O
ministro do Petróleo de Angola considera que a reunião de OPEP, sexta-feira em
Viena, teve um resultado satisfatório, apesar de dever ter como efeito a
manutenção dos preços abaixo dos desejados por Angola.
"Angola
está satisfeita com a decisão da Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (OPEP)", que na sexta-feira decidiu manter o nível de produção do
grupo em 30 milhões de barris por dia, prolongando, na prática, o período de
preços 40% abaixo dos registados no verão do ano passado, e mantendo os
produtores mais dependentes do petróleo em dificuldades financeiras.
"A
decisão foi amigável, a única proposta na reunião da OPEP foi a de manter o
teto atual", disse o ministro, citado pela agência financeira Bloomberg,
que dá conta também de que José Maria Botelho de Vasconcelos considerou que
ainda existe excesso de oferta no mercado de crude.
As
declarações do titular da pasta do Petróleo, que na semana passada afirmou que
Angola pode chegar aos 2 milhões de barris já no próximo ano, seguem-se à
argumentação de que é "extremamente importante para Angola" que o
preço do petróleo suba para mais de 80 dólares por barril, cerca do dobro do
previsto no Orçamento retificativo do país, aprovado no princípio deste ano.
A
intenção do ministro pode, no entanto, esbarrar naquilo que os analistas
internacionais estão a chamar de guerra económica entre a Arábia Saudita, o
maior produtor do Médio Oriente, e o Irão, pelo controlo político da região.
"Confrontado
com a determinação teimosa da Arábia Saudita em manter a produção da OPEP, o
ministro do Petróleo do Irão, Bijan Zanganeh, subiu a parada neste jogo de
'duplo bluff' entre as duas forças políticas dominantes no Médio Oriente",
escreveu o jornal londrino The Telegraph.
As
declarações das autoridades iranianas de que poderão aumentar a produção em um
milhão de barris pouco tempo depois do fim das sanções económicas relacionadas
com o programa nuclear "são, na prática, um tiro de partida para uma
corrida entre os mais poderosos produtores da OPEP, como o Irão, a Arábia
Saudita e o Iraque para ganharem uma quota de mercado maior no mercado, e é uma
corrida que vai mesmo acontecer, independentemente do caos que vai causar
dentro dos produtores menores do grupo, que enfrentam o descalabro
económico", acrescenta o jornal britânico.
Angola
é o quinto produtor mais pequeno deste grupo de doze países que no primeiro
trimestre deste ano produziu cerca de 30,3 milhões de barris por dia.
O
segundo maior produtor da África subsariana bombou 1,7 milhões de barris por
dia, mais do que a Argélia, Equador, Líbia e Qatar, mas muito menos que os 9,7
milhões da Arábia Saudita, o líder do grupo que é seguido de longe pelo Iraque
(3,5 milhões de barris por dia), e Emiratos Árabes Unidos e Irão, com cerca de
2,8 milhões.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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