domingo, 11 de novembro de 2012

Angola: HONRA AO TRABALHO REALIZADO

 


Filomeno Manaças – Jornal de Angola, opinião, em A Palavra ao Diretor

Angola completa hoje 37 anos de independência sob o signo de mudanças profundas que relançaram o país para uma nova era de prosperidade.

Ao recuarmos no tempo vemos como a dura e valorosa luta de milhares de angolanos deu lugar à conquista da dignidade humana, ao emergir de uma nação que ao longo dos anos se foi transformando num espaço onde todos os seus filhos podem viver em paz e encontrar realização pessoal.

Angola pode hoje orgulhar-se de ser um país com um vasto e rico património histórico no campo da sua afirmação política como Estado independente. Hoje é um dia em que devemos honrar todos aqueles que se bateram para que o país conquistasse a independência, mas é também um dia em que devemos reflectir de forma profunda e séria sobre o passado, os caminhos que trilhamos até agora, irmanados no princípio de que a independência é inegociável.

Angola ascendeu à independência em circunstâncias político-militares muito peculiares e os angolanos sabem que o sangue e a vida de combatentes destemidos, que de corpo e alma sempre defenderam a emancipação dos povos, foram o preço pago para a conquista da liberdade. A independência de Angola não significou o fim da guerra. O colonialismo foi derrotado mas o país foi mergulhado numa guerra civil atroz com vista a torpedear o desejo dos angolanos de construir uma nova nação. Apenas 27 anos depois da proclamação da independência foi possível conquistar a paz tão ansiada, mas que interesses externos sempre adiaram que ela fosse alcançada e de modo genuíno.

Os angolanos deram exemplo de bravura e até nisso fizeram-no por si próprios.

Honrar os heróis vivos e mortos que combateram pela independência é trabalhar todos os dias para tornar mais forte a pátria angolana, é não permitir que as divisões do passado continuem a querer fazer morada entre nós e a lançar sementes de violência. Temos hoje capacidade e discernimento para, de modo mais inclusivo, projectarmos em conjunto o futuro imediato e próximo do país. As grandes nações fizeram-se com o concurso de todos os seus filhos e em Angola temos criadas as condições para figurarmos entre aquelas que deram ao mundo valiosas contribuições para o bem-estar da humanidade.

Já fizemos muito nesse capítulo quando demos o nosso apoio incondicional à emancipação dos povos da África Austral e ao jogar um papel decisivo na eliminação do apartheid na África do Sul, mas muito mais ainda podemos fazer.

A conquista da independência foi um passo, o alcance da paz o outro, na senda das grandes transformações que queremos na vida dos angolanos. No quadro dos grandes balanços que devem ser feitos sobre os 37 anos de independência do país, é óbvio que não podem deixar de ser mencionados os avanços no domínio da economia - nomeadamente as medidas tomadas e que permitiram relançá-la, manter o controlo sobre a inflação e baixar o seu nível, estabilizar a cotação da moeda -, as inovações no campo político (por via da aprovação de uma Constituição, da realização de eleições para os órgãos de soberania, do reforço do compromisso com a democracia e respeito pelos direitos humanos) e a forte intervenção do Executivo no plano social e das infra-estruturas, com a reabilitação das já existentes e construção de novas escolas, hospitais e unidades sanitárias, das vias rodoviárias e ferroviárias, e inauguração de novas indústrias e lançamento de novos projectos fabris.

Não cabem, neste espaço, todas as iniciativas até agora empreendidas e realizadas ao longo destes anos de independência no sentido de, do ponto de vista institucional, fazer de Angola um Estado forte, com uma sólida coesão social, com órgãos funcionais. A caminhada, sabemos, ainda é longa. Objectivos mais difíceis já foram alcançados. Este é um país dilacerado por 27 anos de guerra pós independência e apenas dez anos de paz. Exemplos de outras realidades devem sempre servir-nos de lição para podermos aquilatar o quão difícil é conquistar o desenvolvimento. Só com ele se constrói a independência, não basta alcançá-la através da luta armada. Além da construção de habitações, de oferecer novos serviços de saúde, precisamos agora de avançar na ciência, na tecnologia, nas pesquisas. Por isso o Estado está a investir seriamente no ensino. Todos temos o dever de valorizar a independência, de saber para onde caminhamos.

Honra seja feita ao trabalho realizado!

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