segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Moçambique: ESTADO MAIS FORTE, MERCÚRIO POR BÓRAX, ACORDO DE PAZ

 


Partido deve ser "força protagonista" dos processos sociopolíticos, num Estado de Direito "cada vez mais forte" - Guebuza
 
28 de Setembro de 2012, 19:37
 
Maputo, 28 set (Lusa) - O presidente da Frelimo, Armando Guebuza, defendeu hoje um Estado de Direito "cada vez mais forte, que persista na luta contra a pobreza", elegendo o partido no poder como a "força protagonista" dos processos sociopolíticos em Moçambique.
 
No encerramento do X Congresso, em Pemba, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, Armando Guebuza apelou para a construção de um Estado de Direito que se baseie na "reafirmação da primazia de cultura de trabalho".
 
A principal reunião da Frente de Libertação de Moçambique, que se realizou sob o signo "unidade nacional", renovou o mandato de cinco anos de Armando Guebuza na presidêncua da organização, do secretário-geral, Filipe Paúnde, escolheu os 21 membros da Comissão Política e o novo Comité Central, que integra 180 pessoas.
 
Armando Guebuza considerou a eleição destes órgãos um "importante passo iniciado nas células" da Frelimo, pelo que o partido deve "partir coeso e determinado" para vencer as eleições autárquicas de 2013, provinciais e as gerais (presidenciais e legislativas) de 2014.
 
"Devemos partir para estes pleitos coesos e determinados, para mais vez mais garantir vitória da Frelimo e dos seus candidatos", para "garantir que a Frelimo continue a ser a protagonista dos processos políticos e sociais do país", disse Armando Guebuza.
 
No X Congresso da Frelimo, que começou a 23 de setembro, o partido no poder em Moçambique reafirmou a necessidade de a terra continuar a ser propriedade do Estado, não podendo ser vendida, e de a agricultura ser a base de desenvolvimento do país, "através de medidas orientadas para o aumento da quantidade e qualidade da produção e produtividade agrárias".
 
De acordo com Armando Guebuza, "a indústria será o fator galvanizador do desenvolvimento económico", enquanto "as Forças de Defesa e Segurança continuam fundamentais como forças da unidade nacional e patriotismo, como garante da ordem, tranquilidade e segurança públicas, bem assim como instriumento de defesa da independência nacional, da soberania e integridade territorial".
 
MMT.
 
Autoridades querem substituir mercúrio por bórax na extração de ouro em Manica
 
29 de Setembro de 2012, 05:44
 
André Catueira, da agência Lusa
 
Chimoio, Moçambique, 29 set (Lusa) - Gabriel Tendai, de 44 anos, lava despreocupadamente, numa bacia plástica, uma quantidade de terra extraída de uma mina no distrito de Manica, no centro de Moçambique, e emociona-se ao avistar uma concentração de ouro.
 
"Uso mercúrio para capturar a maior quantidade possível de ouro durante a lavagem. É um método [o uso de mercúrio] vantajoso para nós [garimpeiros] porque o rendimento do processamento é maior", disse à Lusa.
 
Gabriel Tendai mantém segredo sobre a proveniência do mercúrio, veemente combatido pelo governo, devido aos efeitos nocivos.
 
As autoridades de Manica vão substituir o uso de mercúrio, substância nociva e muito usada por garimpeiros na captura de ouro nos rios da província, por bórax (borato de sódio), cristal solúvel em água e considerado ecologicamente saudável.
 
"A iniciativa enquadra-se na estratégia (de nível provincial) de eliminação efetiva da aplicação do mercúrio (por garimpeiros) na extracção mineira, sobretudo de ouro, na província de Manica", disse à Lusa Olavo Deniasse, director provincial dos Recursos Minerais de Manica.
 
O projeto, que será combinado entre o setor dos Recursos Minerais e de Coordenação da Acção Ambiental de Manica, com suporte financeiro do Banco Mundial (BM), em montantes ainda não divulgados, pretende reduzir a contaminação dos rios e assegurar uma mineração sustentável.
 
A extração desregrada de ouro e com recurso ao mercúrio contribuiu para a poluição de, pelo menos, seis rios. Além de um atentado ao ambiente, a saúde da população, que consome peixe e depende da água para a agricultura, corre sérios riscos.
 
Em 2011, 11 pessoas morreram no centro de Moçambique, depois de acionarem minas antipessoais, na tentativa de extrair mercúrio, para posterior venda aos garimpeiros.
 
Outras 25 pessoas ficaram feridas em 13 acidentes com minas, de acordo com dados do Instituto de Desminagem moçambicano (IND).
 
A polícia moçambicana deteve dois indivíduos em Chimoio, Manica, na posse de quatro granadas que seriam vendidas a 200 mil meticais (5.405 euros) para extracção de mercúrio. Os homens foram condenados pelo tribunal à dois anos de cadeia.
 
"O facto de não se observarem regras que determinam o exercício da atividade [mineira], os próprios exploradores colocam-se sempre em risco" referiu Olavo Deniasse.
 
Um manual que deverá servir de guia, sobre boas práticas na exploração mineira, sem que se coloque em causa o ambiente, acaba de ser lançado pelas instituições que patrocinam a iniciativa. São práticas que estão já a ser transmitidas aos garimpeiros.
 
"Geralmente andamos muito dispersos. Mesmo que estejamos na mesma mina, a atividade é por conta própria. Não sei como será a substituição (distribuição ou venda do bórax), mas parece-me uma iniciativa louvável", observou Gabriel Tendai.
 
Também para colocar em prática a iniciativa, um grupo de garimpeiros recebeu formação sobre a mineração sustentável, para se garantir a exploração mineira sem danos para o ambiente.
 
Outro grupo foi enviado para a África do Sul, para apreender técnicas e padrões de segurança na mineração artesanal.
 
"Uma estratégia do governo é formar os garimpeiros para uma mineração regrada e sustentável, que inclui a construção de bacias (para evitar lavagem do ouro direto nos rios) e munir de motobombas, além de reposição de terra nos buracos", disse à Lusa Natércia Nhabanga, diretora provincial de Coordenação da Acção Ambiental.
 
Moçambique assinala 20 anos do Acordo Geral de Paz
 
30 de Setembro de 2012, 07:16
 
Maputo, 30 set (Lusa) - Moçambique comemora na quinta-feira o 20.º aniversário do Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra movida pela Renamo contra o Governo da Frelimo, com um resultado trágico de cerca de um milhão de mortos.
 
O pacto foi assinado na capital italiana, Roma, pelo antigo Presidente moçambicano, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Joaquim Chissano, e pelo líder da Resistência Nacional de Moçambique (Renamo), agora principal partido da oposição, Afonso Dhlakama.
 
O ato resultou de intensas negociações iniciadas pelo primeiro chefe de Estado moçambicano, Samora Machel, que morreu num acidente aéreo, em 1986, mas foi Joaquim Chissano quem conduziu "a parte mais intensa da busca da paz".
 
"Não há dúvida nenhuma que a parte mais intensa da busca da paz, depois de todo o historial iniciado por (Samora) Machel, foi feita por mim. As novas estratégias aplicadas também foram pensadas por mim e a própria negociação foi orientada por mim. O camarada Armando Guebuza (atual Presidente moçambicano) era o mediador principal, o chefe da mediação, mas teve orientação e retaguarda feitas por mim", disse Joaquim Chissano numa recente entrevista à Rádio Moçambique.
 
A guerra civil iniciou-se em fevereiro de 1976, oito meses depois da proclamação da independência de Moçambique, a 25 de junho de 1975.
 
A longa busca pela paz remonta à década de 1980, quando o país ainda era dirigido por Samora Machel, mas foi em 1988 que foram reportados os primeiros contactos secretos entre líderes religiosos e representantes da Renamo sobre a possibilidade de encontros diretos com a Frelimo visando acabar com a guerra civil.
 
Nas vésperas da aprovação da primeira Constituição multipartidária (finais de 1989, documento que vigorou a partir do ano seguinte), líderes religiosos encontraram-se com Afonso Dhlakama, na principal base da Renamo, no centro de Moçambique, com quem discutiram sobre o imperativo do fim da contenda.
 
O Acordo Geral de Paz foi rubricado sob auspícios da Comunidade de Sant`Egídio e do Governo italiano, que se envolveram como mediadores do processo de paz, assegurando o primeiro encontro entre Joaquim Chissano e Afonso Dhlakama em agosto de 1992 em Roma.
 
Inicialmente marcado para ser assinado a 01 de outubro de 1992, o Acordo Geral de Paz teve um impasse de dois dias devido aos desacordos de alguns pontos do memorando, levando Afonso Dhlakama a ameaçar prosseguir com a guerra civil.
 
"É uma proposta que veio da Renamo à última da hora e eu próprio elaborei três protocolos e um deles era sobre a administração. Todos foram aceites pelos mediadores e estes não chegaram a informar a contraparte da Renamo de que os protocolos eram da nossa autoria (Governo). Se o tivessem dito, a Renamo teria rejeitado", lembrou Joaquim Chissano.
 
A 04 de outubro de 1992 Moçambique alcançou a paz com a assinatura do acordo.
 
MMT.

*O título nos Compactos de Notícias são de autoria PG

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