terça-feira, 24 de abril de 2012

ANGOLANOS DEVEM REFORÇAR EM BREVE POSIÇÃO NO BPI



CPS – Agência Financeira

Analistas acreditam que depois do reforço do espanhol La Caixa mais devem vir a caminho

A «holding» angolana Santoro deve aproveitar um eventual aumento de capital do BPI para reforçar a sua participação no banco, consideraram analistas ouvidos pela Lusa, depois dos espanhóis do La Caixa já terem 49 por cento da instituição.

O banco catalão La Caixa anunciou, na sexta-feira à noite, que adquiriu uma participação de 18,87 por cento do BPI ao brasileiro Banco Itaú por 93,4 milhões de euros, passando a deter 48,97 por cento do seu capital social.

Segundo um analista, esta alteração na estrutura acionista pode levar o BPI a conjugar o recurso à linha de recapitalização pública com um aumento de capital subscrito por acionistas privados para conseguir os cerca de 1.500 milhões de euros de que necessita para cumprir o rácio de capital «core tier 1» (medida mais eficaz de avaliar a solvabilidade de um banco) de 9 por cento até junho, de acordo com os critérios exigentes da Autoridade Bancária Europeia, que incluem a exposição à dívida soberana.

«Começo a aderir à hipótese de que cerca de 500 milhões de euros sejam conseguidos com recurso a acionistas privados num aumento de capital e aí admito que a Santoro venha a reforçar a sua posição para que não haja tanta discrepância face à participação do La Caixa», disse à Lusa o analista de banca que preferiu não ser identificado.

Também Rui Bárbara, gestor de ativos do Banco Carregosa, antecipa que, num aumento de capital do BPI, os angolanos «reforcem nessa altura» a sua posição.

Após a compra dos 18,87 por cento nas mãos do brasileiro Itaú, o La Caixa tem agora 48,97 por cento do capital social do BPI, continuando a «holding» financeira Santoro, de Isabel dos Santos, com 10 por cento e o grupo alemão Allianz com 8,8 por cento.

A notícia desta operação, na sexta-feira, após a apresentação de resultados do BPI do primeiro trimestre, apanhou de «surpresa» os mercados, embora o banco brasileiro já tivesse manifestado a intenção de sair do BPI há algun tempo, no âmbito de uma estratégia que centra as suas operações no continente Americano.

Para o analista contactado, que preferiu o anonimato, esta é uma «solução boa para toda a gente» com o BPI a manter o equilíbrio acionista que o caracteriza desde a sua fundação e o La Caixa a reforçar uma posição, que já tem há 16 anos, sem «correr o risco de ter de lidar com a entrada de outro acionista ou com o reforço de um atual».

Assim, acrescentou, uma oferta pública de aquisição (OPA) do La Caixa não deverá fazer parte dos planos do banco espanhol. «Não é útil hostilizar o acionista angolano quando no primeiro trimestre, dos 39,3 milhões de euros de lucro do BPI, cerca de metade vieram das operações em Angola», disse.

O La Caixa comprou os 18,87 por cento do Itaú no BPI por 93,4 milhões de euros, ou seja, 0,50 euros por ação, um valor considerado baixo pelos analistas, uma vez que esta operação deu ao La Caixa o domínio do banco liderado por Fernando Ulrich. Além disso, recordou o analista contactado pela Lusa, o Itaú vendeu sexta-feira, por cerca de 90 milhões de euros, uma participação que, em 2007, aquando da OPA do BCP ao BPI, poderia ter valido então 600 milhões.

A compra da participação do Itaú no BPI pelo La Caixa está ainda condicionada à declaração de não oposição do Banco de Portugal. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), por seu lado, considerou que, apesar de o banco espanhol ter agora mais de um terço do capital do BPI, não é necessário o lançamento de uma OPA, porque este não tem o seu domínio, uma vez que os direitos de voto estão limitados a 20 por cento pelos estatutos do banco.

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