sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Portugal: CONGRESSO DO PCP - JERÓNIMO DE SOUSA POR MAIS QUATRO ANOS

 


Luís Claro – Jornal i – foto Miguel A. Lopes, Lusa
 
Comunistas acusam CDS de ter “proposta coincidente com a extrema-direita” e criticam “colagem” dos bloquistas à agenda do PS
 
Com a convicção de que está em marcha uma alternativa ao governo de direita “fruto da luta de massas”, o XIX Congresso do PCP arranca hoje em Almada com uma intervenção de Jerónimo de Sousa, que, apesar das especulações sobre uma mudança na liderança, irá continuar mais quatro anos à frente dos comunistas.
 
A expectativa é que Jerónimo, que terá quase 70 anos na altura do próximo congresso, cumpra 12 à frente dos comunistas, o mesmo período que Carlos Carvalhas, que liderou o PCP entre 1992 e 2004.
 
As mudanças são no Comité Central (CC), que vai ficar mais pequeno e do qual vão sair 30 dirigentes. Domingos Abrantes, uma das figuras mais influentes no partido nos tempos de Cunhal, e a ex-deputada Odete Santos estão entre os membros que abandonam o CC.
 
Entre as novas caras do órgão máximo entre congressos, no total são 24, estão o deputado João Oliveira, que se tem destacado na Assembleia da República, e os eurodeputados João Ferreira e Inês Zuber.
 
Os comunistas partem para o congresso com a aposta numa “política alternativa, patriótica e de esquerda”, mas na proposta de Resolução Política do XIX Congresso não poupam nenhum dos seus adversários políticos. À direita, o CDS é acusado de ter “um percurso de posicionamento e proposta coincidente em muitas matérias com a extrema-direita” e de ser a força política mais “identificada com os sectores mais retrógrados e anticomunistas da sociedade portuguesa”. Sobre o PSD, os comunistas dizem que tem reforçado “a sua política neoliberal, agressiva, demagógica e reaccionária, de génese anticomunista” e com “elementos de intervenção de manifesto autoritarismo, por vezes perigosamente antidemocrático”.
 
À esquerda, o BE também não é poupado pelos comunistas. O partido liderado por João Semedo, que já pertenceu ao PCP e saiu nos tempos de Carlos Carvalhas, e Catarina Martins é acusado de ter “uma intervenção sectária e de uma inaceitável arrogância e indisfarçável disputa com o PCP”.
 
Nas teses, o PCP não esquece a derrota dos bloquistas nas últimas legislativas, em que o BE perdeu metade dos deputados, e diz tratar-se de “uma penalização por um percurso incoerente, determinado pelo seu carácter social- -democratizante, marcado por um assumido federalismo e por uma aproximação ao PS e uma colagem à sua agenda”. A prova, acrescentam os comunistas, foi o apoio dado pelo BE à candidatura de Manuel Alegre à presidência da República nas últimas eleições. Por último, o PCP acusa os socialistas de serem um partido com “uma política de direita”, mas que anda “mascarado com um discurso de esquerda”.
 
PRESIDENCIAIS
 
O PCP quer reforçar a votação em todos os próximos actos eleitorais e sugere que vai apresentar um candidato próprio nas eleições presidenciais. “É objectivo dos comunistas assegurar uma intervenção própria sobre o modo como o PCP defende o exercício das funções presidenciais.”
 
Actualmente, o mais antigo partido português tem cerca de 60 mil militantes e aumentou o número de filiados desde o último congresso. Ao todo, são mais 1556 militantes do que há quatro anos.
 

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