para o deputado
Lincoln Portela (PR-MG), ex-líder da legenda na Câmara, no entanto, a escolha
de Borges foi “perfeita”.
– Nesse momento,
foi a melhor a escolha, sobretudo pela experiência do Cesar Borges – avaliza.
Portela reconhece,
porém, que escolha da presidente gerou insatisfação no grupo de deputados do
PR.
– Houve quem
indicasse o nome do Luciano Castro, outros que queriam o Jaime Martins,
enquanto até o meu nome foi cogitado para o ministério. Mas o partido se sente contemplado,
e, claro, que a indicação reforça a relação do partido com o governo. Num processo
democrático é assim mesmo: uns querem, outros não – conformou-se.
1 comentário:
A Extrema Direita um dia vai derrubar a imundícia do PT.
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