Díli,
30 jul (Lusa) - O antigo primeiro-ministro timorense Mari Alkatiri afirmou hoje
que o maior desafio para implementar uma Economia Social de Mercado em Oecussi
é a mudança de mentalidades, que passa por investir um "capital de
risco" na educação.
"O
primeiro grande desafio é a transformação de mentalidades prevalecentes na
nossa sociedade através da educação e do trabalho", afirmou Mari Alkatiri,
no discurso proferido durante a tomada de posse como presidente da Autoridades
da Região Administrativa de Oecussi.
Mari
Alkatiri, também secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste
Independente (Fretilin, único partido na oposição no parlamento timorese), foi
nomeado na sexta-feira passada por decreto presidencial presidente daquela
região, com o objetivo de desenvolver o projeto para a criação de uma Economia
Social de Mercado no enclave timorense e na ilha de Ataúro, situada em frente a
Díli.
"Há
que ter consciência clara da necessidade de um capital de risco para ser
investido na capacitação dos homens e mulheres de modo a prepará-los para a
passagem necessária de uma situação de economia de subsistência para uma
economia de escala", salientou Mari Alkatiri.
Segundo
o secretário-geral da Fretilin, a Economia Social de Mercado que Timor-Leste
defende significa a "inclusão de todos no processo de desenvolvimento
económico e social".
"Um
processo capaz de garantir emprego a todos mas, ao mesmo tempo, também abre
caminho para a aquisição por todas as famílias de instrumentos financeiros de
participação que garantam o retorno financeiro, económico e social para todos
os cidadãos", afirmou.
Mari
Alkatiri destacou também que o projeto visa uma maior "redistribuição da
riqueza através de uma maior inclusão social e económica capaz de ampliar o
mercado de modo a garantir maior rentabilidade do investimento".
O
Presidente timorense, Taur Matan Ruak, afirmou que o projeto é importante para avançar
para o desenvolvimento económico e social e que a população "espera
resultados" de um projeto onde o Estado vai investir milhões.
"Este
projeto tem de apostar na formação. Só um forte investimento nos recursos
humanos poderá criar desenvolvimento", alertou o chefe de Estado
timorense.
Participaram
na cerimónia, que decorreu no Palácio da Presidência, o primeiro-ministro
timorense, Xanana Gusmão, membros do governo, deputados, corpo diplomático.
A
Zona Especial de Economia Social de Mercado, a desenvolver em Oecussi e Ataúro,
pretende incentivar o desenvolvimento regional integrado através da criação de
zonas estratégicas nacionais atrativas para investidores nacionais e
estrangeiros.
O
objetivo é retirar a Oecussi o estatuto de enclave e conferir-lhe o estatuto de
polo de desenvolvimento nacional, sub-regional e regional, ficando Ataúro, no
âmbito deste polo, direcionado para o turismo integrado.
No
âmbito da criação daquela região, o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão,
e Mari Alkatiri realizaram em abril uma visita de trabalho a Oecussi para
encontros com as autoridades tradicionais, religiosas e distritais para
explicar o projeto, que inclui a construção de infraestruturas, nomeadamente um
aeroporto, estradas e pontes.
MSE
// FV - Lusa
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