Joana Azevedo Viana
– i online
Turquia interdita
espaço aéreo a todos os voos sírios. Enviado para a paz vai tentar convencer
Irão a enviar três mil tropas de paz para a Síria
O governo sírio
está a usar bombas de fragmentação produzidas na antiga União Soviética contra
algumas áreas populadas do país nos esforços para reduzir os bastiões rebeldes
que há 19 meses lutam nas ruas pela saída de Bashar al-Assad.
A informação foi
avançada ao final do dia de ontem pelo “The Guardian”, que cita descobertas
pela Human Rights Watch (HRW) ao visionar alguns dos vídeos dos ataques que têm
sido divulgados na internet. Segundo a ONG, as províncias de Idlib, Homs,
Aleppo e Latakia e os arredores de Damasco, a capital, já foram alvos destas
bombas, informação entretanto confirmada pelos relatos de testemunhas destes
ataques.
A notícia surgiu
hores dpeois de o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Turquia ter anunciado
a interdição total do seu espaço aéreo a todos os voos oriundos da Síria,
depois de um avião sírio que alegadamente transportava armamento da Rússia ter
sido interceptado.
A proibição foi
anunciada no sábado à noite e comunicada de imediato ao país vizinho, mas só
ontem foi tornada pública e, segundo o Ministério, aplica-se a voos civis uma
vez que os voos militares já não podiam passar no seu espaço aéreo.
“A proibição é imposta
pelo comportamento abusivo da Síria” em relação aos seus voos civis, através
dos quais “está a transportar equipamento militar”, disse o ministro turco dos
Negócios Estrangeiros ontem.
A tomada de posição
segue-se à intercepção de um jacto civil sírio na quarta-feira por aviões de
guerra turcos que o forçaram a aterrar em Ancara. Segundo as autoridades, foram
confiscadas “munições” que estavam a caminho do Ministério de Defesa da Síria –
acusação que Damasco desmentiu na quinta-feira.
Em reacção à proibição,
o governo sírio de Bashar al-Assad anunciou a meio da tarde (hora de Lisboa)
que também interdita, com efeito imediato, todo o seu espaço aéreo a voos civis
e militares da Turquia.
O fim-de-semana
marcou assim um aumentar das tensões entre os dois países, em tempos aliados
mas hoje inimigos, com a Turquia a temer que a guerra civil interna que a Síria
atravessa se torne num conflito regional de grandes proporções.
A hipótese parece
ser cada vez mais possível, sobretudo depois de um bombardeamento sírio ter
atingido território turco há duas semanas, matando cinco civis. Perante esse
incidente, o parlamento turco aprovou a 4 de Outubro uma moção que autoriza o
governo de Recep Tayyip Erdogan a enviar tropas para a Síria se necessário.
Este tipo de incidentes
têm, segundo fonte do MNE turco, sido quase diários há mais de um mês ao longo
dos quase 900 quilómetros de fronteira entre os dois países, o que tem levado
as forças turcas a responder com disparos.
Com a deterioração
da situação, o enviado da Liga Árabe da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi,
aterrou ontem na capital do Irão – o último grande aliado de Al-Assad na zona.
O porta-voz de Brahimi não quis comentar a alegada recomendação que será feita
já hoje a Teerão para que envie três mil tropas de paz para a Síria.
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