terça-feira, 19 de novembro de 2013

Zona especial em Timor-Leste está dependente de enquadramento legal - Mari Alkatiri

 

Sofia Branco, da agência Lusa
 
Lisboa, 19 nov (Lusa) -- Timor-Leste ainda precisa de enquadramento legal para avançar com a Zona Especial de Economia Social de Mercado no enclave de Oecussi, disse à Lusa o ex-governante timorense e coautor do projeto Mari Alkatiri.
 
Na sexta-feira, a Fundação Lusitânia, instituição sem fins lucrativos portuguesa, anunciou que vai criar, a partir de 2014, duas Zonas Especiais de Economia Social de Mercado (ZEESM): no Tarrafal, Cabo Verde, e em Oecussi, Timor-Leste, dois locais estratégicos para o combate global e sustentado à pobreza.
 
Segundo explicou à Lusa Rogério Matos e Guimarães, presidente da Lusitânia, estas zonas especiais "totalmente autossustentáveis" passam pela construção ou reabilitação de infraestruturas, como estradas, redes de saneamento, escolas, hospitais, aeroportos e portos, zonas residenciais e edifícios de escritórios.
 
Cabo Verde e Timor-Leste não foram escolhidos ao acaso, combinam "necessidade e capacidade" e situam-se em regiões onde podem representar um "valor acrescentado" para as comunidades que servem, frisou Rogério Guimarães.
 
Há dois anos e meio, a Lusitânia fez o primeiro contacto sobre as ZEESM com Timor-Leste e Mari Alkatiri acabou por ser coautor da "matriz" do programa. Em declarações à Lusa, por telefone, o agora membro do conselho científico da Lusitânia explicou que o projeto em Oecussi ainda está dependente de "enquadramento legal", daí que não tenha começado em 2013, como previsto no planeamento inicial.
 
"Não há atraso nenhum", desvalorizou Alkatiri, realçando que é preciso que "todo o quadro legal esteja claro para se poder avançar". Ora, "no caso de Timor-Leste, falta [esse quadro], porque é uma questão absolutamente nova e têm de se adequar as leis para criar incentivos novos e atrair investimento", justificou.
 
"As autoridades timorenses estão a trabalhar nesse sentido", afiançou, reconhecendo que o tempo é escasso. "A verdade é que estamos a menos de um ano de execução de todo esse programa e menos de um ano não é muito tempo para se começar com algo de novo", admitiu, sendo certo que, em 2014, o Estado de Timor-Leste "irá avançar para criar as infraestruturas básicas para se poder acolher o programa".
 
As ZEESM não são "um projeto para Oecussi", mas "para toda a subregião", sublinhou Alkatiri, notando que os modelos de desenvolvimento adotados até agora "fracassaram" e, por isso, "há que encontrar uma síntese".
 
Na segunda-feira, Alkatiri encontrou-se com uma delegação do Banco Mundial -- que acolheu "muito positivamente" a ZEESM - "para estudar questões técnicas", o que revela que a iniciativa "tem sido muito bem recebida a nível internacional".
 
Com um investimento inicial de três mil milhões de euros para cada ZEESM, garantido na totalidade por privados no caso de Cabo Verde e com um terço de fundos públicos no caso de Timor-Leste, os autores do programa pretendem provar a eficácia de um modelo de desenvolvimento que alie criação de riqueza e combate à pobreza.
 
Sendo expectável que, num primeiro momento, nem todas as reações à nova proposta sejam boas, "no dia em que a compreenderem, vão chegar à conclusão que todos vão ganhar com isso", acredita Alkatiri.
 
"Há muitos e muitos milhões de pessoas que vivem numa pobreza absoluta. Se conseguirmos realmente elevar a qualidade de vida dessas pessoas significa que estamos a alargar o mercado a nível internacional, é dessa forma que deve ser pensado", sugere.
 
SBR // VM – Lusa – foto em cache Lusa
 

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