Sol - Lusa
A onda de
manifestações registada em Portugal chegou à ModaLisboa, onde o designer
português Nuno Gama aproveitou a 'passerelle' para protestar acerca da situação
vivida no país, homenageado na colecção que hoje apresentou no Pátio da Galé.
A apresentação de
Nuno Gama terminou com os manequins a desfilarem com um autocolante colado na
boca, no qual estava desenhado uma cara triste, e com t-shirts em que se podia
ler a frase «eu quero ser feliz», o que arrancou muitos aplausos da plateia.
«Acho que nunca fui
tão radical na minha vida como fui hoje», afirmou hoje Nuno Gama aos
jornalistas no Pátio da Galé, no final do desfile, salientando que é «o mais
pacífico que se possa imaginar».
Questionado sobre
se esta seria a sua maneira de protestar, de se manifestar, Nuno Gama respondeu
«sim» e repetiu a palavra, acrescentando: «Mas também tentar, através da minha
voz chegar às pessoas de alguma forma, mas com uma coisa positiva. Sermos
pró-activos, lutarmos pela nossa felicidade».
O designer de moda
chegou «ao ponto de usar o discurso de Dantas e de pôr os manequins de boca
tapada, com aquelas t-shirts», por ter «perdido a paciência».
«Estamos todos na
expectativa de que mais notícias é que vamos receber do ministro das Finanças e
do primeiro-ministro. Eu já não tenho paciência, já não acredito em nenhum
deles, lamento dizê-lo, mas todos nós devíamos dizer-lhes isto, porque eles
ainda não perceberam que já deixámos de acreditar», disse.
Nuno Gama salientou
que já ultrapassou os seus limites. «De cada vez que pago uma factura, um
quarto é para o Estado. Isto é uma violência para todos nós. É complicado e têm
que ser encontradas outras soluções, a solução não pode ser esta», defendeu.
Para Nuno Gama, a
solução passa por os portugueses acreditarem neles próprios e agirem de forma
pró-activa. «Temos de fazer um mega-esforço, vamos lá, mas por nós e não por
tecnocratas que não sabem o que andam a fazer, e a prova está à vista: andam há
anos a arrastar-nos nesta situação. Chega!», afirmou.
Por isso, esta
colecção é também «uma homenagem a Lisboa» e «muito virada para o Turismo».
Os manequins
envergaram t-shirts em que estavam estampadas frases como 'Lisboa não sejas
francesa' ou 'Keep calm and come to Lisboa' (‘Mantém a calma e vem a Lisboa’) e
imagens de Amália Rodrigues e de corvos, o símbolo da cidade.
«Gostava que as
pessoas percebessem que temos um país maravilhoso e único. Temos imensa coisa
fantástica, todas estas coisas que faz sentido embalar bem e de uma forma
tradicional», disse.
Uma das maneiras de
Nuno Gama reagir à crise, «que é uma realidade» e de que «ninguém pode fugir»,
foi marcar presença na ModaLisboa.
O designer de moda
admitiu que esta foi uma colecção «feita em crise, na crise», mas «contra a
crise».
«Eu, se baixasse os
braços, não tinha vindo à Modalisboa. Tenho que reagir, de uma forma pró-activa
e isso é fazer uma colecção fantástica, de que os meus clientes gostem e que
lhes dê também energia para enfrentarem a crise».
A 39.ª edição da
ModaLisboa, onde são apresentadas as colecções para a primavera de 2013,
termina hoje.
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