A
Economist Intelligence Unit (EIU) considera que o Governo de Angola está a
reagir às críticas da população aumentando o recurso à violência e alerta que a
situação económica é pior do que dizem as autoridades.
"A
principal segurança do Governo contra a insurreição é a fadiga geral e a
violência", escrevem os analistas da unidade de análise económica da
revista britânica, numa nota enviada aos investidores, e a que a Lusa teve
acesso, na qual se afirma que "desde a queda do preço do petróleo, o
Governo tem aumentado a repressão".
No
texto, intitulado "A música parou", os analistas lembram o caso do
jornalista e ativista Rafael Marques, "o mais proeminente crítico interno,
e que enfrenta acusações de difamação" e o do ataque aos membros de uma
"seita religiosa obscura, que fez dezenas de mortos quando as autoridades
tentavam capturar o líder, embora a oposição diga que morreram mais de mil
pessoas".
A
resposta do Governo liderado por José Eduardo dos Santos à desaceleração da
economia, diz a EIU, foi o lançamento da "maior campanha de propaganda
desde os tempos coloniais, com a colocação de incontáveis cartazes que celebram
o que resta do milagre económico".
Este
"milagre económico", acrescentam, foi bem visível nos últimos anos,
com Angola a subir nos níveis de desenvolvimento económico, principalmente no
Produto Interno Bruto, mascarando as "enormes desigualdades entre a elite
que vive à beira do mar, em Luanda, e o resto da população do país, que tem a
mais alta taxa de mortalidade infantil do mundo".
Na
análise, os peritos da EIU afirmam que "o impacto da descida do preço do
petróleo durante o último ano tem sido devastador, mas fio inicialmente
disfarçado pela obscuridade de Angola, onde obter um visto pode demorar meses,
mas o prejuízo está agora a revelar-se".
Entre
os vários exemplos dos impactos da descida do preço do petróleo, a maior fonte
de receitas e exportações do país, a EIU salienta que "o Governo deixou de
pagar as suas contas depois de cortar 15 mil milhões de dólares às despesas, o
equivalente a todo o orçamento para infraestruturas", e acrescenta,
citando um diplomata africano não identificado, que o país "está a bater a
todas as portas, desde o Banco Mundial ao Goldman Sachs", esperando
angariar um total que ronda os 25 mil milhões de dólares.
Os
exemplos continuam: "os projetos rodoviários estão suspensos, colocando em
perigo os esforços para diversificar a economia; as empresas de construção
estão a despedir trabalhadores a um ritmo sem precedentes, os fornecedores de
equipamento pesado dizem que as encomendas caíram dois terços, as embaixadas
estrangeiras reportam uma queda dramática nas importações, e as empresas
públicas receberam instruções para cortar os custos em 30% e os investimentos
para metade".
Angola
é o segundo maior produtor de petróleo da África subsariana, tendo recebido 76%
das suas receitas fiscais em 2013 deste setor, que é responsável por mais de
95% das exportações do país.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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