sexta-feira, 12 de abril de 2013

Guiné-Bissau: EUA JUSTOS, ARMAS À SOLTA - ONU, UA, CABO VERDE E BRASIL DEBATEM




Forças Armadas guineenses acreditam na justiça dos EUA no caso Bubo Na Tchuto

11 de Abril de 2013, 17:21

Bissau, 11 abr (Lusa) - O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas da Guiné-Bissau afirmou hoje acreditar na justiça norte-americana para um tratamento justo no processo do ex-chefe da Armada Bubo Na Tchuto, suspeito de tráfico de droga.

Falando à Agência Lusa no âmbito do balanço de um ano após o golpe de Estado que destituiu as autoridades eleitas, Daba Na Walna aproveitou para comentar que tudo o que se sabe até agora sobre a captura de Bubo Na Tchuto pelas autoridades norte-americanas é através da imprensa.

"Acredito na justiça norte-americana. Se há país no mundo em que a justiça funciona com imparcialidade são os Estados Unidos e, como disse o governo, Bubo Na Tchuto terá um tratamento como qualquer um, terá o seu advogado para lhe garantir a defesa. Vamos aguardar para ver o que vai ser", declarou Na Walna, frisando ser prematuro tecer mais comentários.

O porta-voz do Estado-Maior das Forças Armadas sublinhou que Bubo Na Tchuto já não fazia parte dos quadros desde que passou à reserva em dezembro de 2011, na sequência de uma alegada tentativa de golpe de Estado de que seria autor.

"Mas seja como for, como cidadão e como militar, não deixa de entristecer um pouco saber que o meu concidadão foi capturado por um outro país e seguramente será submetido à justiça nesse país", notou Na Walna.

O oficial militar abordou igualmente a atual situação da Guineé-Bissau, destacando ser praticamente impossível realizar eleições gerais ainda este ano por falta de agenda nacional que balize o período de transição.

Ao ser solicitada uma data exata para as eleições, Na Walna disse que prefere dizer o que o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, tem dito.

"Assumiria a posição do Presidente da República. Que não é apologista de uma transição 'ad eternum' (sem fim) mas também não é apologista de uma transição feita à pressa", disse Na Walna, atirando "as culpas" para a classe política por aquilo que diz ser a estagnação geral do país.

"Trinta e nove anos já se passaram desde a independência, vejam o que o nosso país é. Isto é uma miséria. Digo isso francamente, quando oiço políticos a dizerem que são políticos, eu pergunto, mas qual a vossa experiencia política, que não se traduz em bem-estar social do povo. O país está como está. A capital Bissau está com ruas esburacadas, isto não obstante o país ser rico em recurso minerais", disse o coronel.

Para Na Walna é "um pingue-pongue" o exercício que se faz no país sobre as eventuais responsabilidades entre os políticos e os militares sobre a situação da Guiné-Bissau.

O porta-voz do Estado-Maior citou como exemplo do ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, que considera preferir uma "política de terra queimada" em vez de privilegiar o interesse nacional.

Na Walna disse ter ficado perplexo quando ouviu Gomes Júnior a afirmar que se for eleito Presidente da República não irá respeitar os acordos assinados pelo atual governo de transição.

Quanto aos países lusófonos com os quais as autoridades de transição praticamente não falavam desde o golpe de Estado, o porta-voz do exército guineense enalteceu que "paulatinamente" as portas se estão a abrir de novo.

E disse que a Guiné-Bissau "nunca cortou as relações" com Angola, com Portugal e com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa no seu todo.

MB // APN

Forças da ordem da Guiné-Bissau apreendem quase 50 armas de fogo nas mãos de populares

12 de Abril de 2013, 14:37

Bissau, 12 abr (Lusa) - Forças da ordem da Guiné-Bissau apreenderam na última madrugada cerca de 50 armas de fogo nas mãos de populares de quatro 'tabancas' (aldeias) do interior norte do país, disse hoje o comissário-geral da Polícia de Ordem Pública.

De acordo com o general Armando Nhaga, em declarações à Agência Lusa, as operações decorreram nas 'tabancas' de Ponta Agosto Barros, Kanhop, Djolmet e Bilon, arredores da cidade de Canchungo, por serem zonas identificadas pela polícia como sendo locais em que ocorrem regularmente assaltos à mão armada.

Mais de 500 homens, entre polícias, elementos da Guarda Nacional e militares do batalhão do Estado-Maior General das Forças Armadas tomaram parte nas operações, que resultaram na captura de 47 armas de fogo (algumas de uso estritamente militar), fardamento e outros equipamentos do exército.

"São objetos que são utilizados em assaltos à mão armada sobretudo nas casas de criadores de gado. Alguns criadores de gado foram abatidos pelos ladrões", disse Armando Nhaga.

O comissário da polícia diz que apesar da captura dos equipamentos e armas, não foi detido ninguém.

"Estranhamente, não conseguimos apanhar nenhuma pessoa. Houve fuga de informação e os homens dessas 'tabancas' puseram-se em fuga no dia da operação", referiu Armando Nhaga.

"Entrámos nas casas e só encontrámos mulheres, mas mesmo assim fizemos as buscas", acrescentou ainda o chefe da polícia guineense, anunciando que operações do género irão continuar sem qualquer aviso.

MB // VM

ONU, UA, Cabo Verde e Brasil concertam-se para debate sobre Guiné-Bissau

12 de Abril de 2013, 14:48

Cidade da Praia, 12 abr (Lusa) - A ONU, União Africana (UA), Cabo Verde e Brasil concertaram hoje, na Cidade da Praia, ações coordenadas para o debate sobre a Guiné-Bissau, que se realizará em maio no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque.

A ideia de concertação foi avançada hoje pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, que, no regresso de Lisboa, fez nova escala em Cabo Verde para se reunir com o representante especial do secretário-geral da ONU para a Guiné-Bissau, José Ramos Horta, e o representante da UA no país, Ovídeo Pequeno, e com homólogo cabo-verdiano, Jorge Borges.

"Atualizámos os últimos desenvolvimentos para encontrar uma coordenação. É muito importante que os atores individuais e grupos regionais também se reforcem mutuamente numa estratégia de estabilização, de volta à plena vigência democrática na Guiné-Bissau e de promoção do progresso, paz, segurança e desenvolvimento económico da Guiné-Bissau", sublinhou o chefe da diplomacia brasileira.

"Tudo tendo em conta que, dentro de um mês, mais ou menos, se realizará um debate sobre a Guiné-Bissau no Conselho de Segurança das Nações Unidas", salientou Patriota, o único dos quatro presentes na reunião de quase duas horas que falou à imprensa.

O ministro brasileiro disse estar em curso uma "sintonia" entre as quatro partes envolvidas na reunião, que decorreu na Sala VIP do aeroporto da Cidade da Praia, sobretudo no que diz respeito à assinatura de um Pacto de Regime, elaboração de um calendário eleitoral, criação de um Governo inclusivo e à realização de eleições gerais antes do fim do ano.

"Favorecemos a realização de eleições e o cumprimento de certas tarefas pelas autoridades de facto na Guiné-Bissau. Mas reitero que o importante aqui foi essa reunião de atualização e também o exame de quais seriam as próximas etapas no esforço de coordenação" entre a ONU, UE, UA e as comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Económica dos Estados da África Ocidental (CPLP), referiu.

Antonio Patriota já passara na quarta-feira por Cabo Verde, a caminho de Lisboa, tendo, na ocasião, reunido, também no aeroporto da Cidade da Praia, com Ramos-Horta, para analisar a crise político-militar na Guiné-Bissau.

Ramos-Horta e Ovídeo Pequeno, por seu lado, estão desde terça-feira na Cidade da Praia em contactos com Jorge Borges e com o Presidente e com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca e José Maria Neves, a analisar também a crise guineense.

O encontro dos dois representes especiais para a Guiné-Bissau com Patriota estava previsto para se realizar no Brasil, mas a coincidência da deslocação do ministro brasileiro a Portugal permitiu que, em duas pequenas escalas, a reunião se concretizasse na capital cabo-verdiana, de onde partem sábado de manhã para Bissau.

JSD // VM

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