domingo, 6 de abril de 2014

Índia – Eleições: Indianos vão amanhã a votos com intenção de mudar rumo do país




A Índia, a maior democracia do mundo, inicia na segunda-feira as eleições gerais do país com um eleitorado a exigir mudanças depois de nos últimos anos o 'milagre indiano' ter perdido força e quando a população espera mais dos seus líderes.

As sondagens dão ao hindu Narendra Modi, principal candidato do partido da oposição, o Bharatiya Janata Party (BJP), o favoritismo para dirigir o destino dos 1.210 milhões de indianos para que o país recupere o dinamismo que o converteu em país emergente.

Longe da euforia vivida na primeira década deste século, o gigante asiático atravessa um período de algum pessimismo com a desaceleração do crescimento económico, a ausência de postos de trabalho, escândalos de corrupção e uma aparente falta de liderança no topo da hierarquia governamental.

Cidadãos e analistas apontam a culpa dos problemas ao Partido do Congresso e à dinastia Nehru-Gandhi que depois de dez anos no poder chega agora às eleições muito desgastada.

O chefe da campanha do Partido do Congresso, Rahul Gandhi, não irá, pelo menos agora, seguir a tradição familiar do bisavô, avó e pai, que exerceram cargos de primeiros-ministros no país asiático.

Aos 43 anos, o delfim da dinastia que governou a Índia na maior parte do tempo da sua história após a independência em 1947 não convence os eleitores devido a uma imagem de inexperiência, mensagem confusa e falta de carisma.

À frente do dinástico Rahul surge Modi, de 63 anos, que tem origens familiares humildes, trabalhou com vendedor quando criança e transmite uma mensagem forte e de liderança, tem experiência e consegue chegar às 'massas'.

O seu trabalho na liderança do estado de Gujarat nos últimos 12 anos permitiram-lhe conquistar reputação de bom gestor, forte caracter e apoiante da economia de mercado, o que lhe valeu apoios oriundos das grandes fortunas e dos empresários do país.

A aposta de Narendra Modi é o desenvolvimento económico, um slogan que 'assenta bem' num país que no passado recente crescia a uma média de 8% ao ano e que no último exercício fiscal não foi além dos 5%, o menos ritmo de crescimento da última década.

Apesar de diferentes investigações judiciais o terem absolvido, Narendra Modi tem, contudo, um problema com as minorias étnicas que temem um líder que surgiu associado à aceitação da matança de um milhar de muçulmanos mortos por radicais hindus em 2002 em Gurajat, o seu estado.

Entre Rahul e Modi está ainda Arvind Kejriwal, que lidera o partido do Homem Comum, que obteve surpreendentes resultados na sua estreia eleitoral em dezembro, aquando das municipais em Nova Deli, cidade que governou durante 49 dias, afastando do poder, de forma 'humilhante', os homens do Partido do Congresso que lideravam a cidade há 15 anos.

Nas eleições de 2014, 100 milhões de novos eleitores chegam às urnas numa votação que pode acolher 814 milhões de votos.

A maratona eleitoral prolonga-se por 36 dias, até 12 de maio, sendo que os resultados deverão ser conhecidos a 16 de maio.

Por todo o país estão preparados 930.000 colégios eleitorais, mais 12% do que há cinco anos, e estão disponíveis 1,4 milhões de urnas eletrónicas.

Com 11 milhões de pessoas envolvidas no processo eleitoral, a logística para o exercício do direito de voto é transportada para todo o país por mar, ar e terra, com recurso, em zonas mais remotas a mulas e elefantes que percorrem as zonas mais sinuosas.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana