O presidente da
RTP, Alberto da Ponte, garante que até maio a empresa saberá se avança com um
despedimento coletivo e, em entrevista à Lusa, apela para que até àquela data
seja encontrado «um caminho» com os sindicatos.
Questionado sobre
se há uma data a partir da qual se possa considerar que o despedimento coletivo
é inevitável, Alberto da Ponte afirmou: «Acho que não pode passar do mês de
maio».
Sobre se isso
significa que as negociações para o novo Acordo de Empresa (AE) têm de estar
concluídas até maio, o gestor disse que «tem de haver, pelo menos, um caminho».
Ou seja, é preciso
ter encontrado «uma luz evidente que podemos ir por ali, ou então teremos de
invocar um orçamento retificativo. O que temos mantido enquanto administração e
continuaremos a manter é que não queremos sacrificar nos custos de grelha»,
acrescentou, sublinhando que «o despedimento coletivo é algo que nunca pode ser
posto de parte».
O AE da RTP foi
denunciado em março de 2013, decorrendo atualmente negociações, tendo os
sindicatos convocado um plenário para 09 de abril.
Questionado sobre
se existem negociações para cortar regalias decorrentes do AE, Alberto da Ponte
disse que neste âmbito, se houvesse acordo, poderia ser possível obter
poupanças.
Sem citar regalias
em específico, o gestor adianta que «se houvesse um corte de regalias que
considerasse razoável» poderia obter-se por via negocial uma poupança de
qualquer coisa "como seis a oito milhões de euros".
Isso «já era uma
contribuição muito boa, equivaleria a poupar o custo social do despedimento,
uma preocupação que está sempre presente. Cada trabalhador da RTP custa, em
média, cerca de dois mil e tal euros por mês, portanto não é difícil fazer as
contas», explicou.
Se for possível
«poupar cerca de 24 mil euros por mês, estamos a impedir a saída de 10
trabalhadores, o que é importante», defendeu.
Por isso, «há um
apelo lançado aos sindicatos no sentido de irmos para uma revisão» e essas
negociações continuam, disse, admitindo, no entanto, que «não têm sido tão
conclusivas» como "seria desejado".
Questionado sobre
se existe uma garantia para os trabalhadores que após esta reestruturação não
haverá novos cortes, Alberto da Ponte disse que da parte da RTP não haverá.
«Todos os cortes
que os trabalhadores possam prever não resultarão da RTP, mas sim de cortes que
possam vir do Orçamento do Estado», disse.
Por vezes, adianta
o gestor, «é necessário pedir o sacrifício de todos para poupar custos sociais
e é isso que fazemos intenção de pedir. Sei que muitas vezes esta administração
é acusada pelos sindicatos de não ter um plano estratégico, mas o plano
estratégico está claro» e todos podem lê-lo, defendeu Alberto da Ponte.
«Desde a altura em
que foi feito e aprovado pelo Governo o Plano de Desenvolvimento e
Redimensionamento, a RTP tem prosseguido de uma maneira completamente firme,
sem zigue-zagues», disse Alberto da Ponte, que adiantou que os resultados podem
ser vistos em termos de audiências, inovação e, «sobretudo, num esforço
financeiro enorme que se traduziu numa poupança de quase 100 milhões de euros
de custos em dois anos», o que classificou de «impressionante».
Por isso, «desafio
qualquer empresa, pública ou não pública, a dizer a mesma coisa».
Esta poupança foi
obtida «com redução de pessoal, mas também com poupanças significativas da
grelha, negociações muito aturadas com fornecedores e, sobretudo, com um
sistema de planeamento muito rigoroso que passou a ser seguido», justificou.
Questionado sobre
se caso o Tribunal Constitucional vier a chumbar os cortes nos salários a RTP
tem como pagar a reposição, Alberto da Ponte disse que a empresa «terá de
acomodar».
«Quando temos uma
situação dessas temos de pensar sempre no plano B», afirmou, lembrando que a
RTP prevê ter mais receitas comerciais que o orçamentado para 2014.
TSF
Sem comentários:
Enviar um comentário