domingo, 14 de outubro de 2012

O CONGRESSO DOS EUA: AS OUTRAS ELEIÇÕES

 

Prensa Latina
 
Havana (Prensa Latina) As eleições gerais de 6 de novembro nos Estados Unidos incluem eleições para o Congresso e os candidatos de ambos partidos enfrentam uma luta fechada pelos assentos parlamentares.

Tanto as campanhas para o Senado como para a Câmara de Representantes estão muito unidas à marcha da carreira pela Casa Branca entre o presidente democrata, Barack Obama, e seu adversário conservador, o republicano Mitt Romney.

Os vaivens, dificuldades e desafios que nos últimos meses têm enfrentado ambos aspirantes têm um impacto considerável no desempenho dos que pretendem chegar ao Congresso federal.

No Senado, os dois principais agrupamentos políticos disputarão 33 postos, enquanto a Câmara de Representantes põe em jogo suas 435 cadeiras.

Os deputados eleitos na contenda que vem conformarão o 113 Congresso federal, que estreará em janeiro de 2013.

A batalha pelo Senado adquire particular relevância porque os republicanos querem recuperar ali a supremacia numérica, onde agora os democratas possuem uma maioria dos assentos, com 53 a 47.

O partido azul nestas eleições tem interesse em ao menos 23 assentos do dito corpo legislativo, quase o dobro dos que defendem os republicanos.

Segundo o jornal The Washington Post, a poucas semanas do sufrágio invernal os candidatos democratas para o Senado atingem vantagens estáveis em intenções de votos sobre seus oponentes republicanos.

Isto ocorre na Virginia, Massachusetts, Wisconsin, Ohio, Arizona e Flórida, todos estados divididos politicamente e com um importante peso eleitoral.

Se Obama ganhar a reeleição, consegue uma vantagem superior no Senado e também a redução da maioria republicana na Câmara de Representantes, então terá mais espaço para levar adiante seus projetos de leis, tradicionalmente boicotados pela bancada opositora.

Para alguns observadores e analistas, existe entre 50 e 70 por cento de possibilidades de que o chamado partido do burro mantenha seu superioridade numérica nesse corpo legislativo em relação à formação do elefante.

Algumas carreiras dependerão de acontecimentos locais ou nacionais de último momento e do impulso que tenham os dois aspirantes ao Escritório Oval.

Um caso típico dos vaivens nas contendas parlamentares está no estado de Missouri, onde o atual representante à Câmara e aspirante ao Senado, Todd Akin, parecia ser o favorito diante da senadora democrata Claire McCaskill. Mas Akin fez nefastas declarações de que as violações "legítimas" contra as mulheres não provocavam gravidezes, o que suscitou um escândalo e mudou a corrente a favor de McCaskill.

As pesquisas mostram tendências positivas para os democratas desde agosto passado, ao que parece devido às palavras de Akin e a que Romney selecionou como parceiro de fórmula ao congressista de Wisconsin, Paul Ryan, uma figura até então pouco conhecida na esfera política.

Ambos fatos reforçaram a imagem dos republicanos como muito conservadores em temas sociais.

Outro elemento que revolveu as águas da disputa pelo Senado foi a revelação de declarações de Romney na Flórida, onde asseverou que 47 por cento dos estadunidenses votarão por Obama porque dependem do Governo.

Segundo analistas, este apontamento aproximou os democratas de manter o controle do dito órgão.

O partido vermelho domina 241 dos 435 assentos da Câmara de Representantes e por lei este se renova de forma total em novembro, ainda que de fato só 60 deles se considerem dentro da concorrência.

Os democratas esperam atingir as 25 vagas necessárias para tomar o controle desse corpo legislativo ou ao menos lutar para reduzir a vantagem que agora têm os republicanos, que esperam manter ali sua supremacia.

Mas o representante democrata por Nova York e presidente do Comitê da Campanha desse partido no Congresso, Steve Israel, manifestou cautela sobre o assunto e considerou que "resulta altamente improvável" que seus correligionários atinjam os assentos desejados.

O mais factível para o partido de Obama é reduzir a vantagem dos republicanos ainda que não chegue a ser majoritário nesse corpo legislativo, comentou o jornal The Hill, ao se referir ao alto nível de influência da votação presidencial na carreira pelo órgão parlamentar.

O mandatário e Romney têm concentrado seus esforços de campanha nos estados pendulares, mas existem outras demarcações também vitais com vistas ao controle da Câmara onde é frouxa a campanha para a presidência porque se consideram bastiões de um ou outro partido.

De acordo com uma pesquisa recente do jornal texano The Houston Chronicle, os chamados "estados órfãos" poderiam ser decisivos para que os democratas atinjam as vagas necessárias a fim de dominar a câmara baixa federal.

Ambos partidos estão concentrados em 18 carreiras legislativas para a Câmara de Representantes, em comarcas onde há escassa concorrência para as presidenciais.

Por outra parte, o papel dos latinos terá um peso decisivo nestas eleições parlamentares, em momentos em que o presidente Obama desfruta do apoio de quase 70 por cento desse setor, a maior minoria étnica do país.

Um grupo significativo no Congresso, o chamado Caucus Hispânico, propõe-se ganhar até 10 assentos e, consegui-lo, impulsionaria a meta do partido azul por recuperar a proeminência na Câmara de Representantes, segundo o jornal The Hill. Os republicanos nesse corpo parlamentar têm uma dúzia de candidatos latinos que aspiram a postos neste ciclo eleitoral, mas a maioria deles enfrentam atuais congressistas democratas que são favoritos para ganhar a reeleição.

Na corrida pelo controle do Congresso, como sucede com a batalha pela Casa Branca, ainda não se disse a última palavra.

Os meios de imprensa locais e nacionais nos Estados Unidos reproduzem diariamente questionários que predizem mudanças pouco perceptíveis nas proporções quantitativas de ambos partidos no Capitólio.

O resultado da contenda legislativa é importantíssima para os grupos de pressão e as grandes corporações norte-americanas, porque ali se decide uma boa parte do destino de seus negócios e aspirações.

Um questionário recente revelou que 60 por cento de empresários e magnatas financeiros considera que a lide pelo domínio do Capitólio influi mais que a contenda presidencial em seus planos a médio e longo prazo.

Por tal motivo, estes setores poderosos movem-se de forma decisiva, às vezes quase imperceptível, através de grupos de ação política mais visíveis a nível local e nacional para contribuir com seu dinheiro e recursos a colocar no legislativo aos que melhor sirvam a seus negócios e aspirações de poder.

*Jornalista da Redação Norte da Prensa Latina.
 

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