Balneário Público
Morrerem mais
portugueses que mal conseguem sobreviver em Portugal é bom ou é mau? Para o
governo é bom. Quantos menos formos melhor, principalmente se formos pobres,
pensionistas, velhos caquéticos, doentes, deficientes de toda a espécie,
desempregados, sem-abrigo a comerem na Sopa do Mota Soares, etc, etc. É mau para
as famílias, para os amigos que convivem na miséria com o então defunto. É mau
para a Santa Casa da Misericórdia porque tem de subsidiar os imensos funerais
aos pobrezinhos (mas a médio prazo compensa porque já não tem de os aturar nem
dar a tal paupérrima ajuda na miséria, quando dá). É bom para o próprio (o
depois defunto) porque acaba o seu sofrimento, o seu martírio, a sua pena
ditada por políticos, por um governo e Presidente da República recheados de
sacanice e indiferença por uma vasta maioria dos seus concidadãos. O rol de
aspetos bons e maus, quando os portugueses da plebe morrem, são inúmeros. Acaba
aqui a inclusão desse rol porque a abordagem que há para fazer tem que ver com
um título de jornal, o i online. Diz ali: Tabaco responsável por 10.600 mortes em Portugal em 2012.
Isso é bom ou é mau? Lá voltamos ao mesmo e não é o que quero. A resposta: É
bom e é mau. Já inscrevi no texto alguns desses aspetos. Neste caso é bom para
o governo. Foram mais 10.600 pobretanas que “marcharam” para o Belzebu ou para
o São Pedro e que, principalmente, deixaram de pesar no Orçamento de Estado.
Como eram uns tesos poucos ou nenhuns impostos pagavam. “Que alívio”. Devem
exclamar em coro os presentes no Conselho de Ministros. Neste caso, ainda para
mais, eram uns fumadores inveterados. Após o tal coro quase podemos apostar que
algumas daquelas cabeças de conteúdo fétido e atroz devem ter magicado que melhor
seria, já que o tabaco mata que se farta, inscrever nos maços de cigarros dos
pobretanas, os mais baratos, algo do género: Por favor fume, mate-se depressa.
Seja patrótico. “Era uma boa ideia”. Podemos imaginar que terá pensado Cavaco
Silva, o tal Presidente da República que é só de alguns portugueses daquela
espécie de república que ele considera representar. Ainda para mais porque no
desenvolvimento da notícia, no i online, é acrescentado que “A região do
Alentejo era, em 2011, a que tinha uma mais elevada taxa de mortalidade por
doenças associadas ao tabaco, de acordo com uma nota hoje divulgada sobre o
relatório “Portugal – Prevenção e Controlo do Tabagismo em Números”, que será
apresentado na terça-feira em Lisboa.” Mas que boa maneira de acabar com os
comunistas alentejanos. Deve ter pensado alguém lá daquela roda do Conselho. E
onde haverá mais comunistas para se pôr os gajos a fumar? Deve ter perguntado o
morador em Belém. Conjeturas, delírios de quem está por aqui a preencher este
Balneário Público. Por favor, não fumem. Não queimem tabaco. Em vez disso
“queimem” o governo e o Presidente da República. Viremos esta terrível página
do presente e do futuro de Portugal. Não façam a vontade ao governo. Não
emigrem. Não fumem. Não morram.
Zara Bettencourt
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