domingo, 6 de abril de 2014

Portugal: RTP prevê que até maio haja decisão sobre despedimento coletivo




O presidente da RTP, Alberto da Ponte, garante que até maio a empresa saberá se avança com um despedimento coletivo e, em entrevista à Lusa, apela para que até àquela data seja encontrado «um caminho» com os sindicatos.

Questionado sobre se há uma data a partir da qual se possa considerar que o despedimento coletivo é inevitável, Alberto da Ponte afirmou: «Acho que não pode passar do mês de maio».

Sobre se isso significa que as negociações para o novo Acordo de Empresa (AE) têm de estar concluídas até maio, o gestor disse que «tem de haver, pelo menos, um caminho».

Ou seja, é preciso ter encontrado «uma luz evidente que podemos ir por ali, ou então teremos de invocar um orçamento retificativo. O que temos mantido enquanto administração e continuaremos a manter é que não queremos sacrificar nos custos de grelha», acrescentou, sublinhando que «o despedimento coletivo é algo que nunca pode ser posto de parte».

O AE da RTP foi denunciado em março de 2013, decorrendo atualmente negociações, tendo os sindicatos convocado um plenário para 09 de abril.

Questionado sobre se existem negociações para cortar regalias decorrentes do AE, Alberto da Ponte disse que neste âmbito, se houvesse acordo, poderia ser possível obter poupanças.

Sem citar regalias em específico, o gestor adianta que «se houvesse um corte de regalias que considerasse razoável» poderia obter-se por via negocial uma poupança de qualquer coisa "como seis a oito milhões de euros".

Isso «já era uma contribuição muito boa, equivaleria a poupar o custo social do despedimento, uma preocupação que está sempre presente. Cada trabalhador da RTP custa, em média, cerca de dois mil e tal euros por mês, portanto não é difícil fazer as contas», explicou.

Se for possível «poupar cerca de 24 mil euros por mês, estamos a impedir a saída de 10 trabalhadores, o que é importante», defendeu.

Por isso, «há um apelo lançado aos sindicatos no sentido de irmos para uma revisão» e essas negociações continuam, disse, admitindo, no entanto, que «não têm sido tão conclusivas» como "seria desejado".

Questionado sobre se existe uma garantia para os trabalhadores que após esta reestruturação não haverá novos cortes, Alberto da Ponte disse que da parte da RTP não haverá.

«Todos os cortes que os trabalhadores possam prever não resultarão da RTP, mas sim de cortes que possam vir do Orçamento do Estado», disse.

Por vezes, adianta o gestor, «é necessário pedir o sacrifício de todos para poupar custos sociais e é isso que fazemos intenção de pedir. Sei que muitas vezes esta administração é acusada pelos sindicatos de não ter um plano estratégico, mas o plano estratégico está claro» e todos podem lê-lo, defendeu Alberto da Ponte.

«Desde a altura em que foi feito e aprovado pelo Governo o Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento, a RTP tem prosseguido de uma maneira completamente firme, sem zigue-zagues», disse Alberto da Ponte, que adiantou que os resultados podem ser vistos em termos de audiências, inovação e, «sobretudo, num esforço financeiro enorme que se traduziu numa poupança de quase 100 milhões de euros de custos em dois anos», o que classificou de «impressionante».

Por isso, «desafio qualquer empresa, pública ou não pública, a dizer a mesma coisa».

Esta poupança foi obtida «com redução de pessoal, mas também com poupanças significativas da grelha, negociações muito aturadas com fornecedores e, sobretudo, com um sistema de planeamento muito rigoroso que passou a ser seguido», justificou.

Questionado sobre se caso o Tribunal Constitucional vier a chumbar os cortes nos salários a RTP tem como pagar a reposição, Alberto da Ponte disse que a empresa «terá de acomodar».

«Quando temos uma situação dessas temos de pensar sempre no plano B», afirmou, lembrando que a RTP prevê ter mais receitas comerciais que o orçamentado para 2014.

TSF

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