Presidente do
município de Maputo diz que participação dos munícipes deixa muito a desejar
10 de Novembro de
2012, 15:12
Maputo, 10 nov
(Lusa) - O presidente do Conselho Municipal de Maputo, David Simango, defendeu
hoje que os munícipes devem contribuir para a solução dos problemas da capital
de Moçambique e que a sua participação deixa muito a desejar.
"Na cidade de
Maputo, apenas 30 a 33 por cento dos munícipes contribuem com diferentes taxas,
mas ainda estamos longe do desejável. Por exemplo, ao nível do imposto predial,
apenas 30 mil casas pagam impostos das 150 mil casas existentes. No caso do
manifesto automóvel, das 300 mil viaturas existentes só 105 mil pessoas pagaram
até ontem, sexta-feira", disse o edil de Maputo.
Simango falava por
ocaião dos 125 anos de elevação a cidade de Maputo, então com o nome de
Lourenço Marques, que se assinalam hoje.
"Hoje, começa
uma nova etapa na nossa história e um novo percurso para outros 125 anos, que
gostaríamos que fosse muito acelerado. Esta nova etapa exige trabalho árduo e
preservação da paz e que no futuro se fale da pobreza como algo que faz parte
do passado, sobretudo a pobreza urbana que é mais agressiva", disse o
autarca eleito pela Frelimo, partido no poder em Moçambique.
Várias atividades
culturais e desportivas marcam as celebrações do 125.º aniversário da cidade de
Maputo, entre as quais destacam-se uma exposição fotográfica, travessia a nado
Maputo-Ka Tembe, concertos musicais, entre outras.
LAS // NS
Extração de areia
nos rios agrava erosão e malária no centro de Moçambique?
11 de Novembro de
2012, 09:02
André Catueira, da
Agência Lusa
Chimoio, 11 nov
(Lusa) -- Com uma lata na cabeça e um bidão na mão, Lila Ernesto, 36 anos, sobe
as escadas improvisadas para descarregar a bagagem e regressar ao rio
Nhamatsane, em Chimoio, centro de Moçambique, onde extrai areia para venda.
"Nestes dias
trabalhámos mais e vendemos mais, porque as pessoas preferem comprar esta areia
do rio por ser mais grossa e enrija as obras de construção civil. Às vezes,
temos encomendas de grandes empresas", explica à Lusa Lila Ernesto, sem
pousar os recipientes no chão.
A extração de areia
do leito dos rios, para alimentar a indústria de construção civil, em franca
expansão em Chimoio, capital de Manica, tem vindo a crescer numa proporção
preocupante, situação que causa mais crateras, aumentando a erosão.
Uma carrada de
areia do leito do rio sai ao preço mínimo de 800 meticais (21,6 euros), menos
200 meticais (5,4) que a mesma carga de areia fina, que tem perdido
concorrência. Os vendedores preferem agora negociar em pequenos montes, para
ganhar mais.
A mineração de
areia, que está sob análise dos órgãos ambientais, que estudam as restrições a
serem observadas na execução dessa atividade, causa efeitos adversos ao meio,
que inclui aumento de focos de doenças, como a malária.
"Ao extrair
areia em rios sem reposição, criam-se crateras, que se vão deslocando,
alargando os leitos e provocam erosão, que depois tem as consequências que tem.
Também é um perigo porque são focos de doenças, porque ficam charcos para
reprodução de mosquitos", disse à Lusa Natércia Nhabanga, diretora provincial
de Coordenação da Acção Ambiental de Manica.
Entre os efeitos
adversos mais importantes causados por essa atividade, destaca-se o recuo das
margens dos rios, que avançam contras as residências implantadas nas suas
proximidades, o que acarreta vários custos para reassentamento das famílias.
Várias residências
ficaram destruídas devido ao avanço da erosão, provocado pelo recuo das margens
dos rios Nhamatsane, Mudzingaze e Matadouro, o que obrigou o Conselho Municipal
de Chimoio a transferir algumas famílias e a construir pontes para a travessia
de pessoas.
"Estão em
execução vários planos para responder ao problema de erosão no geral, que
inclui construção de barreiras para reduzir a pressão das águas em tempo
chuvoso. Também estamos a trabalhar para responder ao problema da extração de
areia em rios" disse à Lusa o autarca Raul Conde.
Mesmo reconhecendo
os danos ambientais devido à atividade de extração da areia nos rios, os
vendedores escondem-se por detrás da pobreza, por não terem outro meio de
sustento das famílias, que dependem do negócio para custear despesas, de
alimentação à saúde.
"Até que o rio
realmente se alargou nos últimos anos, mas pensei que fosse um problema normal.
Eu sou dependente deste negócio para alimentar minha família, dar roupa e
cadernos aos meus filhos. Até comprei bicicleta com os lucros do negócio"
disse à Lusa Nhanpoca Castigo, enquanto tira pequenos pedregulhos na areia.
Dados do inquérito
aos Orçamentos Familiares, publicado em 2010, uma pesquisa do Instituto
Nacional de Estatísticas (INE), ligado ao Ministério de Planificação e
Desenvolvimento, mostram que as políticas de luta contra a pobreza estão a
falhar em Moçambique.
Segundo as
estatísticas governamentais, a pobreza é descrita como dramático, no que se
refere a "pobreza de consumo", na província de Manica, onde segundo
as últimas estatísticas disponíveis, a miséria aumentou de 43,6 por cento em
2002/3 para 55,1 por cento em 2008-2009.
AYAC // HB
*O título nos
Compactos de Notícias são de autoria PG
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