Tiago Mota Saraiva –
i online, opinião
Como resposta à
concepção marxista de luta de classes e à divisão entre exploradores e
explorados, o capitalismo inventou, entre outras coisas, aquilo que se entendeu
chamar classe média. A sensação generalizada de que poderia existir um
“elevador social” para as classes mais desfavorecidas – expressão que Paulo
Portas tantas vezes utilizou durante o período eleitoral – e que o seu
accionamento dependeria exclusivamente da acção individual de cada um, foi a
base da relativa paz social que se viveu na segunda metade do século xx.
Foi assim que em
Portugal, qualquer cidadão que terminasse o ensino superior, que fosse
empresário ou proprietário da sua casa (ainda que hipotecada), viveu na ilusão
de pertencer a uma classe média, moderadamente protegida do frio, da fome e da
doença.
A recomposição
social que o país atravessa prova que a classe média é uma ilusão.
Se é verdade que a acção sobre as classes mais desfavorecidas é cada vez mais violenta, trocando-se comida por bom comportamento a partir de um sistema de liberdade condicional que pune todos os que têm de requerer o subsídio de desemprego, o rendimento mínimo ou um tecto – numa concepção apoiada por instituições ditas sociais e em que, tal como na Grécia, pontificam esteios de extrema--direita como Isabel Jonet – a previsão da Rede Europeia Antipobreza que o Orçamento do Estado para 2013 vai deixar Portugal com mais de 3 milhões de pobres (30% da população) indica que a fome e a miséria se estão a generalizar.
Como o
multimilionário Warren E. Buffett declarou em entrevista ao “The New York
Times”: “É claro que a luta de classes existe! E é a minha classe que está a
fazer a guerra e a vencê-la.” Responder não é uma escolha, é uma necessidade.
1 comentário:
Na URSS existia uma classe média, e ela se chamava KGB.
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