Há exatamente cinco
anos que Ramos Horta jazia no chão quase em frente à sua casa em Díli. Fora
atingido por balas mortais que só por milagre lhe permitiram escapar com vida.
Também por essa hora jaziam no jardim de sua casa, a uns escassos metros, o major
Alfredo Reinado e o seu homem de confiança, Leopoldino Exposto. Ambos
assassinados com disparos à queima-roupa. Disparados por quem os aguardava e
cumpria as ordens daquele ou daqueles que prepararam a emboscada ao major
dissidente mas que anteriormente fora aliado de Xanana Gusmão.
As armas dos crimes
nunca foram encontradas. Todas as provas existentes foram cuidadosamente
contaminadas ou deram-lhes sumiço – algumas através de um encenado
desaparecimento após assalto noturno a instalações do Ministério Público.
Passaram 5 anos
desde o 11 de Fevereiro de 2008. Tudo foi sanado. Ramos Horta está vivo e com
alguma saúde. Está prestes a chegar à Guiné-Bissau em representação do SG da
ONU para aplacar os ódios e as ações criminosas de militares e políticos
desavindos. Se não serve em Timor-Leste com as suas competências e
conhecimentos pois que seja útil aos irmãos lusófonos e ao mundo. Digamos que é
a retribuição da solidariedade que ele foi encontrando ao longo de mais de duas
dezenas de anos em prol da libertação de Timor-Leste. E ele gosta disso. Gosta
de receber, como todos os humanos, mas também tem enorme vocação para oferecer
e se dar. Ser solidário, coloquial, pacifista, apaziguador… A Guiné-Bissau, se
quiser, está em muito boas mãos. Estimem-no e respeitem o esforço que ele vai
despender para que o país tão desavindo entre nos carris da paz, da democracia,
da justiça e do desenvolvimento. O povo guineense é o que deseja e merece.
Em jeito de
“levantar” o passado e os crimes que estão por apurar completamente e resolver
com justiça, punindo os verdadeiros criminosos, trazemos da memória do TLN
textos e peças jornalísticas alusivas ao tema do 11 de Fevereiro de 2008. Para
os que se interessarem têm o que ler com fartura. Sobre a justiça que está por
fazer… Talvez voltemos ao assunto. Desfrutem do que existe sobre o triste
passado e regozijemo-nos ao menos por Ramos Horta ter “ressuscitado” e estar
entre nós a fazer aquilo que sabe e gosta. (BG-TLN)
O 11 DE FEVEREIRO
DE 2008, O MEDO DAS PALAVRAS E DA VERDADE
BEATRIZ GAMBOA
TRÊS ANOS DEPOIS
ONG DIVULGA
CONCLUSÕES “BRILHANTES”, E QUEM MAIS?
Sobre os acontecimentos do 11 de Fevereiro de 2008, em Dili, foi ontem notícia
que o “processo judicial dos atentados de 11 de fevereiro de 2008 em
Timor-Leste "violou" o direito a um julgamento justo, conclui o
relatório de uma ONG timorense, que sublinha a "incapacidade" da
justiça em determinar quem baleou o Presidente Ramos-Horta.” A notícia em
português é da Agência Lusa. Texto que encontrará a seguir. Também em inglês,
mais elaborado, no título WHO
SHOT JOSÉ RAMOS HORTA? , compilado de EJBTL.
Sobre o que é
afirmado não registamos novidades mas, mesmo assim, ainda muito comedimento nas
palavras e termos empregues. Três anos volvidos sabe-se que o processo do “caso
11 de Fevereiro” foi a fabricação de uma farsa em que os juízes do Tribunal
Distrital de Dili também colaboraram e que teve no Ministério Público, no então
procurador-geral Longuinhos Monteiro e outros, os manipuladores do produto
defeituoso chegado aos juízes mansos.
Desde sempre que
elementos da anterior equipa que deu origem a esta nova Fábrica dos Blogues
demonstraram a farsa. Desde sempre que os juízes souberam que iam deparar-se
com uma farsa. Desde sempre se soube que os verdadeiros responsáveis pelo 11 de
Fevereiro não estavam incluídos no processo. Desde sempre se soube que não
foram elementos do grupo de Alfredo Reinado que disparam contra o PR Ramos Horta.
Desde sempre houve conhecimento de que Alfredo Reinado e Leopoldino Exposto
foram executados. Desde sempre se percebeu as incongruências do atentado em
Balibar, na estrada e na residência de Gusmão. Os acontecimentos, ali, não
foram um atentado mas sim quase tudo inventado. A quem interessaria inventá-lo?
Armas
desaparecidas, provas contaminadas, um magistrado do Ministério Público
absolutamente consonante com a farsa, que até negou ter estado na autópsia de
Alfredo Reinado como numa alegre comemoração e que posteriormente, confrontado
com imensas fotografias comprovativas da sua presença, acabou por alegar que
“agora com o fotoshop tudo é possível". Coube aos juízes do TDD pactuarem
com o magistrado comprovadamente mentiroso, nisso e em muito mais, ao longo do
julgamento. Para que a farsa terminasse em conformidade com os interesses dos
poderosos no poder.
Muito se disse,
muito foi demonstrado. Agora vão surgindo algumas “vozes comemorativas” a
dizerem meias verdades, mas que naquele momento também se calaram e nem tudo,
do processo e julgamento, monitorizaram a sério. Não, que se tivesse dado pela
sua presença permanente em monitorização, muito menos em contribuir para que a
farsa não fosse muito mais além. Pelo que foi visto e se sabe.
Para o próximo ano
os mesmos ou outros avançam com mais algumas afirmações e “novidades” na
“comemoração do 11 de Fevereiro”. Quando e se Gusmão e Horta não forem governo
nem presidente até é provável que comecem a experimentar serem “atrevidos”.
Resta-nos esperar e ver o que vão trazer de “novidade”. Nunca dirão que houve
os que armaram uma cilada ao grupo de Alfredo Reinado com o intuito de o
assassinar e que aproveitaram para “arrumar” Ramos Horta na “confusão”. Ramos
Horta terá tido o seu importante contributo na cilada sem saber que também
estava na mira das armas. Tudo o resto é da responsabilidade de quem detinha e
ainda detém o poder. Aguardemos, o tempo virá comprovar de que lado está a
verdade. Pelo menos alguma da verdade.
Foto: O cadáver do
major Alfredo Reinado, razão da pose prazenteira dos figurões focados. Uma foto
que, alegadamente, nunca existiu - segundo foi afirmado pelo magistrado do
MP... Naquele julgamento prevaleceu a mentira e a injustiça.
*Também publicado
em reposição no TIMOR LOROSAE NAÇÃO. Ver
títulos mais recentes em português:
Sem comentários:
Enviar um comentário