A Índia, a maior
democracia do mundo, inicia na segunda-feira as eleições gerais do país com um
eleitorado a exigir mudanças depois de nos últimos anos o 'milagre indiano' ter
perdido força e quando a população espera mais dos seus líderes.
As sondagens dão ao
hindu Narendra Modi, principal candidato do partido da oposição, o Bharatiya
Janata Party (BJP), o favoritismo para dirigir o destino dos 1.210 milhões de
indianos para que o país recupere o dinamismo que o converteu em país
emergente.
Longe da euforia
vivida na primeira década deste século, o gigante asiático atravessa um período
de algum pessimismo com a desaceleração do crescimento económico, a ausência de
postos de trabalho, escândalos de corrupção e uma aparente falta de liderança
no topo da hierarquia governamental.
Cidadãos e
analistas apontam a culpa dos problemas ao Partido do Congresso e à dinastia
Nehru-Gandhi que depois de dez anos no poder chega agora às eleições muito
desgastada.
O chefe da campanha
do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, não irá, pelo menos agora, seguir a
tradição familiar do bisavô, avó e pai, que exerceram cargos de
primeiros-ministros no país asiático.
Aos 43 anos, o
delfim da dinastia que governou a Índia na maior parte do tempo da sua história
após a independência em 1947 não convence os eleitores devido a uma imagem de
inexperiência, mensagem confusa e falta de carisma.
À frente do
dinástico Rahul surge Modi, de 63 anos, que tem origens familiares humildes,
trabalhou com vendedor quando criança e transmite uma mensagem forte e de
liderança, tem experiência e consegue chegar às 'massas'.
O seu trabalho na
liderança do estado de Gujarat nos últimos 12 anos permitiram-lhe conquistar
reputação de bom gestor, forte caracter e apoiante da economia de mercado, o
que lhe valeu apoios oriundos das grandes fortunas e dos empresários do país.
A aposta de
Narendra Modi é o desenvolvimento económico, um slogan que 'assenta bem' num
país que no passado recente crescia a uma média de 8% ao ano e que no último
exercício fiscal não foi além dos 5%, o menos ritmo de crescimento da última
década.
Apesar de
diferentes investigações judiciais o terem absolvido, Narendra Modi tem,
contudo, um problema com as minorias étnicas que temem um líder que surgiu
associado à aceitação da matança de um milhar de muçulmanos mortos por radicais
hindus em 2002 em Gurajat, o seu estado.
Entre Rahul e Modi
está ainda Arvind Kejriwal, que lidera o partido do Homem Comum, que obteve
surpreendentes resultados na sua estreia eleitoral em dezembro, aquando das
municipais em Nova Deli, cidade que governou durante 49 dias, afastando do
poder, de forma 'humilhante', os homens do Partido do Congresso que lideravam a
cidade há 15 anos.
Nas eleições de
2014, 100 milhões de novos eleitores chegam às urnas numa votação que pode
acolher 814 milhões de votos.
A maratona
eleitoral prolonga-se por 36 dias, até 12 de maio, sendo que os resultados
deverão ser conhecidos a 16 de maio.
Por todo o país
estão preparados 930.000 colégios eleitorais, mais 12% do que há cinco anos, e
estão disponíveis 1,4 milhões de urnas eletrónicas.
Com 11 milhões de
pessoas envolvidas no processo eleitoral, a logística para o exercício do
direito de voto é transportada para todo o país por mar, ar e terra, com
recurso, em zonas mais remotas a mulas e elefantes que percorrem as zonas mais
sinuosas.
Lusa, em Notícias
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