Deutsche Welle
É possível
erradicar a SIDA no mundo. É, pelo menos, o que afirma a agência da Organização
das Nações Unidas (ONU) para a SIDA, no seu relatório global sobre a epidemia.
O relatório,
publicado na terça-feira, 20 de novembro, admite, no entanto, que, apesar das
melhorias, há ainda muitos desafios, principalmente em África.
O relatório da
agência das Nações Unidas para a SIDA revela progressos importantes alcançados
no combate à epidemia que levam os responsáveis a acreditar num futuro travão à
propagação da doença.
Pelo menos dois
milhões e meio de pessoas contraíram o vírus em 2011, números que confirmam a
tendência decrescente das novas infeções que, numa década, caíram 20 por cento.
Um facto confirmado pela diretora do departamento de Direitos, Gênero e
Mobilização da Comunidade da ONUSIDA, Mariângela Simão, que, em conversa com a
DW África, destacou a redução das taxas de transmissão do vírus em 25 países,
13 dos quais, em África: “Nos países com uma resposta mais agressiva, já se
observa a redução no número de casos novos”.
Progresso no
combate também em África
Simão realça que a
resposta adequada e os investimentos no “lugar certo” permitem que se inverta o
rumo da epidemia. Para os sucessos já registados, explica a responsável,
contribuiu a expansão do tratamento da doença a nível mundial, com destaque,
também, para o caso africano “Muito importante foi esse aumento de cobertura do
tratamento da doença de 63 por cento em dois anos, sobretudo na África
subsaariana.
Uma vantagem é a
conscientização das populações, que se aperceberam de que esta doença tem
tratamento. O que acaba por se repercutir também na contenção da propagação,
explicou a especialista à DW África.
Uma lição de
Moçambique para o mundo
Quanto aos países
africanos de língua portuguesa, Moçambique e Angola continuam a ser apontados
como países onde a ONU “não pode baixar a guarda” apesar dos resultados
positivos. Em ambos os casos, de acordo com as Nações
Unidas, é
necessário apostar mais na prevenção. Ainda assim, de acordo com Mariângela
Simão, Moçambique tem algo de positivo para ensinar ao mundo: “Neste país há
algumas iniciativas com uma ênfase no envolvimento da comunidade no
acompanhamento do tratamento”. Estas iniciativas mostraram que ao final de dois
anos 98% dos pacientes continuavam em tratamento, salienta Simão, que remata:
“Isso é uma lição para o mundo”.
Guiné-Bissau entre
os piores
Em sentido oposto
surge a Guiné-Bissau, juntamente com países como o Bangladesh, Geórgia ou
Indonésia, que viram aumentar o número de novas infeções em 25 por cento. Para
contrariar esta tendência e aproximar-se do “fim da SIDA”, diz a diretora da
ONU, o mundo tem de continuar a apostar numa solução combinada: “Como o
tratamento provou que também tem um efeito positivo na prevenção, nós partimos
de um conjunto de fatores que fazem parte daquilo que nós chamamos a “prevenção
combinada”. O tratamento é um desses fatores” diz Simão e explica quais são os
outros que podem estar a ajudar a diminuir o número de infeções: “O uso de
preservativos e a postergação da iniciação sexual”.
África subsaariana
ainda é a região mais afetada no mundo
No ano passado
viviam, em todo o mundo, 34 milhões de pessoas infetadas com o HIV, mais de 23
milhões dos quais na África subsaariana. O relatório da agência das Nações
Unidas, que foi divulgado esta terça-feira em Genebra em antecipação do Dia
Mundial da SIDA, que se assinala a 1 de dezembro, mostra que a África
subsaariana se mantém como a região mais afetada em todo o mundo com um em cada
20 adultos infetados com o HIV.
Autor: Maria João
Pinto - Edição: Cristina Krippahl/António Rocha
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