FPA - EJ - Lusa, com foto
A responsável da
ONU para o clima alertou hoje os 194 países representados na conferência de
Doha sobre alterações climáticas que "o tempo está a esgotar-se" e
que é mais seguro e mais barato atuar já.
No primeiro dia da
18.ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas, que começou hoje em Doha
com 17.000 participantes, Christina Figueres deixou o alerta: "A porta
está a fechar-se rapidamente porque o ritmo e a dimensão da ação simplesmente
não estão onde deviam estar".
Nos dias que
antecederam a conferência, organizações internacionais como a ONU e o Banco
Mundial e especialistas em clima deixaram alertas sobre as consequências de um
falhanço dos esforços de mitigação das alterações climáticas.
Um aumento da
temperatura média em quatro graus centígrados e o surgimento cada vez mais
frequente de tempestades como o furacão "Sandy", que em outubro
deixou 40 mortos e um rasto de destruição na costa leste dos Estados Unidos e
em vários países das Caraíbas, foram apenas alguns dos cenários traçados.
"Todos estes
relatórios concordam que é preferível agir já porque será mais seguro e menos
caro do que adiar", disse Figueres, em conferência de imprensa.
O presidente da
conferência, Abdullah al-Attiya, do Qatar, sublinhou o cariz histórico da
reunião de Doha, que considerou ser de "importância crucial".
"Devemos
trabalhar com seriedade nas próximas duas semanas... ser flexíveis e não nos
perdermos em assuntos marginais", disse.
Em cima da mesa das
negociações está o futuro do Protocolo de Quioto, o único pacto vinculativo
para reduzir as emissões de dióxido de carbono.
O protocolo, cuja
vigência termina a 31 de dezembro, obriga 40 países ricos e a União Europeia a
uma redução média de 5% nas emissões de gases com efeitos de estufa,
relativamente a valores de 1990, mas os críticos consideraram-no um falhanço
por não incluir os três maiores emissores: os EUA nunca o ratificaram e a China
e a Índia não estão abrangidas pelas metas obrigatórias.
Alcançar agora um
acordo sobre um segundo período de vigência do protocolo de Quioto permitirá
aos países focar-se em procurar consensos para um novo acordo, a assinar em
2015 e a entrar em vigor em 2020.
No entanto, são
muitas as discordâncias sobre quanto tempo deve o segundo protocolo de Quioto
durar e qual a dimensão das obrigações, pelo que os especialistas esperam
poucos avanços da reunião de Doha, que se prolonga até 07 de dezembro.
A União Europeia, a
Austrália e alguns países mais pequenos admitem assumir novos compromissos num
segundo período de Quioto, mas a Nova Zelândia, o Canadá, o Japão e a Rússia
rejeitam a ideia.
"Em Doha, os
governos devem chegar a acordo sobre a continuação do protocolo de Quioto e
fechar as lacunas que dão aos países um livre-trânsito para poluir durante
anos", alertou Martin Kaiser, da organização ecologista Greenpeace.
"No final de
um ano que viu os impactos das alterações climáticas devastar casas e famílias
por todo o mundo, a necessidade de ação é óbvia e urgente", acrescentou.
Os negociadores - a
que se juntarão, nos últimos quatro dias da conferência, ministros de mais de
100 países - deverão também delinear um plano de trabalho para chegar a um novo
acordo climático nos próximos 36 meses.
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