Maria Luiza Rolim - Expresso
Presidente do
Brasil determinou o afastamento de funcionários públicos acusados de organização
criminosa e corrupção pela Polícia Federal. Seis dos 18 suspeitos já estão
detidos.
Ainda o julgamento
do 'mensalão' vai no adro, encontrando-se na fase da aplicação das penas, e
novo escândalo de corrupção abala o Brasil. A Polícia Federal brasileira (PF),
no âmbito da Operação Porto Seguro, deteve na passada sexta-feira seis das 18
pessoas acusadas num novo esquema criminoso em organismos federais para
favorecer interesses privados na tramitação de processos. As detenções foram
efetuadas em São Paulo ,
Santos e Brasília.
A Presidente do
Brasil, Dilma Rousseff, já demitiu quatro dos 11 funcionários públicos
envolvidos e afastou dois.
De acordo com a
investigação, os acusados atuavam de forma organizada em sete organismos
federais, onde técnicos 'vendiam' pareceres fradulentos para permitir a
realização de obras irrregulares, que de outra forma seriam 'chumbadas', ou
fechar contratos a favor de empresas privadas.
Chefe do gabinete
da Presidência em São Paulo
já foi demitida
Os suspeitos vão
responder, de acordo com as suas ações, pelos crimes de corrupção e passiva,
formação de quadrilha, tráfico de influência, violação de sigilo profissional,
falsidade ideológica e falsificação de documento particular, cujas penas podem
ir de dois a 12 anos de prisão.
Dilma Rousseff,
através de nota oficial divulgada pelo Palácio do Planalto, determinou que os
acusados serão afastados ou exonerados de suas funções, devendo responder a
processos disciplinares. Todos os organismos envolvidos deverão abrir
inquéritos para apurar responsabilidades, além de verificar se outros funcionários
estão envolvidos.
Entre os demitidos
está a chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo , Rosemary
Nóvoa de Noronha, acusada de corrupção e tráfico de influência. Há suspeitas,
ainda não confirmadas, de que o seu marido, que trabalha na Empresa Brasileira
de Infraestrutura Aeroportuária esteja também envolvido no esquema.
Foi também demitido
o advogado-geral substituto da Advocacia-Geral da União (AGU), José Weber
Holanda; e afastados o diretor da Agência Nacional das Águas (ANA), Paulo Rodrigues
Vieira; e o seu irmão, Rubens Rodrigues Vieira, diretor da Agência Nacional de
Aviação Civil (ANAC). Os três já estão presos.
As demissões estão
oficializadas na edição de hoje do "Diário Oficial da União", que
aponta ainda para a exoneração do consultor jurídico do Ministério da Educação
e de uma assessora da Secretaria de Património da União.
Na AGU foi montado
um gabinete de crise para avaliar a extensão dos danos da atuação do seu número
dois, que teve todos os computadores e discos rígios apreendidos pela PF.
O Governo também
criou uma comissão de três membros - um analista
de finanças, um procurador federal e um advogado - para investigar as irregularidades descobertas pela Polícia Federal.
de finanças, um procurador federal e um advogado - para investigar as irregularidades descobertas pela Polícia Federal.
Tentáculos em sete
organismos federais
Segundo o
superintendente regional da PF de São Paulo, há provas de corrupção passiva por
parte de servidores da ANA, ANAC, AGU, Agência Nacional de Transportes
Aquaviários (ANTAC), Secretaria do Património da União (SPU), Tribunal de
Contas da União (TCU) e Ministério da Educação e Cultura (MEC).
A Operação Porto
Seguro, deflagrada no dia 23, teve por objetivo desmantelar uma rede criminosa
infiltrada em sete organismos federais. Foram feitas buscas e apreendidos
documentos no gabinete de Rosemary Nóvoa de Noronha no escritório da
Presidência da República em
São Paulo ; no gabinete de José Weber Holanda na sede da AGU
em Brasília; no gabinete do diretor da ANA; e no gabinete do diretor da ANAC.
A PF apreendeu 18
malas grandes com documentos, além de discos rígidos e computadores. Foram
também confiscados dois veículos. A Operação Porto Seguro mobilizou 180 agentes
e delegados da PF para excutar seis mandatos de prisão e 43 de buscas e
apreensão.
Estão ainda sob
investigação funcionários dos Correios, da Secretaria do Património da União,
da AGU e do Ministério da Educação.
Arrependido
denunciou o esquema
Segundo a PF, a
investigação teve início quando um servidor do Tribunal de Contas da União
(TCU) procurou a polícia para dizer que havia sido contactado por terceiros
interessados em comprar um parecer técnico, pelo qual seria recompensado com
300 mil reais (pouco mais de 112 mil euros). Admitiu que chegou a elaborar o
documento e a receber a primeira parcela, de 100 mil reais (37mil euros) mas
arrependeu-se e decidiu denunciar o caso.
Durante a
investigação, os agentes chegaram à conclusão de que não se tratava de um caso
isolado. De acordo com a polícia, tratava-se de crime organizado. Ou seja,
havia um grupo que prestava serviços para empresários com interesses em ações
como a agilização de processos ou a elaboração de pareceres técnicos.
Dois funcionários
públicos - um da ANA e outro da ANAC -tinham a função de contactar outros
servidores de órgãos públicos federais. Os demais membros da quadrilha encarregavam-se
de contactar os empresários ou pessoas físicas interessadas.
A operaçáo deve
concluir-se em 60 dias.
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