FP – VM - Lusa
Bissau, 25 fev
(Lusa) ? O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau,
Ibraima Sory Djaló, avisou hoje que é impossível governar o país sem programa
de Governo e sem orçamento e recusou qualquer responsabilidade do Parlamento.
Falando na
Assembleia Nacional Popular, o responsável teceu críticas ao Governo mas também
aos pequenos partidos, considerando que muitos deles nem existiam e que
apareceram de novo após o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado.
"Há partidos
que foram fundados e que nunca fizeram um congresso. Partidos que já não
existiam. O golpe de Estado não pode ser lugar de ressurreição de partidos
mortos", disse Ibraima Sory Djaló.
O presidente do
parlamento referia-se implicitamente à criação de uma Comissão Multipartidária
e Social de Transição, uma proposta de pequenos partidos e que serviria para
regular o período de transição na Guiné-Bissau. A ser criada, essa Comissão
poderá esvaziar os poderes da ANP.
Além de crítico em
relação a essa iniciativa, o presidente da ANP deixou ainda críticas ao
executivo e ao facto de até agora não haver um programa de Governo e um
orçamento, algo que a ANP pediu ao executivo de transição ainda no ano passado,
disse.
"Mandei dizer
ao governo para trazer o programa e o orçamento. A ANP não quer saber, nem está
interessada em saber, o que é que os partidos estão a fazer, é assunto deles. O
que dissemos foi para trazerem o programa e o orçamento, para que de facto a
ANP possa fiscalizar o Governo", disse Sory Djaló.
De acordo com o
político, respondeu ao pedido da ANP o ministro da Presidência do Conselho de
Ministros, Fernando Vaz, "a dizer que não podia mandar o programa e o
orçamento porque ainda não havia consenso com os partidos políticos".
"Eles (o
Governo) não vão trazer nada se não forem obrigados, porque estão a governar
com despesas não tituladas que já vão em 15 mil milhões de francos (23 milhões
de euros)", alertou.
Sory Djaló avisou
que o Governo já não tem dinheiro para pagar salários em fevereiro e se o fizer
é porque se endivida ainda mais, e disse aos deputados que a ANP tem o dever de
fazer um debate exaustivo sobre a matéria e produzir um documento a entregar à
Presidência da República, às chefias militares e ao Ministério Público a
alertar para o facto de o país ser governado sem programa e sem orçamento.
O presidente disse
que inclusivamente já perguntou ao primeiro-ministro de transição sobre como é
possível governar sem programa e sem orçamento, com dinheiro a ser gasto sem
que ele possa controlar e sem que a ANP possa também controlar.
Sory Djaló disse
que é preciso que a ANP vote uma moção e entregue aos outros órgãos do Estado
porque não quer assumir qualquer responsabilidade no caso.
Ibraima Sory Djaló
afirmou que os que não querem a ANP é porque querem "ficar a comer o
dinheiro"? e criticou "os que estão encostados no golpe (de
Estado)".
"Os militares
fizeram o golpe para estragar esta terra? Foi para isso que o fizeram? Não
vamos aceitar isso nunca", garantiu.
Sem comentários:
Enviar um comentário