domingo, 6 de maio de 2012

Cabo Verde: PRAIA É GOVERNISTA!




João Silvestre Alvarenga – Liberal (cv), opinião

Pelos dados da avaliação negativa do governo nacional e positivo do governo municipal, a expectativa é da reprovação do candidato do governo, qualquer que o seja. O próprio partido do governo ciente disso, recuou a suas “primeira e segunda linha” de ataque, e anunciou a colocação em campo da “terceira linha” e, na hora “H”, nem se sabe se irá mesmo desperdiçar esse capital político

1. De 1991 a 2001 o MpD dirige o poder Central e também assume o poder autárquico (durante dois mandatos: 1992 a 1996 e 1996 a 2000), com excepção de meses antecedentes às eleições legislativas de 2001 ganhas pelo PAICV. A vitória dos tambarinas, no ano anterior, nas eleições locais, constituíram uma indicação da tendência da mudança política do MpD para o PAICV, primeiro, a nível municipal e, imediatamente, a nível nacional, em 2001.

2. De 2001 a 2011 o PAICV assume o Governo nacional e também comanda o poder local, de 2000 a 2008 (2000 a 2004 e 2004 a 2008). A derrota do PAICV em 2008, na CMP, por cerca de 500 votos, se deve a rejeições que o candidato tambarina tinha no interior de seu próprio partido adicionada à penalização determinada pela avaliação negativa do governo nacional (problemas na TACV, violência e insegurança urbana) descarregadas em cima do candidato do governo, Filú.

3. Em 2008, o PAICV expõe as suas fragilidades eleitorais: perde a principal vetrine política, a CM da capital, soma-se a isso a derrota na CMSV, que aliás, nunca teve, perde novamente a CM do Sal e perde a CMSC de Santiago e, felizmente, tinha proliferado CMs por tudo quanto é lugar: cada agregado populacional com mais de meia dúzia de almas poderia ser candidato à constituição de uma CM e socorreu-se delas para fazer estatística: número de CMs detidas pelo partido do Governo!

4. O ano de 2011 foi dramático eleitoralmente para o partido no poder: vence as eleições legislativas, sofre rajadas de críticas de ter havido fraudes e compras de votos e, seis meses após as legislativas, o candidato do partido do Governo perde as eleições presidenciais de forma humilhante, apesar do empenho pessoal do presidente do partido e Primeiro Ministro em fazê-lo eleger.

5. Em 2012, na Praia, de acordo com estudos de opinião, o Governo Central é avaliado severamente negativo e, ao contrário, o governo local é extremamente bem avaliado, sinal de um claro prenúncio da mudança do comportamento do eleitor em termos de escolha política do partido do Governo para a oposição em pouco mais de um ano da última eleição legislativa.

6. Para quando o eleitor expressará essa sua rejeição ao partido no poder? No primeiro momento que tiver a oportunidade de assim expressar.

7. Pelos dados da avaliação negativa do governo nacional e positivo do governo municipal, a expectativa é da reprovação do candidato do governo, qualquer que o seja. O próprio partido do governo ciente disso, recuou a suas “primeira e segunda linha” de ataque, e anunciou a colocação em campo da “terceira linha” e, na hora “H”, nem se sabe se irá mesmo desperdiçar esse capital político.

8. Os candidatos do governo terão sobre os ombros fardos muito pesados de problemas para justificarem: o por quê dos aumentos desenfreados de preços, as sequências de apagões, o descalabro do desemprego, em especial, entre os jovens, os deficits habitacionais, o alastramento da pobreza, o aprofundamento da desigualdade, a carestia de vida, o congelamento dos salários, a explosão da violência e problemas na justiça. São problemas governamentais a carregar pelos governistas e seus aliados. Antes de apresentarem suas plataformas políticas municipais terão de explicá-los para os eleitores que lhes concederem audiência.

9. O PAICV nunca ganhou eleições locais nesse novo século, mesmo nos momentos de bonança e de avaliação positiva do governo central, será que ganhará agora nesse momento de crise geral e de avaliação mais negativa de sempre do governo de José Maria Neves?

JOÃO SILVESTRE ALVARENGA - joaostav@hotmail.com

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