Jornal i - Lusa
O primeiro-ministro
deposto da Guiné-Bissau considerou hoje que a nomeação de José Ramos-Horta como
representante da ONU no país representa "uma nova réstia de esperança de
que haja paz e estabilidade" naquele Estado africano.
"A nomeação do
dr. Ramos-Horta é uma nova réstia de esperança de que haja paz e estabilidade
na Guiné-Bissau dada a experiencia que ele tem", disse Carlos Gomes Júnior
à Lusa.
"Contamos com
todo o seu apoio para que haja efetivamente paz definitiva e
estabilidade", reiterou.
O secretário-geral
das Nações Unidas, Ban Ki-moon, designou no último dia de 2012 o ex-presidente
timorense José Ramos-Horta como seu representante especial na Guiné-Bissau,
para liderar a missão da UNIOGBIS -- criada para consolidar a paz no país.
Na segunda-feira,
após uma visita à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em
Lisboa, Ramos-Horta, admitiu que será difícil mobilizar a comunidade
internacional para apoiar o processo eleitoral na Guiné-Bissau e mostrou-se
favorável a um adiamento das eleições.
Afirmou ainda que
os países africanos, nomeadamente a Guiné-Bissau, são vítimas dos países
produtores e consumidores de droga e que estes têm que fazer mais para combater
o narcotráfico.
Hoje, escusando-se
a comentar estas últimas declarações, Carlos Gomes Júnior concordou com o
representante da ONU sobre as dificuldades de conquistar o apoio financeiro da
comunidade internacional para as eleições guineenses.
Recordou que na
primeira volta das eleições presidenciais de 2012, havia uma estimativa de que
seriam necessários cinco milhões de dólares para a realização desse ato.
"Agora o
governo de transição fala de uma estimativa de cerca de 20 milhões de dólares
para a realização de todos os atos eleitorais e nós pensamos que, dada a crise
que existe na comunidade internacional neste momento, será difícil conseguir
apoio para o montante que está a perspetivar-se", disse.
No entanto, afirmou
que os responsáveis da Comissão Nacional de Eleições se
pronunciarão, "a devido tempo", sobre se há ou não condições
para a realização das eleições.
As eleições
presidenciais de 2012 foram interrompidas por um golpe de Estado, a 12 de
abril, quando Carlos Gomes Júnior, que obtivera 49% dos votos na primeira
volta, se preparava para defrontar Kumba Ialá na segunda volta.
Desde então, Gomes
Júnior está exilado em Portugal.
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