Filipe Morais –
Jornal i, com Lusa
Estudo mostra que
dois quintos do território têm “muito baixa densidade”
O estudo é do
Instituto do Território e já está no gabinete do primeiro-ministro, com uma
conclusão que pode ser preocupante: há dois quintos do território continental
que têm “muito baixa densidade”, segundo 15 critérios que tiveram em conta os
perfis territorial, demográfico, de povoamento, socioeconómico e de
acessibilidade. O território do continente tem uma área de 92 mil km2, pelo que
quase 37 mil km2 estarão nesta situação.
O trabalho feito
pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro refere que o território de
muito baixa densidade é “marcadamente rural, climaticamente severo, com uma
população envelhecida e em perda, de povoamento escasso e disperso,
funcionalmente periférico e com uma acessibilidade decrescente aos principais
serviços e bens públicos, economicamente marginal e dependente de uma
agricultura de subsistência e/ou das prestações sociais públicas”. O interior
do continente é o mais afectado, tal como algumas “regiões de transição”,
segundo explicou Luís Ramos, o coordenador do estudo, à Lusa. Além da
demografia, os problemas são também “económicos de acesso a bens e serviços
fundamentais”. O investigador adianta que o estudo foi entregue ao gabinete do
primeiro-ministro e diz que “o governo está a analisar a proposta, no sentido
de lhe dar corpo em termos de políticas públicas. Desde que aceite este
conceito, poderá utilizá-lo na preparação do próximo quadro e outras medidas
políticas, como as questões que têm a ver com uma reorganização ou o acesso aos
serviços públicos dos vários territórios”.
Luís Ramos deixa
ainda uma ideia, de que as políticas públicas “não têm necessariamente de
passar por mais despesa, mas por compreender que as lógicas da alta densidade não
devem ser idênticas às lógicas em zonas do país onde não há o mesmo número de
quadros, de empregos e de pessoas. Tem a ver com a racionalização de custos,
garantindo que no interior não se fazem políticas de investimento que depois se
traduzem em custos de manutenção incomportáveis”. Com Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário