segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Angola: EMPRESAS DESCONHECEM APOIOS PÚBLICOS

 

Ricardo David Lopes – Sol, com foto
 
Pouco mais de um ano após a entrada em vigor da legislação que cria mecanismos de incentivo às micro, pequenas e médias empresas (MPME) angolanas, no âmbito do programa Angola Investe, nenhuma empresa se candidatou a receber apoios institucionais.
 
De acordo com Mara Almeida, assessora do Ministério da Economia para os apoios institucionais e incentivos fiscais do Angola Investe, existem já cerca de cinco mil MPME certificadas pelo INAPEM, o organismo responsável pela sua classificação numa destas categorias, em função da sua facturação e/ou dimensão em termos de colaboradores.
 
A certificação é um dos passos obrigatórios para que se possam candidatar mas, «provavelmente por desconhecerem os apoios existentes», os empresários não ‘bateram à porta’ das empresas públicas e ministérios, ou de determinadas empresas privadas envolvidas, a reclamarem acesso às vantagens de que podem usufruir. E são várias.
 
De acordo com a Lei 30/11, de 13 de Setembro, o Estado e as entidades públicas – incluindo empresas – «devem destinar, no mínimo, 25% do seu orçamento relativo à aquisição de bens e serviços para as MPME».
 
Privados também entram
 
Mas também os privados de grande dimensão estão obrigados a colaborar com este esforço do Executivo em promover o desenvolvimento das MPME e dos empreendedores angolanos. A Lei determina que estas empresas, nos contratos de fornecimento de bens e serviços ao Estado obtidos por meio de concurso, reservem «no mínimo 10% do valor dos contratos para MPME», a adjudicar por consulta ao mercado em regime de concurso público.
 
O incumprimento desta norma, explica a lei, é ‘pesado’: pode determinar que as empresas fiquem «impedidas de participar em concursos públicos promovidos pelo Estado e demais entidades púbicas por um período não inferior a dois anos».
 
Apesar de não haver candidaturas – o que está a causar «perdas potenciais de negócio às empresas» –, Mara Almeida acredita que existam casos de MPME que estão a fornecer serviços e bens ao Estado ou a entidades públicas, mas desconhecendo ter direito a enquadrar-se no Angola Investe – o que lhes daria acesso a mais receita.
 
Sair da informalidade
 
Em todo o caso, a responsável considera positivo que existam já cinco mil empresas certificadas. «Ao promovermos a certificação, estamos a retirar empresas do mercado informal [paralelo], o que constitui uma vantagem». De acordo com um levantamento do Governo, existirão cerca de 50 mil MPME em Angola, pelo que as certificadas serão 10% do total.
 
E lança um apelo: «As empresas devem procurar informar-se sobre os mecanismos de apoio e candidatar-se a eles», porque se foram criados pelo Executivo, servem para ser usados.
 
A Lei define como micro-empresas as que empreguem até 10 trabalhadores e/ou tenham uma facturação bruta anual não superior a 250 mil dólares, ou equivalente em kwanzas; as pequenas têm entre 10 e 100 colaboradores, e facturam entre 250 mil e três milhões de dólares. As médias deverão ter mais de 100 trabalhadores e/ou uma facturação bruta anual acima de três milhões e abaixo de 10 milhões de dólares. Prevalece é o critério da facturação.
 
O Angola Investe prevê mais dois tipos de incentivos: fiscais e em linhas de crédito bonificadas, eventualmente com recurso a garantias públicas. Nestes capítulos, o programa está a ter mais sucesso.
 

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