De 2011 para 2012,
a despesa das administrações públicas aumentou dois mil milhões de euros, numa
altura em que o País passava por vários sacrifícios. Os números foram
desvendados por Luís Valadares Tavares, em comentário na TVI24, ao lado de
Medina Carreira.
O convidado desta
semana no programa ‘Olhos nos Olhos’ da TVI24, Luís Valadares Tavares,
constatou, tendo por base dados do Ministério das Finanças, que em 2012 o
Estado gastou “mais dois mil milhões de euros” do que no ano anterior, em
grande parte na “aquisição de bens e serviços, como informática, automóveis,
viagens, serviços de segurança e limpeza”. Isto “no ano de todos os
sacrifícios”, em que “as despesas com pessoal diminuíram”.
Para o aumento da
despesa de 13 para 15 mil milhões de euros contribuíram, principalmente, os
serviços e fundos autónomos. Segundo o professor do Instituto Superior Técnico,
“o problema está nos institutos e empresas públicas”, porque se trata de uma
“administração menos controlada e com maior autonomia”. A pesar menos na
balança estão as administrações regional e local e a administração pública
directa.
Surpreendido com os
resultados das contas públicas, Valadares Tavares questionou: “Perguntando aos
portugueses olhos nos olhos, quem é que não consegue poupar 10% nas compras que
faz? Como é que o estado comprou mais?”. O mesmo acabou por responder
provocatoriamente à questão, garantindo que se tal aumento se tivesse evitado,
“o défice podia ter sido reduzido”.
Olhando para a
Irlanda como um bom exemplo, o professor afirmou que aquele país “tem um
departamento de gestão da despesa pública e da reforma do estado”, que “mês a
mês vai controlando e gerindo a despesa”, algo que também deveria acontecer em
Portugal, onde “a direcção-geral do orçamento é diferente de controlar a
máquina da despesa”.
Valadares Tavares
acrescentou, ainda, que os países anglo-saxónicos e nórdicos têm dois
organismos – um para controlar a receita e outro para controlar a despesa- e
que nesta segunda dimensão [controlo da despesa] Portugal é deficitário”.
Na perspectiva de
Medina Carreira, também comentador no programa, é necessário que os gastos
sejam muito bem justificados e é preciso haver uma maior fiscalização. “Em
Portugal, temos a mania de explicar coisas que por muita explicação que se dê
não se entendem, como orçamentar obras por cem e gastar 400”, insurgiu-se o
jurista, que considera que “no Euro 2004, em que se construíram 10 estádios em
Portugal, não houve gente com cabeça que mandasse”.
“É com muitas
dessas que hoje falimos e temos muitos pensionistas e muitas pessoas a
protestar. Se fosse hoje, não sei se o povo aprovaria”, concluiu o comentador
da TVI24.
Notícias ao Minuto
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