segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

OPOSIÇÃO CABO-VERDIANA ACUSA GOVERNO DO PAICV DE MÁ POLÍTICA AGRÍCOLA




JSD – VM - Lusa

Cidade da Praia, 25 fev (Lusa) - O PAICV considerou hoje que, apesar dos desafios, a agricultura em Cabo Verde conheceu "ganhos significativos" nos últimos anos, elogios contrariados pela oposição, que acusou o Governo de "má política"e que o setor continua "pouco produtivo".

As divergências entre o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV, no poder desde 2001 e maioritário na Assembleia Nacional) e o Movimento para a Democracia (MpD, oposição), ficaram expressas no início da sessão parlamentar de fevereiro, hoje iniciado na Assembleia Nacional.

A sessão, segundo a Inforpress, começou com o debate sobre o desenvolvimento do setor agrícola e os desafios do desenvolvimento do país, tendo o líder parlamentar do PAICV, José Manuel Andrade, defendido que os investimentos feito pelo Governo na última década permitiram "ganhos de produção e produtividade".

"Apesar da seca que sempre ensombrou a agricultura em Cabo Verde na última década, o setor agrícola revolucionou-se, devido, sobretudo, à introdução de novas modalidades de mobilização de água, através de construções de barragens, diques e reservatórios e expansão da técnica de irrigação gota a gota", apontou o deputado.

Falando da mobilização de água, José Manuel Andrade realçou que, além da barragem de Poilão, estão atualmente em construção outras seis e ainda dezenas de diques e intervenções nas bacias hidrográficas, levando ao aumento da produção.

Em resposta, o líder do grupo parlamentar do MpD, Fernando Elísio Freire, acusou o PAICV de ter agendado o debate com o objetivo de desviar a atenção dos cabo-verdianos das "grandes dificuldades e das incertezas" atuais.

Elísio Freire reconheceu que hoje há mais água no arquipélago e apontou o caso de sucesso da construção da barragem de Poilão (em 2006), salientando, porém, que a disponibilidade de água não foi acompanhada por uma política "adequada" de gestão.

Acusando o Governo de ter "falhado" na criação de melhores condições de fluidez do mercado de produtos, o deputado do MpD criticou também a inexistência de fatores da competitividade e de não haver uma defesa da qualidade da produção.

"Hoje há mais água para a agricultura, o que propicia o aumento da produção, mas não existe uma política adequada de gestão de água. O mercado está fragmentado e distante, a investigação e a extensão rural foram praticamente destruídas, o crédito é caro e inacessível, a formação é deficitária, a proteção fitossanitária é um desastre e o controle de qualidade e fiscalização é pouco eficaz", sintetizou.

O líder da bancada do MpD salientou que estas condicionantes têm provocado uma diminuição no rendimento dos agricultores, o aumento do desemprego, a perda de poder de compra das famílias e a degradação do nível de vida no meio rural.

O debate prolonga-se pela tarde de hoje e será seguido por uma interpelação ao Governo sobre a alteração do Regime de Pensão Social, para que depois se possam analisar as propostas de lei que criam o Conselho das Comunidades e que estabelecem os princípios gerais de saúde mental e regulam o internamento compulsivo dos portadores de anomalia psíquica.

Os dois maiores partidos cabo-verdianos vão ainda aprovar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a construção de infraestruturas no país.

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